
A estreia como piloto
profissional, em 1963, com um Renault Gordini no Autódromo de
Interlagos, circuito que mais tarde teria o nome de Pace

Desespero: Moco liderava a Mil
Milhas de 1966 quando houve a pane no Karmann-Ghia da equipe Dacon a
apenas 11 voltas do fim da prova

Prestes a encarar uma carreira
internacional, José Carlos contava com o apoio da namorada (depois
esposa) Elda, na foto com sua mãe, Olga |
Quem diria 50 anos atrás que o Brasil revelaria tantos nomes com talento
inquestionável no automobilismo? Um brasileiro de origem italiana não
demorou a avisar aos europeus que nosso país tinha várias promessas por
vir: Francisco Sacco Landi, mais conhecido como Chico Landi. Na década
de 1960 o automobilismo começou a tomar impulso por aqui, sobretudo nos
circuitos de rua do Rio de Janeiro, na pista paulistana de Interlagos e
nas estradas do Rio Grande do Sul.
No eixo-Rio São Paulo, grandes nomes seriam lançados e alguns fariam
bela carreira internacional. Os irmãos Fittipaldi — Wilsinho e
Emerson — eram presenças
constantes nas pistas, mas viria outro muito importante: José Carlos
Pace. Nascido em 6 de outubro de 1944, o filho caçula de Ângelo e Amélia
Pace era dois anos mais velho que Emerson e paulistano como ele. Ainda
criança ganhou dos pais um carrinho de corrida, um "charutinho" que o
menino gordinho adorava. Com cinco anos foi com os pais para a Itália e
passou seis meses por lá em pequenas cidades. Gostava de assustar os
habitantes pacatos correndo muito em bicicletas.
De volta ao Brasil, os pais já se acostumavam ao menino de boa índole,
mas muito travesso. Com apenas nove anos dirigiu um caminhão carregado
de tijolos. Felizmente não houve acidente — apenas as orelhas de
“Carlinhos” ficaram um pouco maiores... Mais tarde ganhou de um vizinho,
um senhor alemão que era ótimo marceneiro, um carrinho de rolimã. As
corridas nas ladeiras do bairro paulistano de Pacaembu tornaram-se
frequentes. Já na adolescência ganhou um apelido que o acompanharia pelo
resto de sua vida: Moco. Alguns diziam que era pelo fato de ter mãos
pequenas o suficiente para segurar um volante. Na época conheceu os
irmãos Fittipaldi e outros que amavam os veículos e as pistas.
Como a maioria dos iniciantes começou no kart, na equipe Mini, aos 17
anos. Arrojado, fazia a alegria da torcida com suas saídas de traseira,
tornando a corrida mais emocionante. Também dirigia o
Simca Chambord do pai e foi com
ele que conheceu Elda, bela jovem de 14 anos. Começaram a namorar e todo
o equipamento usado na pilotagem ficava na casa dela, pois seu Ângelo e
dona Amélia nem sonhavam que o filho caçula era um frequentador das
pistas. Não se deu bem no kart, porém, por causa do peso e logo
ingressou nas categorias de turismo, que eram as de maior sucesso no
Brasil.
E foi, depois de algumas trapalhadas por causa de pouco treino, num
DKW-Vemag preto bem preparado
que José Carlos chegou em segundo na 100 Milhas de Piracicaba. Estava
ansioso por estrear em Interlagos, o que aconteceu numa prova tumultuada
em agosto de 1963. Alguns carros não estavam dentro do regulamento e, na
classe até 850 cm³, Moco foi o segundo com um
Renault Dauphine. A carreira
estava começando e a corrida em Araraquara, interior de São Paulo, seria
muito importante. Foi sua primeira vitória na classe pilotando um
Willys Interlagos. O carro
era dele, mas o motor foi emprestado por Luiz Antônio Greco, chefe da
equipe oficial de fábrica.
Continua
|