Amplo, o 410 media 4,97 metros de comprimento, 1,72 m de largura, 1,45 m de altura e 2,80 m de distância entre eixos e pesava 1.245 kg. Apesar da proposta, a cabine tinha tamanho adequado e o porta-malas oferecia bom espaço. Nele se acomodavam o estepe e uma caixa com várias ferramentas de ótima qualidade, que incluíam uma pequena bomba de óleo para pequenas lubrificações. Também acompanhavam este automóvel exclusivo um manual muito detalhado, com várias fotos e desenhos com vistas explodidas, capa dura de couro vermelho e folhas presas a ganchos espirais.

No Superamerica de 1957, pequenas diferenças em lanternas e pára-choques; o vidro traseiro amplo e envolvente era um destaque no estilo

Os ocupantes eram acomodados em dois bancos reclináveis, revestidos de couro de ótima qualidade. Um console de boas dimensões, por causa da altura da caixa de câmbio, acomodava uma bússola, marcador de temperatura externa, cinzeiro banhado a prata e alguns comandos. O belo painel tinha velocímetro graduado até 180 milhas por hora (cerca de 300 km/h), conta-giros até 8.000 rpm com a zona vermelha começando a 6.500 e, ao centro, termômetros de água e óleo e amperímetro. Todos os instrumentos eram da marca Veglia. O volante de três raios era de madeira, tradição da marca italiana, e abaixo do porta-luvas havia um rádio da marca Blaupunkt.

Debaixo do longo capô o motor, desenvolvido por Aurelio Lampredi e oriundo do glorioso 410 de competição, era um V12 de alta cilindrada com comando de válvulas no cabeçote, que vinha fundido junto ao bloco. Deslocava 4.963 cm³, ou pouco acima de 410 cm³ por cilindro, a razão de sua denominação. Alimentado por seis carburadores de corpo duplo da marca Weber, a potência de 405 cv a 6.200 rpm (específica de 81,6 cv/l) e o torque de 43 m.kgf a 5.000 rpm eram bastante expressivos. Com tração traseira, a caixa manual tinha cinco marchas e o desempenho impressionava: de 0 a 100 km/h em 5,9 segundos, de 0 a 160 em 12,3 s e velocidade máxima de 260 km/h. Para garantir boa autonomia ao V12, o tanque levava 100 litros.

O desempenho era tão exuberante quanto seu desenho: de 0 a 100 km/h em menos de seis segundos, máxima de 260 km/h

A suspensão lhe conferia ótima estabilidade, com tendência de sair de traseira no limite. Na frente era independente com molas helicoidais; atrás, eixo De Dion e molas semi-elípticas. Os quatro freios usavam tambores — discos ainda eram raros na época. Poucos concorrentes estavam à altura deste Ferrari: os ingleses Bentley S Continental e Aston Martin DB4 GT e o alemão Mercedes-Benz 300 SL “Asa de Gaivota”. Era um carro para aqueles habituados a marcas superiores e muito exigentes.

Um exemplar de linhas um tanto estranhas foi construído pelo estúdio Ghia. Tinha uma enorme grade oblonga e cromada, pára-brisa panorâmico e linhas que misturavam curvas e ângulos. Eram muito futuristas, como a dos carros-conceito apresentados em salões americanos, e aproveitavam a moda da inspiração em foguetes. Os rabos-de-peixe eram exagerados e toda a carroceria esbanjava cromados para agradar em cheio aos americanos, que nesta época gostavam de automóveis pouco discretos.

A versão elaborada por Ghia: grandes rabos-de-peixe e muitos cromados, em um exagero de estilo para agradar aos americanos

Em 1959 foi apresentado um exemplar único de despedida da série 410 Superamerica: um cupê Pinin Farina muito bonito, com linhas mais retas e discretas, faróis carenados e pára-choques cromados e finos. Tanto este quanto os outros são vencedores habituais de concursos de elegância em todo o mundo. Jóias raras que qualquer colecionador amaria ter. Enzo começou assim a “fazer a América”!

Carros do Passado - Página principal - Escreva-nos

© Copyright - Best Cars Web Site - Todos os direitos reservados - Política de privacidade