




Grade, faixa na traseira,
molduras nos pára-lamas: detalhes estéticos para manter um picape que,
em estilo, há tempos ficou para trás dos lançamentos
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Por
quanto tempo é possível manter o sucesso de um veículo no mercado?
Quando se trata de Brasil, a resposta pode ser dada em décadas — duas no
caso do Uno e do Santana, três no do Fusca e quase cinco no da Kombi,
por exemplo. Diante desses ícones de longevidade, o picape médio da
General Motors, o S10, parece até um recém-chegado, apesar dos 10 anos
de produção nacional na mesma geração.
Das várias evoluções que o S10 recebeu desde março de 1995, quando
estreou por aqui, a última é o motor turbodiesel com
injeção eletrônica de duto único,
adotado em agosto último para atender às novas normas de emissões
poluentes para utilitários. Ao contrário da Ford e da Toyota, que
aplicaram ao Ranger e ao novo Hilux propulsores de 3,0 litros bem mais
potentes que os anteriores (163 cv), a GM optou por uma versão pouco
evoluída do MWM de 2,8 litros usado desde 2000, cuja potência cresceu
apenas de 132 para 140 cv. O aumento de torque máximo foi ainda mais
sutil: de 34 para 34,7 m.kgf às mesmas 1.800 rpm.
O resultado foi um ganho de desempenho imperceptível ao motorista. Como
antes, o motor mostra ligeira hesitação em rotações bem baixas, até 1.500
ou 1.800 rpm, até que o turbocompressor passe a "soprar" com ímpeto e
deixe o picape um tanto ágil para seu tamanho e peso (veja
simulação de desempenho e consumo). Durante todo esse processo, quem
dirigiu a versão antiga nota os menores níveis de ruído e vibração, mas
que estão longe de agradar: comparado ao Hilux, nova referência do
segmento nesse aspecto, o S10 ainda parece ter motor de trator. Se em
velocidades de viagem há razoável silêncio, no uso urbano e
especialmente em marcha-lenta o tec-tec habitual dos motores
diesel permanece bem audível. Não há como chegar sem ser notado.
E talvez seja esse o objetivo da GM com o atual S10, ao menos no que
toca ao visual. Dentro da tendência de tornar os picapes mais
imponentes, a fábrica aplicou um pacote olhem-para-mim à linha 2005, com
uma grande tomada de ar no capô (não funcional, pois o
resfriador de ar não está ali
embaixo), molduras alargadoras de pára-lamas e uma faixa com o nome
Chevrolet em toda a largura da tampa traseira. Há também uma nova grade
com frisos em cruz, que parece emprestada pela Dodge.
Como uma velha
senhora que recorre ao excesso de maquiagem para parecer mais jovem, o
picape — apesar dos adereços, que têm seus apreciadores — não consegue
esconder a idade diante de concorrentes como o Hilux, o Mitsubishi L200
Sport ou mesmo o Nissan Frontier (os dois últimos já substituídos no
mercado internacional, como o S10). Mas o envelhecimento não seria um problema se afetasse apenas a aparência. O
que incomoda é perceber que, nestes 10 anos, muito pouco foi aprimorado
pela GM em termos de ambiente interno — a não ser, claro, o requinte e
os itens de conveniência que a versão Executive oferece desde sua
introdução, em 1999.
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