A virada dos italianos

Primeiro novo projeto da Fiat no pós-guerra, o sedã médio
1400/1900 teve papel expressivo em reerguer a empresa

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

No final da década de 1940 a maioria dos países europeus ainda se recuperava da destruição da Segunda Guerra Mundial. Como a de outros fabricantes de automóveis, a produção da Fiat estava baseada em modelos derivados daqueles feitos antes do conflito, como o pequeno 500 "Topolino" e o 1100 Balilla. O primeiro passo em sua renovação foi a estréia do sedã 1400, no Salão de Genebra em março de 1950.

O três-volumes de médio porte (4,28 metros de comprimento, 2,65 m de distância entre eixos) e quatro portas era o primeiro carro da marca com estrutura monobloco. As linhas eram típicas da tendência conhecida como ponton, simples e arredondadas, com uma ampla grade dianteira, cabine alta com janelas pequenas e pára-lamas mais baixos que o capô e a tampa do porta-malas. O interior, confortável e relativamente espaçoso, tinha bancos inteiriços à frente e atrás e um painel simples e bem-feito. Havia também uma versão conversível de duas portas, a Cabriolet, com capota de lona e estrutura bem diferente, dadas as necessidades de resistência à torção.

Primeiro Fiat com estrutura monobloco, em 1950, o 1400 era oferecido como sedã de quatro portas, no alto, e conversível, ao lado

O motor inicial tinha quatro cilindros em linha, cilindrada de 1.395 cm³, comando de válvulas no bloco e potência máxima de 44 cv a 4.400 rpm, o bastante para razoável aceleração (apesar do peso de 1.160 kg) e velocidade máxima de 120 km/h. O câmbio era manual de quatro marchas, com tração traseira, e os freios usavam tambores. A suspensão dianteira era independente e a traseira por eixo rígido, ambas com molas helicoidais, e os pneus tinham a medida 5,90-14. Uma mecânica simples, mas de acordo com o padrão da categoria.

Dois anos depois, no Salão de Paris em outubro, era apresentado o Fiat 1900. O projeto previa o uso de um motor de oito cilindros, preterido por causa do sistema tributário italiano, que penalizava carros de grande cilindrada. O V8 acabaria sendo usado apenas no carro esporte 8V. Para o 1900 restou um motor de 1.901 cm³, derivado do usado no 1400, que entregava 58 cv a 3.700 rpm e permitia máxima de 135 km/h, mas desagradava pelo alto nível de vibrações.

A versão 1900 aparecia dois anos depois, com motor maior e acabamento superior; a da foto é a 1900 A de 1954, com faróis de neblina junto à grade

Para se diferenciar do modelo menos potente, a carroceria do 1900 recebia frisos e adornos que buscavam um aspecto mais luxuoso, objetivo alcançado também pelo interior, com apoios de braço centrais à frente e atrás. Com base no 1400 Cabriolet aparecia o cupê 1900 Gran Luce, com linhas agradáveis. As amplas janelas (sem colunas centrais e com o vidro traseiro envolvente) justificavam seu nome ao iluminar o interior. Podia vir ainda com teto em tom diferente da carroceria. Em mercados de exportação seu nome era traduzido para Grand Vue ou Grand Light.  Continua

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Data de publicação: 11/7/06

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