


Primeira versão da linha, o
Trasformabile tinha dois lugares, teto de lona rebatível e portas
"suicidas"; o desenho simples era algo delicado

Já com portas convencionais, o
Cabriolet abria-se de vez para o sol e o vento; o motor de dois
cilindros e 500 cm3 era mais potente, com 21 cv
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Quase desconhecida fora da Itália, a fábrica de automóveis Autobianchi
surgiu em 1955 da diversificação de uma empresa fundada em 1885 para
produzir e consertar bicicletas. Em 1899 ela evoluía para a Fabbrica
Automobili e Velocipedi (FIV) Edoardo Bianchi e passava a construir
também carros de luxo e motos, embora as bicicletas tenham permanecido
sua principal atividade. A fábrica em Abruzzi foi bombardeada e
destruída durante a Segunda Guerra Mundial e o próprio Edoardo morreu em
1946 em um acidente automobilístico.
Mesmo assim, seu filho Giuseppe conduziu a empresa ao sucesso. Uma nova
fábrica foi erguida em Desio, na região da Lombardia, norte da Itália. A
moto Bianchina de 125 cm³ teve boa aceitação em um momento em que a
Itália — como grande parte da Europa — se recuperava do conflito e
precisava de transporte barato e econômico. De uma parceria com a Fiat e
a Pirelli nascia, em 1955, a Autobianchi — a Bianchi entregaria sua
parte às sócias três anos mais tarde. Para o fabricante de pneus a união
representava um novo ramo de mercado, e para a Fiat, uma marca para
vender versões de seus carros com acabamento mais refinado, o que vinha
sendo feito por empresas independentes como Vignale e Moretti. Além
disso, poderia experimentar nela soluções técnicas mais ousadas sem
colocar em risco sua própria reputação.
Uma moderna fábrica foi construída em Desio para atender a padrões
superiores de qualidade e capacidade — até 200 veículos por dia, o que
incluiria ônibus de 1959 em diante. O primeiro filho do casamento nascia
em setembro de 1957: o Bianchina, derivado do
Fiat "Nuova" 500 lançado dois
meses antes. O pequeno sedã de três volumes, duas portas e dois lugares
buscava sobretudo o público feminino. Suas linhas eram quase delicadas,
com a frente lisa sem grade (o motor era traseiro), portas articuladas
na parte de trás ("suicidas") e para-lamas dianteiros e traseiros
proeminentes em relação à tampa do porta-malas frontal e o capô
posterior. A cabine um tanto compacta resumia-se ao comprimento das
portas e a largas colunas traseiras.
O teto de lona, que podia ser retraído junto do vidro traseiro — na
verdade de plástico — para dar sensação de conversível, justificava o
nome da versão: Trasformabile, ou transformável. Media 3,02 metros de
comprimento, 1,34 m de largura, 1,32 m de altura e 1,84 m de distância
entre eixos. Em termos mecânicos, nada diferenciava o Bianchina do 500.
O motor posterior, de dois cilindros em linha refrigerados a ar e 479
cm³ de cilindrada, trazia o comando de
válvulas no bloco e desenvolvia a modesta potência de 15 cv e o
torque de 2,8 m.kgf. Como lidava com um peso contido de 510 kg, permitia
razoável agilidade e velocidade máxima de 90 km/h,
suficiente para a proposta. O consumo bastante baixo — era
comum obter mais de 20 km/l — fazia render o compacto tanque de 21
litros.
O câmbio manual tinha quatro marchas, sem
sincronização para primeira e segunda, e a tração era traseira. As
suspensões eram ambas independentes, com feixes de molas semi-elíticas
transversais; todos os freios usavam tambores e as rodas tinham aro de
12 pol. O pequeno Autobianchi encontrou boa acolhida no mercado,
chegando a superar o Fiat 500 em vendas nos primeiros meses. Isso
estimulou a empresa a obter leve aumento de potência — para 16,5 cv — em
1959 e a ampliar a gama para quatro versões no ano
seguinte.
Continua
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