Construção inusitada

Com chassi de madeira e motor da Volvo, o carro esporte
inglês Marcos teve uma história das mais conturbadas

Texto: Francis Castaings - Fotos: reprodução

A Inglaterra tinha nos anos 50 uma indústria automobilística forte e bem estruturada. O interessado em carros esporte encontrava opção em modelos caros e sofisticados, mas também em automóveis simples e bastante atraentes. As marcas mais famosas eram Jaguar, Triumph, MG, Austin, Aston Martin e Lotus.

A pequena empresa Marcos Cars Ltd. nascia em 1959, fundada por dois jovens de talento, Jem Marsh e Frank Costin (o nome Marcos era composto por três letras de cada sobrenome). Este tinha experiência em engenharia aeronáutica. Donos de uma oficina mecânica em Luton, produziam acessórios esportivos para automóveis de série. O primeiro carro, produzido em 1960, era exclusivo para as pistas. A estréia de grandes pilotos como Jackie Stewart, que ganhou sua primeira corrida num modelo da marca,  Derek Bell, Jackie Oliver e Jonathan Palmer foi em modelos da pequena empresa.

Mas ela se tornou mais conhecida com a apresentação de um belo GT em 1964: o Marcos Volvo 1800. De linhas curvas e aerodinâmicas, media 4,04 metros de comprimento, apenas 1,05 m de altura e pesava 770 kg. Era extremamente leve graças à carroceria em plástico com fibra de vidro e ao chassi de madeira marítima compensada. Esta inusitada construção, mais rígida que o metal mas menos resistente à tensão, foi inspirada em técnicas empregadas em um avião caça bombardeiro, o Mosquito,  usado pelas forças britânicas na Segunda Guerra Mundial.

Curto, baixo e muito leve (apenas 770 kg), o modelo inicial Marcos Volvo 1800 acelerava bem -- de 0 a 100 km/h em 9 segundos. A técnica de construção do chassi era derivada do caça Mosquito, da Segunda Guerra

A carroceria chamava a atenção pela altura e a frente muito longa, como no Jaguar E-type. Os faróis duplos eram carenados e, abaixo do pára-choque esguio, ficava a entrada de ar do radiador.  A área envidraçada era muito boa para os dois ocupantes. De lado notavam-se as maçanetas verticais para a abertura do capô, que fazia uma peça só com os pára-lamas — o acesso ao motor era muito bom. As belas rodas raiadas com estilo "cubo rápido", mania inglesa na época, eram destaque. Um carro muito bonito e que chamava bastante atenção.

Por sua complexa construção, o conforto era muito limitado. O acesso era difícil e, dentro dele, os bancos eram fixos, presos ao monocoque para maior rigidez. Assim, os pedais e o volante tinham regulagem. Um motorista com maior estatura, depois de alguma ginástica, encontrava a posição ideal para dirigir. Os retrovisores cônicos cromados tornavam o aspecto ainda mais esportivo.

Seu motor era o mesmo do esportivo Volvo P1800 S, longitudinal dianteiro, de quatro cilindros em linha, 1.779 cm³, com comando de válvulas no bloco e alimentado por dois carburadores Stromberg ou, sob encomenda, dois duplos Weber 42 DCOE. Rendia 108 cv a 5.800 rpm e torque de 15,2 m.kgf a 4.000 rpm. Com o capô aberto, os carburadores e as cornetas de aspiração ficavam bem visíveis. A tração era traseira e câmbio de série tinha quatro marchas, mas com opção pelo de cinco, que tinha relações bem curtas. Conforme a carburação e transmissão, a velocidade máxima variava entre 160 e 185 km/h e podia chegar a 100 km/h em nove segundos. Continua

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Data de publicação: 9/12/03

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