A suspensão traseira, independente por semi-eixos oscilantes (como no Volkswagen), utilizava duas molas helicoidais por lado e um recurso interessante: barras de torção auxiliares, uma para cada roda, que atuavam por um comando no painel quando se transportasse mais peso. Os freios a tambor e os pneus 7,10-15 ofereciam segurança suficiente para os padrões de então. O chassi e o diferencial, que era bipartido, podiam ser lubrificados por um sistema automático acionado a pedal pelo motorista.

Malas feitas sob medida eram oferecidas pela Mercedes. Para rodar com mais peso sem perder a estabilidade, o motorista acionava a bordo barras de torção auxiliares na suspensão traseira

O 300 era o maior, mais luxuoso e veloz carro alemão desde o final da Segunda Guerra Mundial. Tão logo o conheceu no salão, Adenauer encomendou um para seu uso oficial, recebendo-o em dezembro de 1951. Seu carro tinha equipamentos especiais como um vidro dividindo os compartimentos de motorista e passageiros (com acionamento manual), telefone via rádio, teto solar e dois estepes. Custou cerca de 20 mil marcos, mais que o dobro do preço de um Opel Käpitan naquele ano.

O chanceler utilizou esse modelo até maio de 1956, quando recebeu o segundo 300, já da versão alongada que ele próprio havia sugerido à Mercedes. O carro crescera na distância entre eixos (de 3,05 para 3,15 metros) e na traseira, de modo a criar 14 cm a mais de espaço para pernas. Antes disso, em março de 1954, o Adenauer havia ganho 10 cv adicionais e freios mais potentes, incluindo servo, na versão chamada 300b, enquanto em setembro de 1955 passava a trazer suspensão traseira aprimorada, vidro posterior mais amplo e a opção de câmbio automático Borg-Warner, na 300c.

Mesmo sem os detalhes encomendados por Adenauer, como telefone via rádio e vidro para dividir a cabine, o 300 era o maior, mais luxuoso e rápido carro alemão de seu tempo

A última evolução, 300d (plataforma W189), introduzia em setembro de 1957 injeção mecânica de combustível Bosch e taxa de compressão elevada a 8,55:1, levando o motor a 160 cv e o carro a 165 km/h. Exibia também estilo renovado, com pára-choques volumosos, lanternas e vidro traseiro maiores, pára-lamas posteriores mais imponentes e janelas laterais traseiras que trocavam as formas arredondadas por mais angulosas.

Como esses vidros também podiam ser abaixados e as portas não tinham molduras nas janelas, era possível rodar com toda a área envidraçada lateral oculta (à exceção dos quebra-ventos), em uma sensação típica de cupê. Era chamado por isso de hardtop limousine, ou sedã com aparência de conversível. Seguindo o estilo americano, podia ter largas faixas brancas nos pneus 7,60-15. Ar-condicionado e direção assistida também eram disponíveis.

A renovação de 1957 o deixou com aparência de hardtop: as portas não tinham molduras nas janelas e quase toda a área envidraçada lateral podia ser abaixada

O conversível desaparecia da oferta, retornando um ano depois apenas sob encomenda. Três modelos com entreeixos mais longo, de 3,60 metros, seriam fabricados após 1960 para usos especiais: um foi carro oficial do Papa João XXIII, os outros eram alugados pela Mercedes por dia, com motorista incluído. Ao ser descontinuado, em 1962, o "Adenauer" acumulava 12.290 unidades produzidas — as remanescentes valem muito hoje no mercado de clássicos, em particular os mais raros conversíveis.

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