O sucesso da linha Eight foi tal que, em 1929, a Packard decidiu eliminar o modelo de 12 cilindros e se concentrar no de oito

Das muitas versões de 1929, o Speedster (embaixo) era o mais potente: 130 cv com comando de válvulas e taxa de compressão especiais

Para 1930, maior entreeixos no Standard e câmbio de quatro marchas

Com maior diâmetro de cilindros, 88,9 mm, e cilindrada de 6.306 cm³, o motor passava a render 105 cv em 1927, mas a variedade de carrocerias para o modelo foi reduzida. Isso abriu terreno para a estratégia a ser adotada no ano seguinte, quando um cupê conversível enriqueceu a linha. Além de eliminar o chassi mais curto, o fabricante dividiu o modelo em Standard Eight e Custom Eight.

O primeiro tinha acabamento completo e o segundo um pouco simplificado, de modo a estimular personalizações que eram de praxe antes da Segunda Guerra Mundial entre os fabricantes de automóveis de luxo. Dos dois lados do Atlântico, muitos conjuntos de chassi e mecânica das mais renomadas marcas foram vendidos aos mais diversos encarroçadores, para que estes criassem desenhos personalizados, o que era um símbolo de exclusividade e, portanto, status.

Não foi diferente com o Custom Eight. Dietrich, LeBaron, Rollston, Holbrook, Judkins, Derham, Murphy e Fleetwood foram algumas empresas usadas para os Packards desfilarem com toda pompa em plena depressão econômica. Firmas européias também confeccionavam suas criações para o modelo mais sofisticado da marca. O funcionamento de seu oito-em-linha era mais suave que os V8 da Cadillac e da Lincoln, portanto mais adequados a receber as carrocerias dessas outras empresas. Com vendas na casa das 50 mil unidades, a Packard era a líder do segmento de luxo americano.

Oito-em-linha em toda a linha   A aceitação do Eight foi tal que, em 1929, o fabricante aboliu o Six e sedimentou toda sua oferta em versões do modelo de motorização maior. O Eight se dividiu em Standard Eight, Custom Eight, Deluxe Eight e Speedster. Os faróis ganhavam base arredondada e o painel recebia termômetro. Com versões de 3,20 e 3,38 m de entreeixos e entre dois e sete lugares, o Standard Eight ficou no lugar antes reservado ao Six — e até tinha uma versão cupê com assento rebatível atrás, o chamado "banco de sogra".

O Custom e o Deluxe Eight rendiam 109 cv e tinham o sistema de lubrificação Bijur. Eles contavam com duas opções de entreeixos, um de 3,55 e outro de 3,68 m, e ainda dispunham da nova versão Club Coupe do chassi mais curto, com três volumes nítidos, o que era raro na época. No Speedster o comando de válvulas mais esportivo e o cabeçote de alta taxa de compressão faziam o oito-cilindros responder por 130 cv. Este Eight vinha apenas nas versões phaeton e roadster com entreeixos de 3,21 m, mais adequado a sua disposição extra. Continua

Os especiais
Dar conta de tudo o que foi feito em termos de personalização nos Packards de oito cilindros requer muito espaço, pois foram vários os exemplares que sofreram intervenções de firmas de variados portes. Numa escala entre praticidade e sofisticação, podemos, no entanto, demarcar os dois extremos com os carros realizados pela Henney e pela Darrin of Paris.

Fabricante de ambulância, carros fúnebres e veículos profissionais afins, a Henney parou de produzir seus próprios chassis em 1934 e passou a usar os que eram fornecidos pela Cadillac, Lincoln, Oldsmobile, Packard e Pierce-Arrow. Com o fim desta última em 1938, a Packard passou a fornecer seus chassis para os produtos mais caros da empresa. No fim de 1935 era apresentada a série Henney 800, que usava a base mecânica do 120A da Packard.

Em 1936, este fornecedor e a General Motors passaram a produzir chassis comerciais alongados, que se tornaram a fonte de "matéria-prima" para a Henney dali para frente. A linha 1939 da Packard já dispunha de ar-condicionado, o que foi estendido aos modelos especiais. Embora o Clipper já estivesse nas lojas em meados de 1941, todo Henney de antes da guerra era feito sobre chassi das séries 120, 160 e 180. A empresa era o maior fabricante de carros profissionais nos Estados Unidos.

Howard 'Dutch' Darrin operava no outro extremo desse universo. Percebendo a iminência de uma guerra, a grande parte judia de sua clientela em Paris começou a escassear na segunda metade dos anos 30, o que o fez decidir se mudar para Hollywood em 1937. Amigo de Darryl F. Zanuck, um dos chefões da Twentieth Century Fox e ex da Warner, ele foi apresentado a várias celebridades do cinema. Apesar de ser americano de Nova Jersey, a trajetória de Dutch na Europa agregava um toque de sofisticação a sua imagem.

Ao cobrar de 3.800 a 6.300 dólares por um Packard transformado, ele tinha a seu favor a experiência e o apelo de quem já trabalhara para a elite no velho continente. Os Packard-Darrins surgiram em 1940 nas versões conversível Victoria, sedã e sedã conversível. Com a produção engrenada, eles levavam duas semanas para ficar prontos. Os primeiros foram feitos na Califórnia, mas depois a produção foi transferida para Connersville, Indiana, e prosseguiu só até a linha 1941.

O conversível era o mais valorizado deles com seu "Darrin Dip", o desnível descendente das portas, como marca registrada. Entre os ilustres donos de Packard-Darrin estavam Clark Gable (então no auge com o sucesso estrondoso de E o vento levou...), Tyrone Power, Errol Flynn, Al Jolson, Rosalind Russell e outros astros das telas. Graças a esse apoio estelar, o Packard Darrin representava concorrência forte em termos de símbolo de status ao reverenciado Lincoln Continental.

De cima para baixo, personalizações de Darrin sobre modelos 1937 e 1940 (duas versões) da Packard e, na última foto, uma perua Henney

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