Um olho à frente, outro no retrovisor

No último Editorial do ano, relembramos fatos e lançamentos que
marcaram 2011 — e fazemos nossos pedidos para o novo ano

por Fabrício Samahá

Fabrício Samahá, editor

O que seria de um Editorial de fim de ano sem uma retrospectiva do que se passou nesses 12 meses? Relembrar os fatos mais importantes de 2011 é obrigatório, seja para comemorar o que aconteceu de melhor ou para aprender com o que não foi como deveria. Então, vamos em frente.

O ano começou com dois lançamentos em classes bem distintas em janeiro: o Chery QQ, um chinês entre os carros mais baratos do mercado, e o novo Grand Cherokee da Jeep. Em fevereiro ocorreu o primeiro lançamento de uma fábrica instalada no País, o do Peugeot 408. Em março vieram quase juntos o Toyota Corolla com leve reestilização e o todo novo Volkswagen Jetta, além do Volvo S60 e da estreia da chinesa JAC com o compacto J3.

Abril teve poucos lançamentos: apenas o Audi A7 e a versão nacional do Mitsubishi Pajero Dakar. Maio compensou o atraso com uma avalanche de novidades: Citroën C3 Picasso, Sandero retocado, Audi A1, VW Passat e Mercedes-Benz Classe C remodelados, novas gerações do Mercedes SLK e do VW Touareg. Seguiu-se um junho aquecido pela chegada do BMW 1 M Coupe, do Fiat Bravo T-Jet depois de longo atraso, do cupê Kia Cerato Koup e do grande Cadenza da mesma marca.

Julho marcou poucas alterações no Ford Ka e no VW Polo, ao lado do lançamento à imprensa do MG6 e do MG 550. Agosto foi de dar gosto em quem aprecia importados, pois foram apresentados os compactos Fiat 500 (que passava a vir do México) e Kia Picanto de segunda geração, a minivan JAC J6 e o utilitário esporte Fiat Freemont. Como contraponto, a "aventureira" VW Space Cross vinha da Argentina.

Em setembro mais um mexicano ganhou espaço no mercado, o Nissan March, ao lado do Chevrolet Cruze de produção local e dos sul-coreanos Hyundai Elantra e Veloster. Outubro foi outro mês movimentado com as chegadas de Renault Duster, Ford Fiesta mexicano em carroceria hatch, Audi A6, Range Rover Evoque, Mitsubishi Lancer sedã e hatch, o cupê esporte Peugeot RCZ e o VW Tiguan atualizado.

Veio novembro com lançamentos importantes: segunda geração do Fiat Palio, quarta (em termos de fabricação brasileira) do Honda Civic e os sedãs compactos, mas crescidos, Nissan Versa e Chevrolet Cobalt, além de uma renovação para Toyota Hilux picape e SW4. Enfim, dezembro deu um merecido descanso aos jornalistas, sendo apenas introduzido o VW Amarok de cabine simples.

Protecionismo
À parte os novos modelos e versões, o mercado foi movimentado por outros fatores. A indústria não tem de que se queixar: no acumulado de janeiro a novembro, 2011 superou 2010 na produção de veículos (em quase 1%), nos licenciamentos (em 4,8%) e até nas exportações (em 4,7%), apesar das reclamações de que a baixa cotação do dólar torna os produtos locais menos competitivos no exterior.

Em que pese o cenário tão favorável a quem produz no Brasil, o governo federal criou a necessidade de proteger a "indústria nacional" por um indigesto aumento de 30 pontos percentuais no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para modelos importados, excluindo aqueles trazidos do México e do Mercosul por empresas que fabriquem carros aqui. Tudo devidamente costurado para causar pouco impacto às marcas instaladas no Brasil — que são as grandes importadoras de carros — e grande efeito àquelas que só importam, mesmo que em volume bem menor.

A medida foi contestada, sobretudo por não ter respeitado o prazo de 90 dias para entrar em vigor, e os importadores conseguiram prorrogar para hoje, 16 de dezembro, o início da vigência das novas alíquotas. O caso lembra o ocorrido em um antigo reino...

Enquanto o IPI subia e descia para subir de novo mais tarde, veio a notícia: a maioria dos brasileiros roda em carros inseguros em caso de colisão, mostravam novos testes da entidade Latin NCap com modelos do segmento de entrada. Na falta de legislação adequada, espera-se que a divulgação desse quadro ajude a levar mais consumidores a se interessarem pelo assunto em sua decisão de compra.

Enfim, depois de um ano movimentado, ficam as expectativas para o próximo. E o que este editor gostaria de ver em 2012?

Primeiro: que continue em expansão a concorrência entre marcas, modelos e origens. Não queremos apenas os chineses ou os coreanos, nem só os mexicanos e argentinos, mas todos eles — e muitos mais — para dar opções ao consumidor e acirrar a competição por sua escolha. Esse é o único caminho para termos carros melhores e, quem sabe, menos caros à disposição.

Segundo: que esse direito de escolha seja respeitado pelo governo federal. Não bastasse a carga tributária obscena que pagamos — e não se trata só de carros aqui —, ainda nos querem cercear o direito de recusar um carro nacional e optar por um importado? Produzir automóveis no Brasil é uma atividade lucrativa demais para justificar esse tipo de protecionismo. Se alguém não estiver satisfeito com o cenário de competição, pode fazer as malas hoje mesmo.

Terceiro: que o Poder Público em seus diversos níveis leve mais a sério o automóvel e os motoristas. Que o lamentável estado de grande parte das vias e a proliferação injustificada de lombadas mereçam a atenção das autoridades. Que continue séria fiscalização dos postos para termos combustíveis de qualidade. Que seja exigido dos produtores de álcool seu fornecimento a custos adequados, para que toda a tecnologia desenvolvida nesses motores seja aproveitada — e não com o País todo usando gasolina em carros flexíveis, como hoje. Que a legislação de trânsito seja cumprida na íntegra, e não apenas dois ou três artigos que tragam farta arrecadação mediante multas.

Enfim, não resta dúvida de que teremos muito assunto — de lançamentos a questões de nosso cotidiano ao volante — para conversar no novo ano. Por ora, envio ao leitor e à leitora votos de boas festas e de um excelente 2012!


P.S.: Não deixe de compartilhar com outros leitores seus pedidos ao Papai Noel, sobre o mundo do automóvel, por meio da seção Interface.

Apesar do cenário tão favorável a quem produz no Brasil, o governo quis proteger a "indústria nacional" pelo aumento de IPI para importados



blog comments powered by Disqus

Colunas - Página principal - Envie por e-mail

Data de publicação: 17/12/11

© Copyright - Best Cars Web Site - Todos os direitos reservados - Política de privacidade