Excelência secular

Há 100 anos nascia a Hispano-Suiza, fabricante espanhol
que superaria a célebre Rolls-Royce com o modelo H6

Texto: Fabiano Pereira – Fotos: divulgação

O ano de 1904 viu nascer dois dos mais lendários fabricantes da indústria automobilística. Um deles, a inglesa Rolls-Royce, comemorou seu centenário coroando uma história de vários sucessos, que fizeram dela a maior referência em carros ultra-luxuosos no mundo até hoje. O outro, a espanhola Hispano-Suiza, deixou de existir há décadas, mais precisamente em 1936, não sem antes encantar o mundo com alguns dos mais requintados automóveis de todos os tempos. Entre essas preciosas máquinas, o modelo H6 conseguiu se estabelecer como a maior estrela.

A prestigiada La Hispano-Suiza, Fábrica de Automóviles, S.A. foi fundada em Barcelona em 14 de junho por um grupo de investidores liderados pelos espanhóis Damián Mateu e Francisco Seix. Marc Birkigt, que já desenvolvera os primeiros carros da Espanha para a La Cuadra, ficou responsável pela supervisão técnica. Como Birkigt era suíço, a fusão das duas nacionalidades originou o nome. As instalações eram as mesmas da falida La Cuadra. Em 1911 ainda viria a Société Française Hispano-Suiza, filial na França, país com larga clientela da marca, muita matéria-prima e mão-de-obra especializada.

Como muitos carros da época, o H6 assumia estilos diferentes conforme o fabricante de carrocerias utilizado. Este é um conversível de quatro portas Skyff Torpedo

Os modelos Hispano-Suiza começaram com motores de 10 e 16 cv. Em 1906, com motores quatro-cilindros de 40 cv, já chegavam a 100 km/h, um ano antes de o primeiro seis-cilindros surgir. Em 1912 o esportivo Alfonso XIII de 45 cv homenageava o rei espanhol, admirador da marca. Em meio a vitórias nas pistas, uma greve em 1910 incentivou a instalação da fábrica francesa. Primeiro foi sediada em Paris, que chegou a superar a unidade de Barcelona, e depois em Bois-Colombes.

Após a manutenção dos modelos pré-guerra na linha por mais algum tempo, o H6 era apresentado no Salão de Paris de 1919, o primeiro após a Primeira Guerra Mundial. Tinha a primazia, entre os projetos da Hispano-Suiza, de se beneficiar da tecnologia desenvolvida com a experiência da empresa na guerra. Durante o conflito o fabricante havia produzido motores V8 para aeronaves, considerados por alguns os melhores propulsores para uso militar nos ares europeus da época.

Um carro nobre e que impressionava pela técnica: motor de alumínio, comando no cabeçote e freios em todas as rodas eram características superiores às do Rolls-Royce

Sob o capô o H6 trazia um motor de seis cilindros em linha, 6,6 litros e 120 cv de potência a 2.600 rpm, com bloco de alumínio e comando de válvulas no cabeçote, recursos muito raros na época. O padrão daquele tempo, usado inclusive no Rolls-Royce Silver Ghost, era bloco de ferro montado em diferentes partes e comando lateral. O aço estava presente numa barra maciça de 317 kg usada para dar forma ao virabrequim do Hispano-Suiza. Dependendo da carroceria usada, chegava a até 130 km/h.

As vantagens técnicas do H6 sobre o mito inglês não paravam por aí. Na frenagem Birkigt adotou um sistema de tambores nas quatro rodas, com servo-assistência promovida por uma haste que saia da parte traseira da transmissão. Somente as rodas posteriores dos Rolls-Royce eram freadas, uma solução que se provou inferior quando a própria marca britânica passou a usar sob licença o sistema de Birkigt – e o fez até meados dos anos 1960. Não era por acaso que o H6 figurava como o mais caro automóvel da Europa. Continua

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Data de publicação: 14/12/04

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