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O limpador de pára-brisa é digno de nota: de um só braço, possui sistema pantográfico que altera a posição da palheta no lado esquerdo do vidro, varrendo-o quase todo -- não resta uma área sem varrer à frente do motorista, como no Uno. O retrovisor esquerdo é convexo, embora com efeito lente menor do que o ideal. Ainda, o pequeno capô fecha-se facilmente, ao contrário de outros do tipo como Zafira e Mercedes Classe A.

Outros pontos, porém, deveriam ser revistos: o painel escurece ao se acender os faróis, dificultando sua leitura ao usá-los durante o dia (um ponto adicional de ajuste, como a Chrysler usa para seus hodômetros, resolveria); a buzina é acionada pela alavanca à esquerda do volante, a que o motorista precisa se habituar; a cobertura do porta-malas, solta, produz ruídos; o controle elétrico dos vidros não inclui temporizador; e o limpador de pára-brisa não é sincronizado ao lavador.

O novo motor do Twingo é o mesmo do Clio 16V, lançado no ano passado. Moderno, com acionamento de válvulas por alavanca roletada, desenvolve ainda melhor neste carro mais leve (820 kg contra 915 kg do Clio RT hatch), trazendo agilidade no tráfego urbano. A marca declara velocidade máxima de 157 km/h e aceleração de 0 a 100 km/h em 14,2 s, índices coerentes com o que se sente ao dirigir.

As marcas de consumo divulgadas são muito boas, 14,4 km/l na cidade e 20,4 km/l na estrada. O carro não agrada, porém, no nível de ruído: com revestimento absorvente parcial sob o capô, o motor não chega a incomodar, mas barulhos de todo tipo (pneus, vento, escapamento) invadem o habitáculo em velocidades de viagem, mesmo moderadas como 110 km/h. Mais cuidado com esse aspecto o tornaria bem mais confortável.

A suspensão segue a comprovada receita McPherson/eixo de torção, mas não traz estabilizador, que ajudaria tanto na estabilidade quanto no conforto (leia abaixo). Com isso, nem o rodar é macio, nem a estabilidade infunde grande confiança, no que concorrem os estreitos pneus 145/80-13 (brasileiros, aliás). Poderiam passar a 165/70-13 sem nenhum problema, com vantagem também para os espaços de frenagem. Continua

Comentário técnico

> Ao contrário do que muitos acreditam, estabilizador não serve apenas para melhorar a estabilidade. Essa barra, que interliga os dois lados de uma suspensão, destina-se a reduzir a diferença de altura entre as molas durante uma curva, por exemplo, "amarrando-as", para que a inclinação da carroceria (rolagem) seja menor. Com esse efeito, no entanto, o fabricante pode optar por molas de menor carga -- em geral de 15% a 20% mais macias --, com benefícios ao conforto de rodagem. É o que poderia ocorrer ao Twingo se a Renault adotasse o estabilizador.

> O motor 16V é o mesmo do Clio, dotado de recursos modernos: acionamento de válvulas por alavanca roletada, comando de válvulas tubular, coletor de admissão em plástico e acelerador eletrônico. A marca declara que oferece 90% do torque a 2.700 rpm,

com o máximo chegando a 4.200 rpm.

> A Renault vem informando a potência de seus motores em dois padrões: o europeu DIN e o brasileiro ABNT. No caso deste 1,0, são 70 cv DIN ou 68 cv ABNT, sendo o segundo método o adotado pelos demais fabricantes. Assim, ainda que tardiamente, o BCWS esclarece ao leitor a potência efetiva deste motor, que será adotada daqui em diante.

> O Twingo é um raro exemplo de carro com assistência elétrica de direção: o sistema é acionado por um motor elétrico, controlado por uma central eletrônica, pelo que consume menos energia do motor do que os sistemas tradicionais de assistência (hidráulica ou eletroidráulica). Outras vantagens são a manutenção mais simples e a ausência de fluidos no sistema, colaborando com a preservação do meio-ambiente.