"La belle voiture française"

Foto: RM Auctions

A Delage, um dos fabricantes mais marcantes da indústria francesa,
brilhou nas ruas e nas pistas com carros de engenharia esmerada

Texto: Fabrício Samahá

De cima para baixo: um dos primeiros Delages em 1906, com motor De Dion; o tipo X de 3,0 litros, vencedor nas pistas; e o modelo TR de 1911

Foto: Wouter Melissen

O imponente GL, com motor de seis cilindros e 5,9 litros, fez a estreia da marca no segmento de luxo; esse tem carroceria Labourdette Skiff

Fotos: RM Auctions

Nas provas de Grande Prêmio a Delage usava motores compactos com alta potência: o do 15-S-8, um oito-em-linha de 1,5 litro, fornecia 170 cv

Embora seja mais conhecida hoje por três marcas de longa tradição — Peugeot e Renault, mais que centenárias, e Citroën, que já tem 92 anos —, a indústria francesa de automóveis contou em sua longa história com vários outros fabricantes, alguns dedicados tanto a modelos de rua quanto aos de competição. É o caso da Delage, que se manteve em atividade de 1905 a 1953.

Louis Delâge (1874-1947) trabalhou no departamento de testes experimentais da Peugeot antes de abrir em 1905 o próprio negócio de construção de carros: a Automobiles Delage, em Levallois-Perret, perto de Paris. Com a colaboração de Augustine Legros, ex-projetista chefe da Peugeot, ele passou a fabricar peças para carros Helbé e, um ano mais tarde, apresentava sua primeira criação: um modelo compacto com motor De Dion de um cilindro e potência de 4,5 ou 9 cv.

No mesmo ano, dois modelos Delage de 9 cv corriam a Coupe des Voiturettes e um deles terminava em segundo lugar, embora o outro se acidentasse. Em 1908, três automóveis da marca com diferentes motores disputavam a prova Grand Prix des Voiturettes e um chegava em quinto, sendo o primeiro entre os carros de dois cilindros. Nesse ano a empresa já colocava 300 unidades nas ruas.

Motores De Dion e Ballot de quatro cilindros passavam a ser usados pela Delage em 1909, mas logo começava a produção dos próprios motores, também de quatro cilindros. Três anos mais tarde, 1.000 carros saíam da fábrica por ano com quatro ou seis cilindros e potência de 12 a 15 cv. Enquanto isso, continuavam os êxitos nas pistas: um Delage tipo X com motor de 3,0 litros e 50 cv e câmbio de cinco marchas vencia a Coupe de l'Auto Voiturette de 1911; no GP da França de 1913, em Le Mans, Paul Bablot era o vencedor com um modelo de quatro válvulas por cilindro; um ano depois, outro carro da marca ganhava a 500 Milhas de Indianápolis, nos EUA.

Interrompida durante a Primeira Guerra Mundial — quando a empresa produziu munições —, a construção de automóveis era retomada com um novo objetivo: fazer carros mais potentes e luxuosos para um segmento exigente. Começou-se pelos modelos DO, de quatro cilindros e 3,0 litros, e CO, com um seis-cilindros de 4,5 litros e a novidade dos freios dianteiros (o arranjo usual na época era tê-los apenas na traseira). Em sua evoluída versão CO2, esse último obtinha 88 cv e alcançava 130 km/h.

Mais tarde ele dava espaço ao GL, ou Grand Luxe, dotado de um seis-cilindros de 5,9 litros com comando de válvulas no cabeçote e 100 cv (130 na versão com duplo comando). Esse Delage sofisticado, com chassi oferecido em três opções de entre-eixos
de 3,40, 3,62 e 3,85 metros — para montagem da carroceria escolhida pelo comprador, buscava concorrer com os modelos Farman 40 CV, Gnome et Rhône 40 CV, Hispano-Suiza H6 e Renault 40 CV (a designação CV refere-se a uma classificação fiscal e não à potência do motor, que os franceses expressam em ch).

Já os mais acessíveis DE e DI, de quatro cilindros, conseguiam bons números de vendas. No segmento intermediário havia novas opções de seis cilindros, o DR de 2,5 litros e o DM de 3,2 litros. Modelos de competição também marcaram a Delage na década de 1920. Um enorme V12 de 10,5 litros equipava o recordista da prova de subida de montanha de Gaillon em 1923, o modelo DH, que um ano depois batia o recorde mundial de velocidade em estradas em Arpajon ao alcançar 230 km/h.

Outro recordista de montanha foi o modelo de 6,0 litros, duplo comando e quatro válvulas por cilindro que disputou a prova do Monte Ventoux em 1925. Em corridas de Grande Prêmio, categoria que antecedeu a Fórmula 1, os Delages usavam motores compactos e de alto rendimento, como o modelo 2 LCV, com um V12 de apenas 2,0 litros e 110 cv, e o 15-S-8, que tinha um oito-cilindros em linha de 1,5 litro com compressor e 170 cv a 8.000 rpm — rotação espantosa na época.

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Data de publicação: 3/1/12

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