

A terceira geração vinha em 1987
com estilo mais arredondado e nova suspensão; o GTti (embaixo) trazia
turbo e 105 cv no motor de 1,0 litro
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O quarto Charade, de 1993,
ficava maior e oferecia a versão esportiva de 1,6 litro e 124 cv
desenvolvida em colaboração com a DeTomaso


A grade em forma de sorriso
identifica os carros fabricados de 1996 a 2000, ano em que a Daihatsu o
substituiu pelos modelos Sirion e Storia

Em 2003 o nome Charade apareceu
no Mira vendido em alguns países; em 2011 era o Toyota Yaris que ganhava
essa denominação (na foto) |
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Um Charade ainda mais picante viria pouco depois: no Salão de Tóquio de
1985 era revelado como carro-conceito o 926 R, com motor central-traseiro de
três cilindros, 926 cm³, duplo comando e quatro válvulas por cilindro
desenvolvido em parceria com a italiana DeTomaso. Dotado de turbo, o pequeno
motor fornecia 120 cv às rodas traseiras e fazia esperar muita agilidade com
o baixo peso de 800 kg. Para-lamas largos e rodas de 15 pol com pneus de 205
mm não deixavam dúvidas das intenções desse Charade, desenhado para competir
no Grupo B do Campeonato Mundial de Rali
(WRC) na classe de até 1.300 cm³. Contudo, acidentes graves levaram ao
cancelamento do Grupo B e a Daihatsu desistiu do projeto.
A terceira geração do automóvel estreava em 1987 com o código G100 e linhas
simples e harmoniosas, caso da grade dianteira de perfil baixo e das
lanternas traseiras horizontais em vez de verticais. As carrocerias de três
e cinco portas mantinham grande área envidraçada e estavam pouco maiores,
com 3,61 m de comprimento e 2,34 m entre eixos. Motores de três cilindros e
1,0 litro podiam vir a gasolina ou a diesel, este com ou sem turbo, e um
quatro-cilindros de 1,3 litro atendia aos que desejavam mais potência. A
suspensão traseira independente McPherson era uma boa novidade técnica.
No teste da revista inglesa Autocar, a versão turbodiesel de 47
cv e 8,7 m.kgf foi elogiada pela conveniência e a economia, mas ainda
criticada pelo desempenho, com 0-96 km/h em 21 segundos. "A nova carroceria
do Charade fornece muito mais espaço por dentro, fazendo dele um sério
contendor na classe de Fiat Uno, Ford
Fiesta e Renault 5. O chassi é
competente ao extremo, mas sofre com o peso do motor a diesel", analisava a
publicação, que concluía: "É um competente hatchback, capaz de encarar a
maioria dos atuais supermínis. O motor a diesel não é mais ruidoso ou
difícil de ligar que um a gasolina e é certamente econômico, mas a certo
custo em desempenho e dirigibilidade geral".
Pouco depois aparecia o esportivo GTti, com turbo,
resfriador de ar e duplo comando no motor de
1,0 litro para alcançar 105 cv e 13,4 m.kgf. Essa opção usava injeção, mais
tarde estendida às demais. A inglesa What Car? colocou-a diante
de MG Metro, Lancia Y10 Turbo e Renault 5 TSE. O Daihatsu foi o segundo mais
rápido de 0 a 96 km/h (atrás do Lancia), embora tivesse a menor potência. A
conclusão da revista, ao colocá-lo em segundo lugar junto do R5 e atrás do
MG, foi: "Ele seria a escolha de um motorista experiente, pois é muito
satisfatório de dirigir rápido. No uso cotidiano também faz sentido, mas
logo cansaríamos da aspereza do motor em baixa rotação e de seu nível de
ruído, sem falar da direção pesada e da falta de conforto de rodagem. Mesmo
assim, por seu preço, ainda parece uma compra atraente".
A linha crescia em 1988 com um sedã de três volumes e quatro portas,
enquanto o pacote mecânico do GTti era aplicado a um acabamento mais
luxuoso, o GTxx, com ar-condicionado, teto solar de comando elétrico e rodas
de alumínio de 14 pol. Pequenas alterações de estilo e acabamento vinham em
1991, quando o motor 1,3 de 90 cv passava a oferecer a opção de tração
integral — voltada também à exportação para mercados de inverno rigoroso,
como os países nórdicos.
Essa fase do Charade chegou ao mercado dos Estados Unidos, onde foi vendida
entre 1988 e 1992 sem grande sucesso — carros tão pequenos e econômicos
ainda não faziam sentido em um país com gasolina barata. Na China, a empresa
FAW Tianjin passou a fabricar tal geração em 1988 com o nome Tianjin Xiali e
o mantém em produção até hoje, com sucessivas reformas visuais e o uso de
motores mais modernos da Toyota.
Os japoneses revelavam em 1993 a quarta e última geração do Charade, a G200,
que continuava a crescer, agora com 3,78 m de comprimento e 2,40 m entre
eixos no hatchback (o sedã aparecia no ano seguinte). As linhas estavam mais
arredondadas, mas não tanto quanto em vários modelos japoneses de seu tempo;
amplos vidros continuavam uma marca de seu desenho. Com o aumento de peso, o
motor de 1,0 litro era abandonado em quase todos os mercados, embora
permanecesse disponível na Austrália. O usual era a gama partir de 1,3 litro
(com 16 válvulas e 84 cv) para o hatch e 1,5 (16V com 90 cv) para o sedã,
que podia vir com tração integral.
Em 1994 ele chegava ao Brasil em versões hatch e sedã e com motores de 1,0,
1,3 e 1.5 litro. No jornal australiano Herald Sun a versão 1,3
16V mostrou avanços: "A Daihatsu fez notáveis melhorias no isolamento de
ruídos. A direção está melhor e, mesmo sem assistência, você não precisa de
força de superhomem para estacionar. A estabilidade e a aderência do Charade
encorajam o motorista a dirigir rápido. Um bom equilíbrio entre conforto e
comportamento vem da suspensão McPherson. A economia de combustível é um
forte ponto de venda para o carro. De modo geral, o Charade tem mais apelo
que a maioria de seus rivais".
Não havia mais uma versão turbo, mas os amantes de pequenos esportivos
estavam atendidos pelo GTi com motor 1,6 de 16 válvulas e 124 cv (apenas no
Japão; mercados de exportação o recebiam com 105 cv). A parceira DeTomaso
continuava a colaborar com elementos mecânicos e o pacote visual, que
incluía bancos Recaro e volante Nardi. A linha Charade passava em 1996 por
uma reestilização que trazia novos faróis e grade, com o aspecto de um
sorriso, lembrando seu similar na linha Toyota, o Starlet.
No mercado japonês a carreira do Charade terminava em 2000, quando a
Daihatsu o substituía pelos modelos Sirion e Storia. Contudo, em outros
mercados seu nome voltou a encontrar uso. Em 2003 o pequeno Mira era
rebatizado Charade para o Reino Unido e a Austrália (o restante da Europa o
recebia como Cuore), mas era um carro menor que os anteriores, apenas com
carroceria hatch e motor de 1,0 litro. Em 2011 foi a vez do Toyota Yaris
ganhar o nome Daihatsu Charade em alguns mercados europeus, um recurso para
que a marca — de pouca penetração naquele continente — pudesse ter um carro
compacto a baixo custo. |