A Ford europeia tem uma
tradição de êxito em competições com modelos de rua como
Cortina, Escort e Capri. Não seria diferente com o Sierra. Já em
1983 começaram estudos para acoplar a seu motor de quatro
cilindros um cabeçote de alto desempenho desenvolvido pela
Cosworth, fundada em 1958 por Mike Costin e Keith Duckworth
(note que a fusão dos sobrenomes deu origem ao nome da empresa).
Com duplo comando e quatro válvulas por cilindro, ele traria por
si só um razoável aumento de potência, mas a Ford queria mais e
instalou um turbo.
Se na versão RS Cosworth de rua os 204 cv já faziam boa figura
no mercado, o Sierra para as pistas chegava a desenvolver 360
cv. Homologado em 1987, passou a competir em campeonatos de
turismo e de rali pela Europa. Na versão RS 500, que tinha 224
cv para rua, o motor de corridas extraía espantosos 550 cv de
seus 2,0 litros.

Em seu primeiro ano, 1987, o Campeonato Mundial de Carros de
Turismo (WTCC) da FIA expandiu o certame similar europeu ao
incluir provas na Austrália (duas), na Nova Zelândia e no Japão.
O RS teve problemas mecânicos na primeira metade da temporada,
em que enfrentava forte concorrência do BMW M3 entre os carros
do Grupo A. Contudo, em meados do ano a Ford homologava o RS 500
e assumia o domínio do campeonato. O carro da equipe Eggenberger Texaco
Ford (acima) com os pilotos alemães Klaus Ludwig e Klaus Niedzwiedz, o francês Pierre Dieudonné e o inglês Steve Soper
venceu cinco das seis provas remanescentes, obtendo a pole
position em todas, e levou para casa a taça de construtores (o
piloto campeão foi Roberto Ravaglia, com um M3; Ludwig foi
segundo). Essa fase do WTCC durou apenas aquele ano; o
campeonato voltaria à cena só em 2005.

O Sierra também ganhou provas no Campeonato Europeu de Turismo e
levou dois pilotos a faturar o Campeonato Britânico de Carros de
Turismo (BTCC, acima): Andy Rouse, com um XR4i em 1985, e Robb Gravett
com um RS 500 em 1990. Na primeira fase do
Campeonato Alemão de Carros de
Turismo (Deutsche Tourenwagen Meisterschaft, DTM), de 1984 a
1996, o modelo da Ford competiu contra Alfa Romeo, BMW, Opel,
Rover e Volvo, entre outros, e levou o mesmo Ludwig a ser
campeão em 1988. |

Ele venceu ainda campeonatos nacionais de rali
(acima) na França,
Inglaterra, Dinamarca, Holanda, Bélgica e Irlanda. Na Divisão 1
(de carros mais potentes) do Campeonato Europeu da FIA, o RS 500 brilhou. Em 1988 o norueguês Bjørn
Skogstad foi campeão; no ano seguinte o Sierra dominou com
primeiro (o sueco Kenneth Hansen), segundo (Skogstad) e terceiro
lugares (o inglês Trevor Reeves). De 1990 a 1992, Hansen e
Skogstad mantiveram as posições, seguidos nesse último ano por
mais um Sierra, o do sueco Michael Jernberg.

Nos Estados Unidos, Jack Roush colocou o Merkur XR4Ti para
correr na Trans-Am da IMSA (Associação Internacional
do Esporte a Motor) nas mãos de Pete Halsmer e Scott Preutt,
vencendo por quatro anos o título de construtores. No mesmo
país, Rick Byrnes tentou por seis anos bater o recorde de
velocidade para carros de produção com motor de quatro
cilindros, até consegui-lo em 1998. Seu Merkur altamente
modificado (acima) conseguiu a média de 329,8 km/h nos lagos de sal de Bonneville. Na Argentina, o modelo teve boa atuação no
campeonato local Turismo Competición 2000 ou TC2000 (abaixo), no qual
Ruben Daray foi campeão em 1985.

Embora o sucessor do Sierra no mercado — o Mondeo — tenha
participado de provas de turismo, a Ford escolheu outro
substituto para ele nos ralis: o
Escort RS Cosworth,
que era praticamente um Sierra vestido pela
carroceria do Escort, já que usava motor longitudinal e tração
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