

Com um só modelo em duas versões
de acabamento, Cosmopolitan e básico (em azul), a Lincoln substituiu em
1949 o Zephyr e o Continental

As duas opções de sedã
quatro-portas: o fastback Town Sedan, na primeira ilustração, e o Sport
Sedan de três volumes, na segunda

O cupê e o conversível de seis
lugares , com a mesma distância entre eixos dos sedãs, eram as outras
carrocerias disponíveis neste Lincoln |
Não
existe ano mais transformador na história da indústria automobilística
americana que o de 1949. Nesse ano-modelo, todos os fabricantes de
Detroit — e os poucos de fora da capital americana do automóvel — já
ofereciam modelos projetados depois do fim da Segunda Guerra Mundial.
Nos primeiros anos após o conflito, as marcas locais apenas retomaram a
produção dos modelos 1942, passando a fazer pequenas alterações neles
enquanto elaboravam carros realmente novos. Até a chegada do
Cosmopolitan para aquele ano, isso não foi diferente na Lincoln.
A inovação e o status trazidos pelo Zephyr (em
1936) e o Continental (em 1940)
à divisão de luxo da Ford estavam já distantes no tempo para que ela se
mantivesse em evidência frente à rival Cadillac, da General Motors.
Considerando-se que, a rigor, o Continental já era a versão de produção
do Zephyr personalizado por Edsel Ford (filho do fundador da companhia,
Henry Ford), a grande repercussão que ele havia alcançado no início da
década já havia se dissipado. Para piorar, além do recesso dedicado à
produção de veículos militares pela indústria de 1942 a 1945, a
concorrente conseguira sair à frente e lançar novos modelos para 1948.
Depois de seguir reestilizando aqueles dois projetos pré-guerra — ainda
que o Zephyr já não adotasse mais esse nome —, em abril de 1948 a
Lincoln afinal antecipou sua linha para o ano seguinte, capitaneada pelo
Cosmopolitan. A marca eliminava os dois modelos antigos e o motor V12
que eles ofereciam.
A linha passava a ser constituída por um único modelo em duas séries de
acabamento. A versão de entrada era identificada apenas como Lincoln. O
Cosmopolitan fazia o papel de topo de linha da divisão — e de toda a
corporação. A escolha do nome, que significa cosmopolita em inglês,
indicava o público-alvo do modelo. Eram consumidores urbanos com poder
aquisitivo para transitar por grandes centros do país e do mundo — e
para ter um Lincoln na garagem.
A primeira diferença em relação aos modelos 1948 logo era percebida. O
estilo com pára-lamas embutidos, na frente e atrás, era uma nítida
evolução. Ainda que fosse mais elevado que os dianteiros, o capô estava
bem mais baixo que nos Lincoln anteriores. Incomum era a localização dos
faróis, algo aprofundados e não tanto nas extremidades da dianteira.
Chegou-se a planejar faróis escondidos, mas a idéia foi eliminada nos
últimos estágios do projeto. Além de mais baixo, o perfil era suavizado
por curvas, o que conferia uma modernidade peculiar ao desenho. Ainda
que desenvolvido ao mesmo tempo e tendo algumas peças intercambiáveis
com o Ford e o Mercury 1949, o Cosmopolitan estava visualmente em
patamar superior.
Ele, assim como o Lincoln básico, adotava a estética conhecida como
“banheira invertida”, por conta dos cantos arredondados e das
superfícies sem artifícios excessivos de estilo. O Cosmopolitan tinha
pára-brisa inteiriço, o que não ocorria com a série básica.
Seus frisos laterais se restringiam aos pára-lamas dianteiros, enquanto
percorriam as duas laterais inteiras no Lincoln básico. Se este vinha
nas versões Sport Sedan, cupê e conversível para seis pessoas, o Cosmopolitan podia ser
o
fastback Town Sedan, o três-volumes Sport Sedan e também cupê
e conversível para seis pessoas. Todas as versões de quatro portas traziam
portas traseiras "suicidas".
O Sport Sedan diferia da versão homônima do Lincoln de
entrada por um vigia extra em cada coluna traseira. As janelas
laterais posteriores do Cosmopolitan cupê eram divididas por um friso e,
além do acabamento diferenciado, o modelo mais luxuoso era
maior na distância entre
eixos: 3,17 metros, ante 3,07 m do básico. Para efeito de comparação, o entreeixos do Ford
“Forty-Nine” media 2,98 m, e o do Mercury, 3 m.
Continua
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