Embora introduzido
nos carros nacionais em 1991, o sistema de freios antitravamento, antilock braking
system ou simplesmente ABS é um desconhecido para muitos. Erros
conceituais bastante comuns podem resultar em desgaste prematuro dos
freios e até na redução da segurança, o oposto de seu objetivo. 
Girar e não travar Ao
contrário do que pensam alguns, o menor espaço de freada é obtido
com os pneus girando no limite da aderência, e não com as rodas
travadas. Daí a necessidade de se modular (dosar) a aplicação dos
freios. Isso pode ser conseguido pelo motorista em piso seco e plano,
mas se torna difícil para muitos em uma freada de emergência, sobre
piso molhado, escorregadio ou mesmo em curva. É aí que entra o ABS.
Como funciona O
sistema é composto por sensores eletrônicos de rotação instalados
junto às rodas, um microprocessador central e um modulador hidráulico
(conjunto de válvulas eletromagnéticas). Quando os sensores detectam
um travamento de roda, enviam um sinal para a central, que passa ao
modulador as instruções para aumentar ou reduzir a pressão do
fluido sobre cada cilindro de roda. O ABS pode chegar a
"soltar" totalmente os freios de uma roda e manter a pressão
sobre as demais, se necessário for -- tudo em frações de segundo.
Os
três "S" O
motorista não precisa tomar qualquer medida para o ABS atuar, mas
existe um conjunto de tarefas, em freadas de emergência, que em
inglês se resume em 3 "s": stomp, ou pisar
com toda a força no pedal; stay, ou manter a pressão
aplicada ao pedal, mesmo que haja uma ligeira pulsação no pedal de
freio (normal e bem reduzida nos modelos mais recentes); e steer,
ou esterçar a direção de modo a desviar de um obstáculo, pedestre
ou outro veículo, pois o ABS permite a condução do automóvel com
os freios aplicados ao máximo.
"Costelas-de-vaca"
É como se costumam chamar os trechos, mesmo de asfalto, com sucessivas
irregularidades. |
Os ABS mais antigos
tinham problemas nessas condições: o sistema interpretava erroneamente
os ligeiros e sucessivos travamentos de roda, aliviando a pressão e
deixando o veículo praticamente sem freios.
Os sistemas mais modernos, porém, aprenderam
a lidar com essa situação, comum no uso fora de estrada. Mesmo
assim, procure se antecipar e reduzir a velocidade antes das
"costelas".
Na curva Não
frear em curvas é um antigo conselho, mas que
perde um pouco a validade nos carros com ABS mais modernos. Muitos
deles vêm com distribuição eletrônica de pressão de frenagem
entre os eixos (EBD), que evita desequilíbrios na atuação dos
freios e permite, até certo ponto, aplicá-los em curva. Claro que
não se deve abusar, mas é sempre bom poder contar com o sistema.
Mantenha distância
Um erro conceitual muito comum
é pensar que o ABS reduz a distância de freada em todas as
situações. Como o sistema apenas aproveita melhor o potencial de
frenagem de cada roda, a distância efetiva não será menor do que
um sistema sem ABS conseguiria em condições ideais de aderência.
Considere também que a possibilidade de superaquecimento dos freios,
em uso prolongado e intensivo ou numa grande solicitação, independe
do antitravamento. Portanto, mantenha distância segura do carro à
frente, freie antes de tomar as curvas, use freio-motor (marchas
inferiores) em descidas e vá devagar em pisos de baixa aderência --
como faria se seu carro não tivesse o dispositivo.
Trabalho em parceria
Os sensores e dispositivos do
ABS também são usados por outros sistemas que ganham espaço nos
novos carros. É o caso do controle de tração, que detecta a
patinagem de uma ou mais rodas motrizes, podendo aplicar o freio a
ela(s) ou reduzir a potência do motor por instantes. Também o
controle de estabilidade (ESP; saiba
mais) utiliza sensores do ABS. Daí a importância de manter os
sistemas em ordem e evitar alterações no veículo -- como mudanças
sem critério nos freios -- que possam prejudicá-los.
Adicionais Mas
alguns cuidados com o ABS especificados pelos fabricantes: desligar a
bateria e a unidade de comando elétrica em caso de solda elétrica no
veículo; retirar a unidade de comando quando o carro for exposto a
mais de 80°C para secagem; desconectar a bateria antes de qualquer
reparo no ABS; não desligá-la com o motor em funcionamento; e não
retirar ou desligar a unidade de comando com o interruptor de
ignição ligado. |