O Ka não era menos original por dentro, onde o painel parecia fluir para formar a seção central. Acima dela ficava um charmoso relógio analógico oval. Reentrâncias moldadas no painel formavam o porta-luvas e outros nichos, enquanto o assoalho trazia cavidades moldadas para objetos. Do volante aos painéis de porta, tudo parecia desenhado para atrair os olhos e fugir aos padrões. Como em outros modelos do segmento — caso do Renault Twingo —, havia apenas quatro lugares com os respectivos cintos.

O Ka chegava ao mercado europeu no fim de 1996, com desenho original e irreverente, quatro lugares e derivação mecânica do Fiesta

Mecânica antiga   Para surpresa geral, sob o capô do Ka estava um motor arcaico para sua proposta tão moderna: o Endura-E, uma atualização do Kent lançado pela Ford inglesa na década de 1950. Com bloco e cabeçote de ferro fundido e comando de válvulas no bloco, seu projeto estava bastante superado, mas havia qualidades como economia de combustível e facilidade de manutenção. Além disso, recebeu moderna injeção multiponto seqüencial. Com cilindrada de 1,3 litro, rendia a potência de 60 cv a 5.000 rpm.

Um dos destaques do Ka, o comportamento dinâmico, tinha uma explicação. As rodas quase nos extremos da carroceria, produzindo balanços pequenos, contribuem para concentrar o peso próximo ao centro de rotação do veículo. Reduz-se assim o chamado momento polar de inércia, que representa o peso do veículo conforme sua distribuição por todo ele. O efeito é diminuir as tendência a sair de frente, nas entradas de curva, e de traseira quando se corta a aceleração dentro dela. As versões iniciais eram chamadas de Ka2 e Ka3, esta mais luxuosa, com revestimento dos bancos em couro e ar-condicionado de série.

O StreetKa de conceito era mais potente que o de produção, com motor 1,7-litro de 125 cv, mas seu estilo inspirado no do Audi TT chegaria às ruas inalterado

Em 1999 estreava o Ka Collection, com pára-choques pintados na cor da carroceria. Um teto solar de lona com acionamento elétrico, de amplas dimensões, seria oferecido na edição especial Sun Collection em 2001. Antes disso, no Salão de Turim de 2000 — quatro anos depois de mostrar o conceito Saetta —, o estúdio Ghia voltava a acenar com a proposta de um Ka conversível. O Street Ka lembrava um pouco o Audi TT, pela forma em cunha tanto da frente quanto da traseira, onde as lanternas pareciam rasgos nos pára-lamas. Tinha rodas de 17 pol, capota azul escuro e novo pára-choque dianteiro. Continua

Os conceitos

Além do StreetKa, que acabou por chegar ao mercado (leia no texto principal), a Ford européia desenvolveu outras variações conceituais do Ka.

A primeira, no Salão de Turim de 1998, foi o Turing Ka (foto 1), com traseira alongada e cinco portas. O resultado era até interessante, associado a um chamativo revestimento interno (em couro e tecido marrom com peças em amarelo), rodas de 17 pol com pneus 205/40 e aerofólio traseiro. O motor era o Zetec SE de 1,7 litro, 16 válvulas e 125 cv do cupê Puma e havia freios a disco nas quatro rodas.

O E-Ka (foto 2) foi, segundo a marca, o primeiro carro elétrico com baterias de íon de lítio. Com razoável autonomia de 150 quilômetros, potência equivalente a 88 cv e câmbio de cinco marchas, fazia de 0 a 100 km/h em 12,7 segundos e alcançava 130 km/h. O jogo de baterias pesava 280 kg, cerca de 70% menos que se fossem convencionais de chumbo, e era recarregado em seis horas. Concorria para a agilidade a redução de peso de 45 kg no restante do carro, que usava capô, teto, eixo traseiro e rodas de alumínio.

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