No topo da gama

Antes da unificação de plataformas com a Fiat, a Lancia
produziu o sedã Gamma e sua atraente versão cupê

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

A italiana Lancia, fundada em 1906 e parte integrante do Grupo Fiat desde 1969, teve no início de sua história o hábito de denominar os automóveis com letras do alfabeto grego. Foi assim com os modelos Alfa, Beta, Gamma, Delta, Epsilon, Zeta, Eta e Theta, anteriores à Primeira Guerra Mundial, assim como no Lambda e no Kappa produzidos entre os dois conflitos. Esse padrão foi abandonado no pós-guerra, mas retornou décadas mais tarde com o lançamento do modelo médio Beta, em 1971.

Cinco anos depois, um novo Lancia dava seguimento à denominação grega. No Salão de Genebra de 1976 era apresentado o Gamma, automóvel de porte médio-grande destinado a competir no segmento de luxo. O nome desse sucessor do Flavia era uma sequência natural, pois beta é a segunda letra do alfabeto grego, e gama, a terceira (não existiu nessa fase um Lancia Alfa, certamente porque o grupo italiano já contava com a marca Alfa Romeo). Segundo modelo da empresa desenvolvido sob supervisão da Fiat, ele assumia a posição de topo da linha de sedãs Lancia.

Embora coerente com sua época, o desenho do Gamma Berlina não primava pela elegância: a frente imponente destoava da traseira em formato fastback

O Gamma oferecia duas opções de carroceria: o Berlina ou sedã, com formato fastback e quatro portas, e o cupê de três volumes (lançado um ano depois). Ambos desenhados pelo estúdio italiano Pininfarina, o segundo tinha a carroceria também produzida pela empresa. As linhas do sedã eram coerentes com seu tempo, mas não impressionavam. Havia certa dissonância entre a frente imponente, com quatro faróis circulares ladeando a grade característica da marca, e a traseira algo saturada de adornos, com aletas atrás dos vidros laterais. De resto, o desenho retilíneo e a ampla área envidraçada estavam de acordo com as tendências da época.

O cupê não era apenas uma versão de duas portas do sedã, mas um carro com identidade própria e estilo elegante. Bem proporcionado, tinha o capô à mesma altura da traseira, lentes retangulares sobre os quatro faróis e a seção central do porta-malas mais baixa que as laterais. Um largo sulco cortava as laterais, pouco abaixo das maçanetas. Embora se tratasse de desenho exclusivo, era clara a semelhança com o Fiat 130 cupê. As dimensões eram distintas entre os Gammas: o sedã media 4,58 metros de comprimento, 1,41 m de altura e 2,57 m de distância entre eixos; o cupê, 4,48, 1,33 e 2,55 m, na mesma ordem. Apenas a largura de 1,73 m era a mesma. O quatro-portas também pesava mais, 1.320 ante 1.290 kg.

O cupê, desenhado e produzido pela Pininfarina, era bem mais charmoso e equilibrado; notem-se o sulco nas laterais e a seção central do porta-malas mais baixa

A Lancia havia estudado um motor V6 para o Gamma, mas não chegou a usá-lo — certamente por causa da crise do petróleo deflagrada em 1973, que derrubou as vendas de carros de maior consumo no mundo todo. Em seu lugar aplicou uma nova unidade de quatro cilindros opostos, configuração bem escolhida pelo baixo índice de vibrações e por permitir um capô mais baixo que em um motor de cilindros em linha ou em "V". Em posição longitudinal, com comando de válvulas nos cabeçotes e alimentado por carburador Weber de corpo duplo, o boxer de 2.484 cm³ desenvolvia a potência de 140 cv a 5.400 rpm e o torque máximo de 21 m.kgf a 3.000 rpm. Continua

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Data de publicação: 7/8/07

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