KdFWagen, ou carro da força pela alegria, era como o VW foi apresentado aos trabalhadores alemães; o meio de compra era um programa similar a um consórcio

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Em um material de 1938, ilustrações do modelo de antes da guerra: teto fechado ou corrediço de lona, dois pequenos vidros traseiros, lanternas diminutas atrás

Naquele ano, os primeiros exemplares do sedã desembarcaram nos Estados Unidos, que teriam um papel crucial na história do besouro (leia boxe). Em 1950 chegariam os primeiros ao Brasil, como veremos mais adiante. Gradualmente, o negócio se estabelecia e retomava o papel desenvolvimentista que fora sua meta antes da guerra. É indissociável a participação da VW na recuperação econômica da Alemanha. A empresa foi um dos maiores empregadores do país no pós-guerra e tornou-se o maior exportador alemão de veículos, o que trouxe as tão necessárias divisas à enfraquecida economia local.

Compleição de um besouro   O primeiro protótipo do VW, completado em 6 de fevereiro de 1936, já tinha chassi com suspensão independente nas quatro rodas por barras de torção. Não havia ainda comando hidráulico de freios: o sistema era acionado a cabo. Refrigerado a ar, o motor de 700 cm³ era testado em duas configurações, a dois e a quatro tempos.

Em 24 de fevereiro, um sedã e um conversível eram apresentados para membros da RDA em Berlim. Chamado nessa etapa de V3, o carro teria uma terceira unidade produzida e rodaria mais de 50 mil quilômetros em testes, de outubro a dezembro daquele ano. Mais 30 unidades foram construídas para provas de resistência ainda mais longas. Eram os chamados V30. Essa frota rodou um total de 2,4 milhões de quilômetros em testes.

Para a fábrica e os métodos de produção, Porsche buscou engenheiros alemães que trabalhavam na indústria automobilística americana. Só então ele decidiu o formato do carro, com auxílio de Erwin Komenda (leia boxe) e de um túnel de vento. Depois de definido um motor traseiro a quatro tempos com quatro cilindros contrapostos, receita que teria muitos seguidores (leia boxe), o projeto evoluiu. Deslocava 985 cm³, tinha taxa de compressão de apenas 5,6:1, produzia a potência de 20 cv e usava câmbio de quatro marchas, com tração traseira. O bloco do motor era em liga leve e as rodas mediam 3 x 16 pol. O peso do carro? Apenas 750 kg.

Chamada de Modelo 38, essa série foi apresentada nas duas versões de carroceria já vistas antes e ainda como sedã com teto solar de tecido. O desenho já incluía pára-choques, estribos e as famosas janelas traseiras bipartidas — as janelas pretzel, que renderiam ao modelo o apelido Split-Window ou janela dividida. Cerca de 210 unidades foram produzidas até a guerra eclodir, em 1939.

No desenvolvimento do Kübelwagen e do Schwimmwagen usados pelo exército alemão, em 1943 a cilindrada foi ampliada para 1.131 cm³ e a potência para 25 cv, com torque de 6,9 m.kgf. Com o fim do conflito, em 1945, o bloco do motor e transmissão do VW passaram a ser produzidos em Elektron, uma liga leve com 90% de magnésio. O motor guardava as alterações dos modelos militares de dois anos antes. O motorista pressionava um curioso acelerador em formato de roda.

Nos anos seguintes, o foco foi o aumento da produção e sutis melhorias — na contramão do estilo de fazer carros em Detroit. Ou seja, alterações melhoravam o produto quase sempre sem serem notadas, enquanto os modelos americanos tinham novidades anuais, em geral só no estilo. No fim da década, com Nordhoff na direção da empresa, o VW ganhava as primeiras versões conversíveis, com carrocerias modificadas pela Karmann e Hebmüller (leia boxe abaixo). A primeira tinha quatro lugares e a segunda dois. Continua

Os conversíveis
Logo que a fábrica da VW foi reconstruída no pós-guerra, dois fabricantes de carrocerias lançaram versões conversíveis do Fusca: a Hebmüller e a Karmann.

Clique para ampliar a imagemA empresa Hebmüller und Söhne (Hebmüller e filhos) recebeu de Heinrich Nordhoff ainda em maio de 1948 a encomenda de um conversível de dois lugares (à esquerda). Os primeiros protótipos tiveram problemas estruturais, que chegavam a impedir a regulagem das portas e levar à quebra do pára-brisa pela torção do conjunto. Resolvida a questão, em junho de 1949 ele chegava ao mercado.

Como não havia banco traseiro, a capota de lona encobria as laterais traseiras, atrás das janelas das portas. Detalhe peculiar era a tampa do motor, de produção artesanal e que lembrava o capô do porta-malas dianteiro. O Hebmüller podia vir em preto, branco e vermelho ou com pintura em dois tons — preto e marfim, preto e vermelho, preto e amarelo ou vermelho e marfim.
Clique para ampliar a imagemApesar de um incêndio no setor de pintura que destruiu boa parte da fábrica, a produção foi retomada em apenas um mês. Mas a empresa entrou em dificuldades financeiras e fechou as portas em 1952. Seria absorvida mais tarde pela Ford. Da encomenda de 2.000 unidades, apenas 696 unidades foram feitas.

O outro "encarroçador" a tirar o teto do Fusca, a Karmann GmbH, de Osnabruck, Alemanha, recebeu de Nordhoff a encomenda de 1.000 conversíveis de quatro lugares (acima), mas a parceria foi bem mais longe do que se esperava: até 1980. O carro da Karmann mantinha o chassi original com frente completa, pára-lamas e seção traseira do sedã, que se somavam ao restante da carroceria feito em Osnabruck.

O sucesso do conversível foi tal que ele ganhou requintes com o tempo, como acabamento luxuoso, ar-condicionado e vidro traseiro no lugar do vigia plástico. Com seu êxito, a Karmann tornou-se a maior fábrica de conversíveis do mundo e foi a eleita pela VW para novas parcerias, como na produção do Karmann Ghia e do Golf Cabrio.

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