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Comentário técnico

Neste segmento de mercado é raro encontrar grandes avanços de tecnologia, mas os três pequenos oferecem detalhes técnicos dignos de nota:

- Fiat e Peugeot empregam subchassi na suspensão dianteira, recurso que melhora a absorção de irregularidades e vantajoso também no reparo de acidentes. A GM ainda deve esse aprimoramento, introduzido no Vectra em 1996, na linha Corsa. Vale lembrar que não é um sistema novo: o Passat o utilizou pela primeira vez no Brasil, em 1974.

- Corsa e Palio adotam suspensão traseira com eixo de torção, sistema semi-independente já bastante testado. O 206 recorre ao sistema típico francês de braço arrastado e barra de torção, totalmente independente (portanto superior) e que invade menos o espaço do porta-malas. Além disso oferece sistema autodirecional, em que as rodas traseiras esterçam em ângulo mínimo na direção da curva, o que previne saídas desse eixo (sobresterço).

- Os motores da Peugeot e da GM trabalham com curso dos pistões maior que o diâmetro dos cilindros (motor subquadrado), enquanto o da Fiat tem curso menor que o diâmetro (superquadrado). A prioridade é ao torque em baixos regimes, no primeiro caso, e à potência em alta rotação no segundo. No Corsa faltou utilizar bielas mais longas para melhorar a relação entre seu comprimento e o curso dos pistões (saiba mais), de 0,31, quando o ideal é não ultrapassar 0,3.

- Os três modelos atingem a velocidade máxima em quinta marcha, mas a do Corsa é a mais longa. Curiosidade a esse respeito é que a GM utiliza relações de diferencial 4,19:1 e 4,29:1 (diferença de 2,3%), indistintamente, na linha de produção dos modelos de 1,6 litro.

Mecânica, comportamento
e segurança

Diferentes em projeto, similares em números, os três motores ficam na casa dos 90 cv (2 cv a mais no Fiat e GM). O do Peugeot é o de geração mais moderna, enquanto os concorrentes são evolução sobre versões conhecidas há anos de 1 litro (Corsa) e 1,5 litro (Palio), e apresenta maior suavidade -- neste aspecto o Corsa deixa mais a desejar.

O 206 é o mais lento em aceleração, em função do maior peso, mas consome pouco e faz curvas muito bem

Apesar do torque mais alto (14 m.kgf ante 13 dos demais) em regime semelhante, o motor do 206 tem de lidar com um peso total mais elevado, que resulta na pior aceleração de 0 a 100 km/h (veja os números). Com isso, o Corsa é o mais ágil em baixos regimes. A Peugeot divulga, porém, velocidade máxima bem superior aos demais, difícil de acreditar considerando potência e aerodinâmica equivalentes. Corsa e 206 emitem um discreto ronco de escapamento, bem mais agradável que o ruído de transmissão predominante no Palio.

Em relação ao consumo, ainda baseando-se nos números de fábrica, GM e Peugeot dividem o título de mais econômico na estrada e o primeiro vence na cidade, também por conta do maior peso do segundo. O Fiat fica em posição intermediária no ciclo urbano e em desvantagem no rodoviário.

O câmbio do Palio, curto demais, penaliza consumo e ruído, mas a suspensão é bem adaptada a lombadas

O Peugeot agrada pelos ótimos engates de câmbio (apenas bons nos concorrentes), marcha a ré de engate direto, sem travas (os demais exigem uso de anel, que a trava interna existente no Palio dispensaria, mas a Fiat insiste em manter), e embreagem bastante macia (estava bem pesada no Palio avaliado, talvez por desgaste nessa unidade específica). As relações são bem escalonadas em todos com ênfase à agilidade, mas no pequeno feito em Betim a dose foi excessiva, produzindo regime elevado, ruído e consumo desnecessários na estrada. O Corsa sai na frente nesse aspecto: viaja-se a 120 km/h com cerca de 300 rpm menos que nos outros.

Os pequenos da GM e da Fiat utilizam suspensões de mesmo esquema, diverso do adotado no Peugeot (saiba mais ao lado) e com resultado também diferente deste. Embora vendido no Brasil 2,5 cm mais alto que na Europa, o 206 mantém ótima estabilidade em curvas, com comportamento muito preciso e até divertido. Concorre para isso a grande aderência dos pneus Michelin, um desafio para a fábrica na futura nacionalização do modelo. Em contrapartida, não se comporta tão bem em lombadas quanto os nacionais -- excelentes neste ponto -- e apresenta ruído nos amortecedores ao passar rápido por elas, denotando ausência de batente hidráulico. Um aspecto a ser revisto, antes mesmo de sua produção brasileira.

Pneus 185/60 pouco fazem pela estabilidade do Corsa: seus destaques são consumo urbano e resposta em baixa rotação

Apesar dos pneus de perfis diversos, Palio e Corsa se parecem no comportamento dinâmico, o que mostra que mais borracha no chão (do GM) nem sempre representa ganho em velocidade em curvas. O nível de conforto em piso irregular se equivale em todos, com pequena perda no Corsa em função da ausência de subchassi na suspensão dianteira. O 206 volta a marcar pontos nas frenagens, embora pudesse ser mais modulável para evitar bloqueio das rodas. Vale lembrar que é o único a não oferecer sistema antitravamento (ABS) como opcional.

Por falar em segurança, os três fornecem encostos de cabeça e cinto de três pontos para quatro dos passageiros, e podem ser adquiridos com duas bolsas infláveis. Só o Peugeot permite desligar a do lado direito por um comando no painel, o que evita o disparo (e onerosa reposição) em eventual colisão apenas com o motorista. Também é exclusivo no retrovisor esquerdo, biconvexo, bem mais cômodo e seguro no trânsito que o plano dos demais. Pela legislação européia, tem luz de neblina traseira e repetidores laterais de direção -- mas não faróis de neblina, presentes nos concorrentes. No Palio é opcional a terceira luz de freio, que os outros trazem de série. Continua

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