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O derradeiro toque de um mestre

Há um século Vincenzo Lancia criou uma fábrica
fadada a ousadias como o Aprilia, seu último projeto

Texto: Fabiano Pereira - Fotos: divulgação

Enquanto esteve sob comando de seu fundador, a italiana Lancia foi um dos mais criativos fabricantes de automóveis do século 20. O primeiro produto criado por Vincenzo Lancia para a marca que leva seu sobrenome chegou ao mercado em 1907, um ano após a fundação da empresa. Batizado de 12 HP, ele mais tarde seria chamado de Alpha, na fase em que os carros da marca já usavam letras do alfabeto grego no nome — o que se mantém até hoje. Tinha eixo dianteiro de estrutura tubular, uma inovação modesta perto de outras que viriam com os modelos Lambda e Aprilia, este o último projetado sob a regência do empresário e engenheiro italiano.

Nascido em uma família abonada de Fobello, Val Sesia, Vincenzo Lancia ainda cedo se interessou por mecânica. A contragosto do pai, foi trabalhar como assistente numa oficina que produzia bicicletas, a Welleyes. Quando esta lançou um automóvel, a demanda foi tal que a Fiat assumiu o controle da empresa para dar conta dos pedidos. Aos 19 anos Lancia já era inspetor-chefe e piloto de testes da Fiat. A boa impressão que causou lhe rendeu um convite para ser piloto de corridas da marca, nas quais ele revelou ímpeto ao volante. Em 29 de novembro de 1906, o jovem e seu amigo Claudio Fogolin fundavam a Lancia.

Inovações técnicas, como a suspensão independente à frente e atrás e o motor com câmaras hemisféricas, contribuíram para eleger o Aprilia um dos 100 concorrentes ao título de Carro do Século 20

O século que se seguiria traria inúmeras vitórias nas pistas e marcantes inovações tecnológicas sob a bandeira da Lancia. Para se ter uma idéia, na eleição do Carro do Século 20 em 1999, vencida pelo Ford Modelo T, seis Lancias figuravam entre os 100 finalistas, mais que qualquer outro fabricante. Além do Lambda Torpedo (1922-1931), constavam o Aurelia B10 (1950-1954), o Aurelia B24 Spider (1954-1956), o Stratos HF Berlinetta (1973-1975), o Fulvia HF Coupé (1965-1976). O sexto Lancia reconhecido nesse grupo pelos jornalistas especializados de todo mundo que realizaram a eleição foi o Aprilia (1937-1949).

Se em 1922 o Lambda já havia surpreendido o mundo, com a estrutura monobloco e a suspensão dianteira independente, o que contribuiu para a imagem da empresa, o Aprilia viria arrematar tais inovações levando-as adiante. Sua suspensão era independente em ambos os eixos e as câmaras de combustão do motor de quatro cilindros em "V" eram hemisféricas. O toque final ficava por conta da carroceria, que já incorporava conceitos aerodinâmicos da estética conhecida como streamline. O resultado despertou a Lancia do torpor causado pela recepção apenas morna aos modelos Artena, Astura e Augusta.

Embora menos ousado que o Chrysler Airflow e outros modelos aerodinâmicos da época, o desenho deste Lancia mostrava o cuidado com o fluxo de ar, com destaque para a traseira de caimento suave

O motor V4, com um ângulo estreito de 18° entre as bancadas de cilindros, já era conhecido desde os tempos do Lambda. No caso do Aprilia ele deslocava a cilindrada de 1.352 cm³ e rendia a potência máxima de 47 cv a 4.000 rpm. O cabeçote era feito em liga leve, aspecto tão ousado na época quanto a câmara hemisférica. Com tração traseira, usava uma caixa manual de quatro marchas. Continua

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Data de publicação: 19/12/06

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