Potência alinhada

O Alfa Romeo 2000 — que aqui foi o JK — evoluiu para o 2600, com o
último seis-em-linha da marca e diversas carrocerias esportivas

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

O sedã 2000 que deu origem a nosso FNM JK: linhas inspiradas nos norte-americanos, bancos inteiriços e conforto para longos percursos

O Spider da Touring (vermelho) lembrava o sedã, mas era descontraído; no cupê Sprint de Bertone, os primeiros quatro faróis usados pela Alfa

Entre 1950 e 1959 a italiana Alfa Romeo produziu o modelo 1900, um sedã de linhas arredondadas que inaugurou na marca o uso da estrutura monobloco e da produção em linha de montagem. Com mais de 20 mil unidades fabricadas, o 1900 pode ser considerado um sucesso para seu tempo — e deu origem a diversas interpretações mais esportivas, com carrocerias elaboradas por empresas como Boano, Farina, Touring e Zagato.

Antes que o 1900 encerrasse seu ciclo no mercado, porém, a gama Alfa Romeo ganhou aquele que seria seu sucessor. O modelo 2000, que estreava no Salão de Turim, Itália em novembro de 1957, buscava uma categoria pouco superior à do 1900 e à do mais recente Giulietta. Para os brasileiros, esse Alfa tem um sentido especial: foi a base para que a Fábrica Nacional de Motores lançasse aqui o FNM 2000 JK, em abril de 1960, marcando um passo importante na indústria nacional em termos de refinamento técnico (leia história). Por outro lado, na Europa o 2000 e seu sucessor 2600 tiveram versões mais esportivas que não chegaram à fábrica no Brasil.

As formas discretas do 1900 davam lugar no 2000 a um estilo imponente, com influência da indústria norte-americana em elementos como os para-lamas traseiros, em forma de "rabos de peixe" e encerrados em lanternas verticais. Os Estados Unidos representavam na época o centro da indústria automobilística mundial, a principal referência em técnica e estilo, o que explica o estilo americanizado também de outros sedãs europeus do mesmo período, como o Fiat 1800/2100 e o Peugeot 404. Outras diferenças marcantes no desenho, em relação ao do antecessor, eram os para-lamas dianteiros mais altos que o capô, para-brisa e vidro traseiro mais envolvente, vidros laterais maiores e uso mais extenso de frisos e adornos. A frente, claro, ostentava o escudo tradicional da marca.

No interior, o uso de alavanca de câmbio na coluna de direção — junto ao grande volante de dois raios com aro de buzina — permitia o emprego de dois bancos inteiriços, para que o 2000 levasse até seis pessoas com relativo conforto. O painel combinava um conta-giros circular a um velocímetro em escala horizontal. Com a concepção clássica de motor longitudinal e tração traseira, o 2000 aproveitava em parte a plataforma do 1900, mas com distância entre eixos e bitolas ampliadas. O sedã de quatro portas media 4,71 m de comprimento, 1,70 m de largura, 1,43 m de altura e 2,72 m entre eixos; pesava 1.340 kg.

Também do 1900 vinha o motor de quatro cilindros em linha e 1.975 cm³, com duplo comando de válvulas no cabeçote, bloco de ferro fundido e alimentação por dois carburadores. Alguns acertos elevaram a potência a 105 cv e o torque a 15,5 m.kgf: era pouco para conferir a esportividade habitual da marca ao pesado sedã, mesmo com a caixa manual de cinco marchas (todas sincronizadas) sendo escalonada para quinta de desempenho, ou seja, com relações próximas entre si. Por outro lado, a velocidade máxima de 160 km/h impressionava bem diante do patamar de desempenho da época. A suspensão independente na frente usava braços sobrepostos, enquanto a traseira recorria ao clássico eixo rígido, ambas com molas helicoidais. Tambores com aletas para dissipar o calor freavam as rodas de 400 mm (15,7 pol de aro) com pneus radiais 165-400.

Um ano depois do sedã, no mesmo Salão de Turim, a Alfa apresentava o 2000 Spider, denominação comum na marca para pequenos conversíveis. A plataforma do 1900 Super Sprint, de menor entre-eixos (apenas 2,50 m), recebeu uma carroceria elegante e exclusiva, projetada e construída pela empresa Touring. Mesmo que os elementos básicos de desenho do quatro-portas estivessem presentes, o Spider mostrava classe e tempero esportivo com seu perfil mais baixo e a cabine de dois lugares recuada, típica dos roadsters.

Apesar das menores dimensões (4,50 m de comprimento, 1,66 m de largura, 1,32 m de altura), permanecia um carro amplo e confortável, destinado a agradáveis viagens e não apenas a curtir um percurso sinuoso e travado. O motor de 2,0 litros vinha levemente modificado — com maior taxa de compressão e três carburadores Solex 44 de corpo duplo — para obter 115 cv e, dentro da proposta jovial, a alavanca de câmbio estava no assoalho. Bem mais leve, pesava 1.180 kg; com o auxílio da melhor aerodinâmica, alcançava 175 km/h. Em 1961 viria uma opção de 2+2 lugares, isto é, com um pequeno banco traseiro para crianças. Continua

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Data de publicação: 17/8/10

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