

Os conversíveis de 1949 (em
cima) e 1950: elegância cosmopolita


Em 1950 ele perdia a versão
fastback, mas continuava a usar o motor V8 de 5,5 litros e 152 cv,
associado a caixa manual ou automática

Grade e pára-choques mudavam
para 1951, quando o cupê ganhava teto revestido em vinil e sobrenome
próprio: era o Cosmopolitan Capri

O Capri de 1954, com algumas
alterações de estilo e mecânica; este modelo foi mantido na linha
seguinte, ao contrário do Cosmopolitan |
Com 5,59 m de comprimento, o Cosmopolitan era 22 centímetros
mais longo que o Lincoln básico. E, numa época em que tamanho era (ainda
mais) documento nos EUA, ele era o soberano em espaço interno de todo o
catálogo da corporação. Para a Lincoln, isso era mais importante que
diferenciar os padrões de acabamento também por desempenho. Para os
padrões da época, porém, não faltava disposição para o Cosmo, como a
série acabou sendo apelidada.
No lugar do V12 de 5,0 litros (305 pol³) com potência bruta de
130 cv usado em 1948, a marca preparou um V8.
Com comando no bloco, válvulas laterais e
cilindrada de 5,5 litros (337 pol³), ele produzia 152 cv a 3.600 rpm — o
Mercury 1949 rendia 112 cv, e o Ford V8 daquele ano, 100 cv. O Lincoln
dispunha de caixa manual de três marchas, com sistema
overdrive Touch-O-Matic opcional, ou a
automática Hydra-Matic — da General Motors! Ainda que melhorasse
bastante o rendimento em relação aos antigos V12, o V8 da Lincoln
estaria ultrapassado em poucos meses, já que a Cadillac logo lançaria
seu V8 de válvulas no cabeçote, que se tornaria um padrão de toda a
indústria. Ultrapassado ou não, o novo motor agradou a imprensa
especializada.
Tom McCahill, da Mechanix Illustrated, levou um Lincoln munido de
Touch-O-Matic a 164 km/h, pelo que considerou o carro o mais veloz desde
o Cord 1937. De 0 a 96 km/h (60
mph), marca de aceleração que McCahill popularizou como referência de
desempenho, o Lincoln marcou 15 segundos, dois a menos que o mais pesado
Cosmopolitan. Ele só perdia para o Cadillac e o Oldsmobile 88 com o novo
V8 da GM. Ao fim daquele ano-modelo, 73.507 carros vendidos fizeram de
1949 o melhor em vendas da Lincoln até então.
No segundo ano de mercado, o Cosmopolitan perdia a versão fastback Town
Sedan, que não agradou. Por mais inapropriado que possa parecer, o
Lincoln ganhou duas das 19 provas da Nascar naquele ano. E mais: na
primeira edição da Carrera Panamericana, 16 exemplares do Lincoln e do
Cosmopolitan participaram e o melhor colocado do grupo chegou em nono
lugar — o que melhoraria uma posição no ano seguinte. Dez Cosmopolitans
ainda foram usados pelo Serviço Secreto americano. Um deles, customizado
por Raymond H. Dietrich como um sedã conversível, serviria os
presidentes Truman, Eisenhower e Kennedy até 1961.
Para 1951, Cosmo e Lincoln receberam novo desenho de grade e
pára-choques, frisos ligando os pára-lamas e lanternas alongadas. A
versão cupê ganhava teto de vinil e sobrenome: era o Cosmopolitan Capri.
Um Lincoln vencia a Mobilgas Economy Run, disputa de economia de
gasolina, daquele ano com 10,6 km/l. A maior parte dos carros da marca
usava o câmbio Hydra-Matic, mas esse exemplar tinha câmbio manual com
overdrive Borg-Warner para o combustível render o máximo. Em teste da
revista Motor Trend em julho de 1951, esse campeão foi de 0 a 96
km/h em 15,6 segundos e fez 156 km/h.
E aquele foi o último ano do estilo “banheira invertida” lançado em
1949. Na linha 1952, o Cosmopolitan cedia o trono para o Capri, agora
promovido a série topo de linha. Como opção de entrada, o Cosmo vinha
apenas nas versões sedã e cupê hardtop
(sem as colunas centrais), este um estilo lançado pela GM em 1949 que
virou quase uma exigência de mercado para todos os fabricantes. Com
entreeixos de 3,12 m e parecido em excesso com o Mercury, o novo desenho
tinha um perfil mais reto e baixo.
Chamava atenção pelo ressalto dos pára-lamas traseiros, iniciado por uma
falsa tomada de ar cromada, e pelas lanternas na quina dos pára-lamas,
acima da extensão do pára-choque. O bocal do tanque de combustível
escondido pela placa do veículo foi uma solução que seria copiada em
outros modelos. Outra grande novidade — também uma tendência criada pela
GM — era o V8 com válvulas no cabeçote, de 5,2 litros (317 pol³) e 160
cv a 3.900 rpm.
A suspensão dianteira também inovava ao receber um sistema de
articuladores esféricos, com maior ângulo de movimento e reparação bem
mais fácil. A Lincoln acrescentava, como opcional, direção assistida. O
que era para ser um pacato e confortável modelo de luxo revelou-se um
voraz competidor da Carrera Panamericana naquele ano. Com essa receita,
a Lincoln dominou as cinco primeiras colocações da corrida, à frente de
Hudson, Chrysler e — pasme-se — até Ferrari. Em 1953, o V8 passava a
entregar 205 cv a 4.200 rpm com carburação de corpo quádruplo e era
oferecido ajuste elétrico dos bancos, primazia na indústria.
Entre os sedãs adversários, a Lincoln manteria sua hegemonia na Carrera em 1953 (as quatro primeiras colocações) e 1954 (na
primeira posição), quando a prova mexicana foi cancelada por ser
considerada perigosa demais. Depois de pequenas revisões de estilo,
motor e freios, o Cosmopolitan 1954 foi o último Lincoln assim
denominado. Num período em que a Cadillac era o símbolo máximo de status
na América, sua competência foi reconhecida pela imprensa e no
automobilismo. O modelo mais caro e luxuoso do universo da Ford Motor
Company, naquele ano ímpar de 1949, fez valer seu reinado.
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