

Com apenas 3,46 metros, o
primeiro Charade tinha cinco portas e motor de 1,0 litro em uma
configuração incomum na época, com três cilindros


Faróis retangulares estão entre
as poucas alterações naquela geração



No segundo Charade vinham linhas
mais atuais e a versão Turbo de 68 cv (no alto e na última foto); motor
a diesel também estava disponível |
Com
uma carreira breve e inexpressiva por aqui, a marca japonesa Daihatsu
ainda é desconhecida de muitos brasileiros. Apesar desse fato, é a
empresa mais antiga entre os atuais fabricantes de automóveis do Japão,
fundada em 1907 sob o nome Hatsudoki Seizo Co., Ltd. A denominação
Daihatsu Motor Co., Ltd. foi adotada em 1951 e, 16 anos mais tarde, era
assinado um acordo de cooperação com a Toyota, empresa que assumiria o
controle acionário da Daihatsu (51%) em 1999.
Na trajetória da marca, em que predominam modelos compactos e de baixa
cilindrada, um dos destaques é o pequeno Charade, lançado em outubro de
1977 e produzido por quatro gerações até 2000, embora uma variação
permaneça em linha na China sob a marca Tianjin.
O primeiro Charade (código de projeto G10) era um hatchback de cinco
portas com linhas retas, faróis circulares e traseira truncada. Media
apenas 3,46 metros de comprimento e 2,30 m de distância entre eixos e
pesava 690 kg. O motor transversal de três cilindros em linha com
comando de válvulas no cabeçote e 993 cm³
de cilindrada, então o único disponível, desenvolvia potência de 55 cv
(50 em alguns mercados de exportação) e torque de 7,4 m.kgf, trazendo a
sofisticação de uma árvore de balanceamento
para anular vibrações.
O câmbio manual tinha quatro ou cinco marchas e a tração era dianteira,
já praticamente um padrão em carros pequenos na época. Na frente ele
usava suspensão independente McPherson, e atrás, eixo rígido. As
pequenas rodas tinham aro de 12 pol. Com uma opção de três portas
lançada no ano seguinte, o Charade encontrou rápido sucesso entre os
japoneses, cuja imprensa o elegeu Carro do Ano de 1978. Faróis
retangulares eram adotados em 1981. O modelo chegou a oferecido no Chile
com um motor menor, de 843 cm³ e 41 cv, capaz inclusive de funcionar com
álcool, versão identificada como G20.
Em outro mercado — a Inglaterra —, foi avaliado pela revista Motor
e ganhou nota máxima para o consumo de combustível e elogios ao
acabamento, enquanto a estabilidade foi criticada. "Em muitos aspectos,
o Charade oferece pouco para se distinguir de seus muitos capazes
concorrentes. Mas em uma área, na qual ele realmente se destaca da
oposição — motor e câmbio —, o Charade parece oferecer vantagens
tangíveis. Tem um desempenho alegre para o tamanho de seu motor, cruza
em velocidade de forma relaxada e impressiona pela economia mesmo quando
dirigido com vigor", resumiu a revista.
Para 1983 a Daihatsu apresentava sua segunda geração. Um pouco maior,
com 3,49 m de comprimento e o mesmo entre-eixos, o Charade G11 estava
mais atual no desenho, mas lembrava bastante o anterior e continuava à
venda com três ou cinco portas. O motor básico era o mesmo de 993 cm³ e
50 ou 55 cv, mas a novidade estava na versão Turbo, com um dos menores
turbocompressores do mundo, da marca
nipônica IHI, aplicado ao mesmo propulsor para alcançar 68 cv e torque
de 10,8 m.kgf.
Rodas de alumínio de 13 pol com pneus 165/70, decoração própria — com a
palavra Turbo aplicada à grade, laterais, tampa traseira,
bancos e volante —, suspensão recalibrada e direção com relação mais
baixa compunham esse compacto de atraente desempenho, capaz de acelerar
de 0 a 100 km/h em menos de 11 segundos com o peso contido de 700 kg. Na
segunda série, lançada em 1985, vinham alterações nas rodas, bancos mais
envolventes e volante de três raios, que complementavam os novos faróis
e lanternas de toda a linha. Alguns mercados recebiam o Turbo com
para-choques esportivos e saias laterais.
Ao contar a história da versão, o site australiano Autospeed definiu
como era dirigi-la: "O três-cilindros nunca foi um motor de
funcionamento suave, mas ainda assim fornecia um desempenho inesperado.
Era também muito rápido nas respostas, com o pequeno turbo tão disposto
a fornecer sobrepressão. E o consumo era mesmo sensacional para um carro
com tal desempenho — mais de 17 km/l. Seu comportamento em curva era
razoavelmente bom, embora atingisse um grande
subesterço no limite. Como um carro para
a cidade, porém, ele trazia fantástica diversão, desde que você não
esperasse um rodar confortável".
Já a versão a diesel aspirada enfrentava Austin Metro,
Fiat Uno e Nissan Micra na Motor.
Com apenas 37 cv e 6 m.kgf, o desempenho do Daihatsu foi o mais modesto
(22 segundos para acelerar de 0 a 96 km/h) e seu motor foi o mais
ruidoso; por outro lado, o carro mostrou-se o mais econômico e ganhou
boas notas pelo câmbio e as sensações ao dirigir. "Ficamos surpresos com
o Charade. É verdade, ele é mais lento que seus rivais a gasolina e mais
barulhento que o mais barulhento deles. Por outro lado, é o mais
econômico por uma margem significativa, tem boa estabilidade, aderência
impressionante em curvas e é confortável de dirigir", concluiu a
revista.
 |