A primazia em diesel

Lançado antes da Segunda Guerra Mundial, o Mercedes-Benz
260 D foi o primeiro carro de passeio movido a esse combustível

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

No período entre as duas guerras mundiais, a alemã Mercedes-Benz e a francesa Peugeot disputaram a primazia de colocar, em carros de passeio, os robustos e eficientes motores a diesel. Apresentado em 1892 pelo engenheiro alemão Rudolf Diesel, com o nome de "motor racional a calor", ele tornou-se operacional cinco anos depois, mas só em 1923 seria lançado em um veículo de produção em série — um caminhão da Mercedes.

Em 1921 o engenheiro francês Tartrais apresentava no Salão de Paris um compacto motor desse tipo, a dois tempos, com dois cilindros e potência de 40 cv. Equipado com ele, o protótipo Peugeot 156 cobriu o percurso Paris-Bordeaux com velocidade média de 48 km/h, um espanto para a época. Outra tentativa da marca francesa ocorria em 1928, com o modelo Hirondelle, que viajou 2.350 quilômetros entre seu país e a Alemanha.

O 260 D não trazia inovações no estilo, que era conservador, mas a estréia do motor a diesel em 1936 deu à Mercedes uma importante dianteira sobre os concorrentes

O êxito desses estudos levou à introdução, em 1936, de modelos leves Peugeot e Citroën com motor a diesel — mas apenas para uso comercial e como táxi. Ainda não eram os esperados carros de passeio, que da parte dos franceses viriam só dois anos depois, com o Peugeot 402. A primazia, assim, ficou nas mãos da Mercedes-Benz, que lançou no Salão de Berlim, em fevereiro de 1936, o sedã 260 D.

Não foi um processo fácil: à medida em que se elevavam as rotações do motor a diesel, progresso inerente a seu uso em automóveis, crescia o impacto de suas fortes vibrações ao veículo. Dez anos antes, um caminhão de quatro cilindros da marca alcançava apenas 1.000 rpm; um de seis chegava a 1.300 rpm. Em 1933 a empresa já atingia 2.800 rpm, mas com a desvantagem da vibração.


O motor de 2,6 litros e 45 cv atingia a potência máxima a 3.200 rpm, regime que não está longe dos motores modernos de utilitários; o chassi já contava com suspensão independente nas quatro rodas

Foi preciso muito desenvolvimento até que se obtivesse relativa suavidade de funcionamento. Contribuiu para isso o regulador de temperatura das pré-câmaras de combustão, sistema patenteado pela empresa. O resultado foi um motor de quatro cilindros em linha e 2,6 litros, com válvulas no cabeçote e 45 cv ao regime um tanto alto de 3.200 rpm — pouco menos do que os utilitários a diesel dessa faixa de cilindrada "giram" hoje, 70 anos depois! Instalado no chassi de um modelo 200 com carroceria Landaulet de seis lugares — condição para seu uso como táxi, o principal alvo da marca —, o motor foi exaustivamente testado... e aprovado. Continua

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Data de publicação: 2/8/05

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