O mestre
empreendedor



Famoso por ser o "pai" do Ford Mustang,
Lee Iacocca deu lições de como
administrar a indústria automobilística


Texto: Francis Castaings
Fotos: divulgação

Iacocca e sua mais famosa criação (no alto), no lançamento em Nova York (junto de Henry Ford II e Eugene Bordinat) e junto de Donald Frey

Em 1964, antes da corrida de 500 MIlhas de Indianápolis, Benson Ford (esquerda), Jim Clark (centro) e Lee com o motor Ford duplo-comando

O Mercury Cougar em 1967 e o Lincoln Continental Mark III, um ano depois, foram modelos de sucesso lançados sob a batuta do executivo

São vários os homens emblemáticos e de sucesso no mundo do automóvel, sobretudo nos Estados Unidos e na Europa, onde os primeiros carros tomaram as ruas e as fábricas começaram a produção em massa. Nos EUA, após a Segunda Guerra Mundial, os carros estavam carentes de renovação. A necessária atualização começou no fim da década com modelos mais baixos e menos sisudos.

Foi nessa época que um dos mais famosos homens da indústria começou a trabalhar na Ford Motor Company, em Dearborn, perto de Detroit, no estado de Michigan. Lido Anthony Iacocca, nascido em outubro de 1924 na cidade de Allentown, na Pensilvânia, era filho dos imigrantes italianos Nicola Iacocca e Antonietta Perrotta, que saíram do sul da Itália, perto de Nápoles, no início do século passado para ganhar a América. Quando Lido nasceu, os pais começavam um pequeno negócio de cachorro-quente chamado Orpheum Wiener House. O empreendimento cresceu, sobreviveu duramente à Grande Depressão que começou em 1929 e após a guerra, já com muitos tios vindos da Itália, o nome mudava para Yocco’s. Faz sucesso até hoje.

Antes da Depressão a família era muito próspera e rica. Seu pai chegou a ser sócio de uma empresa de aluguel de carros. Lido teve infância e adolescência felizes, pois se dava muito bem com mãe, pai e a irmã Delma. Seu pai gostava de máquinas e teve uma motocicleta, mas de tanto cair tomou aversão a tudo que tivesse duas rodas. Nem para o filho deu uma bicicleta — Lido dava voltas escondido nas de amigos. Mais tarde o senhor Nicola comprou um Ford Modelo T e, sempre que tinha tempo, gostava de trabalhar na mecânica desse carro popular. Frequentou bons colégios em sua cidade natal e foi muito dedicado. Os pais eram severos, pois não tiveram oportunidade de estudar. Na adolescência teve uma febre reumática que lhe trazia dores terríveis. O tratamento foi demorado e doloroso, diante da medicina não muito avançada na época. Gostava muito de beisebol, mas não pôde mais praticar por conta da doença. Foi para as mesas de baralho. Adorava jogar pôquer, o que lhe deu muita astúcia para o futuro.

Alistou-se nas forças armadas, mas também não lhe deram um posto avançado por conta da doença, embora já curada. Como dirigia o carro do pai com consentimento deste desde os 16 anos, foi colocado para dirigir ambulâncias, jipes e caminhões. Ficou magoado por não combater, mas orgulhoso de ter cumprido o dever. Após esse período cursou o ensino superior na Universidade do Condado de Lehigh, em Bethlehem, não muito longe de Allentown, ainda na Pensilvânia. Começou pela engenharia mecânica, mas não se dava bem com matérias como física, hidráulica, termodinâmica e química. Então optou por engenharia de produção, que tinha matérias administrativas, contabilidade e estatística, que ele dominava com facilidade. Já tinha na cabeça que queria trabalhar na Ford antes de se formar. Possuía um modelo 1938 da marca, com motor V8 de 60 cv, e não achava o carro confiável. Dizia que queria trabalhar em Dearborn para melhorar as máquinas lá produzidas.

Formou-se, fez várias entrevistas e foi aprovado na maioria — mas queria a Ford. Na época um encarregado importante, caçador de talentos, percorria várias universidades do país e entrevistava os rapazes. E Lido Iacocca foi escolhido. Na mesma época, porém, Lehigh informou-lhe que recebera uma bolsa de estudos que cobria todos os gastos para pós-graduação na Universidade Princeton, localizada na cidade homônima do estado de Nova Jérsei. Enviou uma carta para a Ford informando o fato e recebeu a resposta que queria: a empresa guardaria seu lugar. Em agosto de 1946 Lido entrava na fábrica como estagiário. Ele e os outros novatos eram obrigados a conhecer todas as instalações, da mina de ferro da companhia a fundição, estamparia, montagem, depósitos de peças, departamento de compras, refeitório, até o ambulatório. Trabalhou, mas faltava entusiasmo: não queria ficar na fábrica. Queria ver gente todos os dias, trabalhar fora, atuar na área de vendas. Conversou com seus superiores, que lhe fizeram uma carta de apresentação para tentar trabalhar com concessionárias Ford.

Foi para várias cidades do país e na maioria não foi bem recebido, até conhecer Charlie Beacham. Esse homem de vendas, no ramo havia anos, forneceu bons ensinamentos ao jovem. Iacocca passava a vender carros e caminhões para frotistas. Rodava muito pelas estradas norte-americanas com um carro da empresa, cobrindo toda a Costa Leste e carregando pranchetas, quadros, projetores de slides e catálogos. Foi nessa época que resolveu se apresentar como Lee — a maioria das pessoas tinha dificuldade com o nome Lido e também com Iacocca. A Ford se modernizava e um de seus primeiros novos produtos do pós-guerra foi o modelo 1949, que deu origem a versões sedã, perua e o belo Club Coupe. A década de 1950 mudou muito no país. Os carros estavam maiores, mais coloridos, ousados em termos de estilo e com motores de grande potência. Era a retomada do crescimento e as várias empresas faziam de tudo para agradar o cliente. Continua

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Data de publicação: 9/2/10

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