
Acessórios como bagageiro sobre
a tampa do motor, rodas especiais e proteções nos para-choques eram
oferecidos pelas concessionárias


Se o motor VW de 80 cv (em cima)
trazia desempenho discreto, o de 110 cv da Porsche o melhorava bastante,
mas o preço não era convincente |
Com
dois carburadores de corpo triplo, comando de
válvulas nos cabeçotes de alumínio e lubrificação com
cárter seco, desenvolvia 110 cv e 16
m.kgf. A velocidade máxima subia para 201 km/h e a aceleração caía para
9,9 s. Nesse caso rodas e pneus eram mais largos (estes em medida 165 R
15 em vez de 155 R 15) e os freios usavam discos dianteiros ventilados.
Outra diferenças do seis-cilindros estavam nos para-choques cromados, em
vez de pintados na cor da carroceria; no painel de instrumentos, que
vinha do irmão 911; no lavador do para-brisa elétrico, ao contrário do
sistema de bomba acionada pelo pé; na buzina de dois tons e no vinil que
cobria a barra estrutural atrás dos bancos. Nos dois casos era usado um
câmbio manual de cinco marchas, que na versão de quatro cilindros
adotava quinta sobremarcha — a caixa
automática Sportomatic foi oferecida em ambos, mas equipou poucos
carros. Em todo 914 a suspensão era independente, sendo do tipo
McPherson com barra de torção à frente e por braços semi-arrastados com
molas helicoidais atrás. Tanto a transmissão quanto a suspensão e os
freios eram fornecidos por Stuttgart.
Se a ideia era um Porsche mais barato, os planos da marca não foram de
todo atendidos. Um ano antes do lançamento do carro, Nordhoff morria e
seu sucessor, Kurt Lotz, não estava tão animado com a parceria. Como o
novo presidente estava mais preocupado com os carros de grande volume da
própria VW e da Audi, o acordo verbal assumido entre as duas marcas foi
posto de lado. Lotz acreditava que os direitos sobre o 914 seriam todos
da VW, a menos que a Porsche ajudasse nas despesas com a estampagem da
carroceria. Stuttgart, ele propunha, poderia continuar com sua parte no
projeto comprando a mecânica VW e a carroceria Karmann com valores
reajustados —
a tal ponto que a carroceria se tornaria mais cara que a do 911 feita
pela mesma empresa. Com isso, o preço final do 914 ficou mais alto que o
esperado e sua versão de seis cilindros saiu pouca coisa mais barata que
o 911 de entrada.
Como convencer alguém a comprar um carro com elementos de uma marca
popular por um preço pouco inferior a um dos mais desejados esportivos?
Depois de muito jogo de cintura, as empresas resolveram criar a
VW-Porsche Vertriebsgesellschaft (distribuidora) Gmbh. Nos Estados
Unidos os carros levariam apenas a marca Porsche, e na Europa,
Volkswagen-Porsche.
Caro
demais
O preço realmente não
era o chamariz do 914. Em 1970 a versão 1,7 custava US$ 3.595 nos EUA e
um de seus concorrentes, o Datsun
240Z, saía por US$ 3.526 com estilo mais moderno, mais espaço
interno e um motor de 150 cv. O 914/6 chegava a salgados US$ 6.100,
superando em preço o Jaguar E-Type,
de desempenho superior, e deixando bem para trás nesse quesito o
Lotus Elan e o
Alfa Romeo 1750 Spider, pouco
mais lentos. Mas Porsche é Porsche. O prazer de dirigir estava garantido
por conta da estabilidade (em parte auxiliada pela posição do propulsor)
e pela bem estudada posição do motorista, embora o conforto não fosse
palavra de ordem na filosofia do esportivo.
Continua
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