Na margem do inconformismo

A fábrica de armamentos Matra criou um pequeno carro
esporte, o 530, para concorrer com marcas famosas

Texto: Francis Castaings - Fotos: divulgação

A sociedade francesa Matra sempre foi uma especialista em armamentos sofisticados, como os que equipam os famosos jatos supersônicos Mirage. E na década de 1960 começou a se interessar pelos carros esporte, graças à iniciativa de Jean-Luc Lagardère, diretor da Matra Sports. Em 1964 adquiriu o controle acionário da pequena fábrica de René Bonnet. Esta produzia em pequena escala o modelo Djet, pequeno esportivo de linhas curvas, equipado com um motor de quatro cilindros Renault em posição central-traseira e carroceria em poliéster.

Deu continuidade à produção deste, mas ao mesmo tempo um novo projeto nascia. O novo carro esporte teria o motor na mesma posição e seria destinado a um público jovem. Por isso, o desenho de sua carroceria deveria surpreender. Philippe Guedon, ex-engenheiro da Simca, foi o pai do novo modelo. O chassi pesava cerca de 140 kg e a carroceria, fabricada em epóxi catalisado, apenas 54 kg.

O 530: faróis escamoteáveis, lanternas circulares, enorme área envidraçada

Causando impacto, o Matra 530A foi exibido em 1965 no Salão de Genebra, na Suíça. O número 530 era o mesmo de um míssil famoso na época. O cupê 2+2 tinha linhas muito interessantes e aerodinâmicas e media 4,16 metros de comprimento. Chegava às ruas só em julho de 1967. Depois de testar os motores do Renault 16 (que fornecia para a Lotus), do BMW 1800 TI, adaptado à posição transversal, e do VW 1500 Tipo 3, optou-se pelo V4 da Ford de 1.699 cm³, que equipava o Taunus 17 M na Alemanha, por ser mais compacto.

Com potência de 70 cv a 4.800 rpm e torque máximo de 13,7 m.kgf a 2.400 rpm, a velocidade máxima era de 172 km/h. Graças a um coeficiente aerodinâmico muito bom, 0,34, testado na fábrica e ao peso total de apenas 935 kg, seu desempenho satisfazia. A caixa de câmbio, com alavanca no assoalho e também da Ford, tinha quatro marchas e, junto do diferencial, estava posicionada atrás do motor. A tração era traseira.

O motor Ford V4, de 1,7 litro e 70 cv, dava bom desempenho ao pequeno francês graças ao baixo peso e à aerodinâmica eficiente

Sua carroceria, em cunha, misturava linhas curvas e retas. Era obra de Jacques Nocher, que também já tinha estado na Simca. A grade dianteira, oblonga e muito fina, tinha inspiração no Matra MS 620 de corrida. Sobre o capô o destaque ficava por conta dos faróis escamoteáveis. A área envidraçada era ótima, tornando a visibilidade do esportivo muito boa; o "vidro" traseiro era na verdade de plástico Plexiglas. Continua

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Data de publicação: 3/2/04

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