O motor era o mesmo da versão básica, só que um pouco mais potente (72 cv), o que lhe permitia chegar a 153 km/h. Com o motor a injeção alcançava 167 km/h e a aceleração de 0 a 100 km/h era feita em 13 segundos. A suspensão tinha o mesmo esquema que o sedã: na frente, o sistema McPherson com molas helicoidais; atrás, eixo rígido. Usava pneus 165-380. Um ano depois chegava o modelo cupê, de linhas muito elegantes, baseadas nas do conversível e também vindas das mãos do famoso carrozziere italiano.

O enorme entreeixos de 2,84 metros deixava a perua 404 muito espaçosa, a
ponto de caber um terceiro banco; vinha nas versões Comercial e Familiar

Em outubro de 1962 era apresentava a versão que faltava à linha 404: a perua de cinco portas. Com ampla área envidraçada, media 4,58 m de comprimento com um entreeixos alongado de 2,84 m. Por conta destas medidas, alguns diziam que era mais estável que a dupla de esportivos. Suas linhas não eram um primor, mas se mostrava muito prática e o sucesso veio de imediato. Agradava a famílias numerosas, já que havia a opção do terceiro banco, e também a produtores rurais, taxistas, hospitais (como ambulância) e polícias. Estavam disponíveis as versões Familiar, mais luxuosa e bem acabada, e Comercial, mais rústica. Espaço para bagagem tinha de sobra.

A suspensão era mais robusta e atrás recebia estabilizador. Sua única concorrente na França era a Citroën ID Break, já que a Simca Marly (que veio ao Brasil como Jangada) não era mais fabricada. Uma opção de motor muito requisitada, sobretudo por frotistas e taxistas, era a movida a diesel. Tinha 1.816 cm³, 55 cv a 4.000 rpm e 11 m.kgf a 2.250 rpm. Se a velocidade máxima ficava em modestos 130 km/h, o consumo urbano de 12,5 km/l era muito atraente.

A versão Super Luxe competia com modelos de prestígio de toda a Europa e, em 1966, recebia a opção de câmbio automático, com especial interesse no mercado americano

Em 1964 a versão Super Luxe do sedã contava com freios assistidos. O motor com carburador passava a ter 70 cv e o virabrequim de três mancais dava lugar ao de cinco, para funcionamento mais suave. Dois anos depois havia mais uma opção de câmbio: o automático ZF, que agradaria muito ao mercado americano. Nesse ano, 1966, o 404 atingia o segundo lugar em vendas na França, com 200.000 exemplares, ficando atrás somente do Renault 4 L, carro de outra categoria. Continua

O recorde
Em 1965 um 404 especial obteve grande destaque. O protótipo 404 Diesel bateu 40 recordes mundiais na categoria diesel. Percorreu 16.627 quilômetros em 103 horas, a uma média de 161,49 km/h. Foi conduzido por cinco pilotos, que se revezavam dia e noite. Três eram pilotos de testes da casa e os outros profissionais.

O carro era equipado com motor de 2.163 cm3 da marca Indénor, um antigo parceiro da Peugeot desde os tempos do modelo 203. Outro propulsor, de 1.948 cm³, também foi montado visando a outros recordes de categoria. A carroceria era baseada no modelo conversível e tinha partes em alumínio. A meia capota, mais parecida com uma carlinga, tinha desenho aerodinâmico e era protegida por um tubo anti-capotagem. Pintado na cor azul, tinha um grande número 404 nas laterais e filetes amarelos indicando o combustível de cor semelhante. No alto dos pára-lamas traseiros, dando continuidade ao filete, estava a indicação que era movido a diesel.

A frente também era perfilada e tinha quatro faróis circulares de boa potência, sendo dois de longo alcance. Tudo que era supérfluo foi retirado do carro. No mais, respeitava a originalidade. Um curioso artefato foi montado na direção. Conforme a inclinação da pista o acelerador se inclinava, dando mais conforto muscular ao piloto. O item em forma de espiral foi chamado de escargot, caracol no idioma local. Este feito se deu no antigo e famoso autódromo de Monthléry, que dista 21 quilômetros de Paris e tem pistas inclinadas como em Monza, na Itália. Infelizmente, um templo abandonado hoje.
Nas pistas
Na Europa os ralis regionais são de grande importância. Em vários países os campeonatos entre marcas são muito acirrados. Foi aí que o 404 começou. Os terríveis ralis africanos começaram a ser enfrentados por ele em 1961. Ficou em 3º. e 4º. lugares no Safári do Leste Africano, no Quênia.

Em 1963 tentou uma nova empreitada: enfrentar as marcas alemãs nos ralis da África. E teve êxito: nas mãos de Novicky e Cliff, chegou ao lugar mais alto do pódio no Safári. No ano seguinte repetia a proeza na 100 Milhas de Tanganica e no Rali de Uganda. A fama da Peugeot em competições africanas estava apenas começando. Em 1965, o piloto Ernesto Santamarina ganhava o Rali da Argentina. O percurso de 4.237 quilômetros

foi, em boa parte, feito nas alturas da Cordilheira dos Andes. Uma conquista sul-americana muito importante para a marca. Em 1966 e 1967 Bert Shankland, que já havia vencido em Tanganica em 1964, tornou a faturar o terrível Rali do Quênia. Ao contrário de hoje, eram carros bem próximos aos de produção em série.

Inusitada foi a participação de um picape 404 em 1979 no famoso Rali Paris-Dacar. Como o piloto francês Marc André e o co-piloto Philippe Puyfoulhoux eram muito amigos do organizador Thierry Sabine, este pediu à dupla que fosse para a praia de Dacar avisar que os pilotos finalistas estavam chegando. Mas a multidão os aclamou como campeões. Na verdade, neste rali com 200 concorrentes a dupla chegou em 73ª. posição.

Também participou da dura prova Londres-Cidade do México em 1970. A largada se deu no famoso estádio de Wembley. Foram 25.750 km pela Europa, América do Sul e América Central. Enfrentaram a dura prova os mais diversos tipos de carros, desde modestos Volkswagens até sofisticados Rolls-Royce. Marcas como BMW, Datsun, Mercedes-Benz, Moskvitch, Austin, Citroën e Peugeot tiveram participação importante. Nesta corrida maluca, vencida por um Ford Escort 850 GT pilotado por Hannu Mikkola, um Peugeot 404 chegou em 19º. lugar. De uma centena de inscritos, só 23 chegaram à capital mexicana.

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