Da economia no projeto surgiu o Traveler/Vagabond, primeiro hatch da história; embaixo, o painel de desenho simétrico adotado na linha 1949

O desenho de Darrin trouxe elegância aos Kaisers 1951; de cima para baixo, o sedã Special, o prático Vagabond e o charmoso Club Coupe


O Manhattan assumia em 1952 o topo da linha e a liderança de vendas na marca; embaixo o modelo 1954, com frente renovada e compressor

Outros lançamentos de 1949 eram o conversível DeLuxe de quatro portas e o Virginian, um hardtop de quatro portas, ambos pioneiros nesses tipos de carroceria depois da guerra — mas o preço comparável ao de um Cadillac resultou em vendas ínfimas. Toda a linha recebia um painel mais elaborado, com amplo velocímetro à frente do motorista e relógio de mesmo formato diante do passageiro. O acabamento DeLuxe (também disponível como sedã convencional) vinha com farto uso de cromo e aço inoxidável no interior e havia notável variedade de cores externas (37) e padrões de revestimento interno (62!) para as diversas opções.

Sob o capô, o motor de 112 cv equipava a série DeLuxe e o Vagabond; já o sedã básico e o Traveler usavam o de 100. Ainda não havia caixa automática, mas overdrive era opcional. Apesar dos bons argumentos, as vendas daquele ano ficaram muito abaixo do que a empresa esperava, a ponto de 20% dos automóveis produzidos, encalhados, receberem nova numeração de chassi para se tornarem modelos 1950. A razão mais provável do insucesso é que as "três grandes" já haviam revelado carros realmente novos do pós-guerra, não meras maquiagens sobre velhos projetos como a Kaiser.

Henry Kaiser sabia que os norte-americanos queriam algo novo, e pôde atendê-los já em março daquele ano com a linha 1951, em uma precocidade que chamou atenção para a marca. Desenhados por Howard “Dutch” Darrin, os carros estavam, em definitivo, coerentes com a revolução de estilo que a indústria dos EUA experimentava: perfil mais longo e baixo, capô menos ressaltado em relação aos para-lamas, para-brisa inteiriço (com formato ondulado na parte superior) e para-lamas traseiros que encobriam parte das rodas. O tamanho das janelas era o maior do mercado, e a linha de base desses vidros, a mais baixa — receita para visibilidade e sensação de amplidão.

No interior, além de um acabamento atraente e muitas opções de cores e tecidos, os carros mostravam soluções de segurança inéditas como painel acolchoado e para-brisa projetado para se soltar para frente, caso atingido com determinada força. A mecânica mantinha a carroceria sobre chassi, mas com um projeto eficiente que obtinha elevada rigidez com peso contido. O entre-eixos era reduzido para três metros.

A gama de carrocerias estava bem maior: a série Special continha sedãs de duas e quatro portas, o Traveler com as mesmas opções, um cupê simples (Business) e um mais refinado (Club); a gama DeLuxe abrangia os dois sedãs, o Club Coupe e o Traveler de duas ou quatro portas, que assumia o espaço do Vagabond. O conhecido motor de 3,7 litros, agora com potência unificada em 115 cv, equipava ambas as séries. Em setembro de 1950 a empresa lançava um compacto, o Henry J.

As alterações visuais eram poucas para 1952 — grade, lanternas traseiras —, mas havia novas denominações. A série Virginian era a de entrada, com acabamentos Special e DeLuxe e carrocerias semelhantes às do ano anterior. Depois vinha a DeLuxe, sem o nome Virginian, com sedãs de duas e quatro portas, Traveler quatro-portas e Club Coupe. Como linha superior, adotava-se o nome Manhattan que antes batizara uma linha da Frazer, com opção só entre os dois sedãs e o Club Coupe. Os opcionais do Manhattan passavam por ar-condicionado, rádio, câmbio automático e (do ano seguinte em diante) direção assistida. O motor de 115 cv, com torque de 26,2 m.kgf, era o mesmo em toda a gama.

Mais uma versão aparecia para 1953: a Dragon, um sedã hardtop de quatro portas com detalhes externos dourados, teto revestido em vinil e tecido dos bancos desenhado por uma estilista de moda. Todos os equipamentos oferecidos pela Kaiser vinham de série no Dragon, como caixa automática, rádio, vidros escurecidos, carpetes refinados e pneus de faixa branca, e uma plaqueta dourada no painel exibia o nome do primeiro comprador. Bastante cara, a versão não chegou a 1.300 unidades.

No restante da linha, as novidades eram o acabamento de entrada Carolina, de pequena produção e mais voltado a atrair público às concessionárias com o baixo preço anunciado; o aumento de potência (para 118 cv) e de torque (para 27,6 m.kgf) em toda a família e o fim do Club Coupe e do Traveler de duas portas. O sedã Manhattan de quatro portas respondia pela maioria absoluta das vendas da empresa, que não andavam muito bem: era hora de atualizar o estilo.

Uma nova tentativa foi feita com os Kaisers 1954, em que a remodelação frontal desenhada por Buzz Grisinger lembrava o carro-conceito Buick XP-300: a ampla grade horizontal, com o interior côncavo, era ladeada por faróis em forma ovalada vertical, um conjunto com aspecto mais baixo e largo que o anterior; e o vidro traseiro estava mais envolvente. Já produzidos em novo endereço, em Toledo, Ohio, os carros vinham apenas nas séries Special e Manhattan e como sedãs de duas e quatro portas, sem mais opções. Sob o capô do Manhattan vinha o motor com compressor e 140 cv, ficando o de 118 restrito ao modelo mais simples.

O ano-modelo 1955 foi o último para a Kaiser. Pouco mais de 300 carros foram vendidos nos EUA, todos Manhattans com o motor de 140 cv, de duas e de quatro portas. A empresa, que então tentava produzir um carro esporte com o Kaiser-Darrin, acumulava graves prejuízos e fechou as portas em 1955, após menos de uma década no mercado. Todo o equipamento de fabricação e algo como 100 automóveis embarcaram rumo à Argentina, onde — renomeado Carabela — o sedã foi feito até 1961.

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