

O Daytona R/T (em amarelo e
laranja) busca associação com o clássico de 1969; com outra versão o
Charger atende também às frotas policiais


Com outra denominação do passado
-- Super Bee --, esta série limitada com base no vigoroso SRT-8 acentuou
o caráter intimidador do Charger |
No
Salão de Chicago de 2006 a empresa levava ao público uma variação
lendária do Charger, o Daytona R/T. A decoração estava intimamente
ligada à clássica versão dos anos 60. Com duas cores fortes e típicas,
TopBanana (amarelo) e Go ManGo! (laranja), o Daytona recebia faixas
pretas na seção posterior da lateral e no capô, além de aerofólio, saída
dupla de escapamento e rodas de 18 pol com pneus 235/55. Por dentro,
partes do painel e console recebiam a mesma cor da carroceria e havia
ainda uma plaqueta com o número de série do modelo. O motor Hemi 5,7
ficou 5 cv mais potente com a revisão dos sistemas de escapamento e
admissão. Em tempos de consciência ambiental, havia também
desligamento automático de metade dos
cilindros quando pouca potência fosse solicitada. Nos anos seguintes as
rodas cresciam para 20 pol e a potência passava para 370 cv graças à
adoção de sistema variável de abertura de
válvulas. Outra série especial, de apenas 1.000 unidades, foi a
Super Bee e sua extravagante cor amarela. Adesivos em preto na
carroceria estavam presentes, assim como o mesmo propulsor do SRT-8. Em
2007 outra cor, azul, chegava à versão especial.
No ano do lançamento a Car and Driver testou o Charger R/T. Os
pontos positivos foram a potência do motor Hemi, a suspensão esportiva e
os freios adequados. As ressalvas ficaram por conta dos plásticos duros
e de aspecto barato do interior, das janelas de perfil baixo — como
seteiras de tiro, comparou o artigo — e das quatro portas que não se
justificavam, já que o 300C já as oferecia em um carro com a mesma
mecânica. "O veredicto: é mais visceral e direto que o 300C e a Magnum
R/T". E completava: "É a forma
mais barata de se ter um Hemi de 345 cv sem recorrer a picapes". A
Road & Track colocou o SRT-8 frente a frente ao
Pontiac GTO. O Charger acelerou mais
rápido, apesar de contar com caixa automática em vez da manual do
oponente, e foi um pouco melhor em estabilidade e frenagem, mas custava US$ 10 mil a mais. Em
confronto do R/T ao Pontiac G8 GT em
2008, a Motor Trend destacou no Dodge "a cabine aconchegante, a
vivacidade fornecida pelo Hemi e o clássico bom visual", mas notou que
ele começava "a se sentir ultrapassado e caro demais", pois a
alternativa australiana oferecia um conjunto mais moderno — mais uma vez
— a preço menor.
Se os entusiastas torciam o nariz para o modelo, a polícia o recebia de
braços abertos. Apresentado no Salão de Nova York em 2005 e sendo
vendido no ano seguinte, o pacote policial do Charger era extenso. Os
freios eram preparados para o serviço pesado, assim como o sistema de
arrefecimento; o controle de
estabilidade e a direção eram recalibrados e a alavanca de câmbio
mudava do console para a coluna de direção. Entre os bancos a Dodge
instalou um espaço para rádios, computadores
portáteis e controles de sirenes e luzes. O motor Hemi 5,7 era
suficiente para acelerar de 0 a 96 km/h em 6,2 segundos e atingir 240
km/h. Com esses predicados o Charger policial chegou a vários
departamentos de polícia dos EUA e também do exterior, como Canadá,
Chile, México e Oriente Médio. Em muitas cidades ele substituiu modelos
tradicionais como o Ford Crown
Victoria, que dominava o segmento desde a extinção do
Chevrolet Caprice de tração traseira em
1996. Comparação com o Ford na Motor Trend em 2007, em versões
policiais, apontou melhores aceleração, estabilidade e frenagem no
Dodge.
Sem dúvida o Charger é um dos nomes mais míticos na história dos modelos
esportivos norte-americanos. Embora tenha tido altos e baixos, com a
perda completa de sua proposta original em certos momentos — o que não
foi exclusividade dele —, esse Dodge riscou no asfalto da fama seu nome
com muita pompa e circunstância.
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