Ainda em 1953 era lançado o modelo 404 no Salão de Londres. Em termos de estilo rompia os laços com a origem germânica. A frente tinha dois faróis circulares e, abaixo deles, pequenas luzes de direção. Ao centro, a grade em forma de trapézio invertido com cantos arredondados lembrava mais uma turbina de avião. No meio dela podia vir um terceiro farol circular. Sobre o capô havia uma pequena entrada de ar. Conservava linhas bem fluidas e a traseira, ainda fastback, tinha aletas. Suas formas, desenhadas no melhor conceito aeronáutico da época, foram influenciadas pelo estilo do avião Bristol Brabazon Trans Oceanic.

Mais compacto e leve que os anteriores, o 404 descartava a influência da BMW e sugeria uma turbina com a grade, que podia ter um terceiro farol

Era um legitimo cupê, pois apenas dois ocupantes se acomodavam nele, e mais curto que os anteriores: 4,35 m de ponta a ponta, 2,44 m entre eixos. Por dentro era muito luxuoso. O revestimento do painel, bancos e toda a forração interna era em couro de ótima qualidade. Tinha volante de dois raios e ampla instrumentação ao centro, aplicada sobre madeira nobre. A parte mecânica havia evoluído muito pouco: o cliente podia optar entre um motor com 105 cv e outro pouco mais potente, de 125 cv, que permitia uma velocidade máxima de 175 km/h. O esportivo acelerava bem, com auxílio do baixo peso (1.040 kg), e ganhava muito em estabilidade, comparável a carros de corrida na época.

O 404 era um carro muito caro: chegava a custar quase 50% a mais que um Jaguar XK 150. Sua produção era artesanal e tinha clientes fiéis, embora a Bristol não mantivesse concessionárias: seus compradores iam até o escritório, num bairro nobre da capital inglesa, e encomendavam o automóvel produzido em Filton, nos arredores da cidade de Bristol, cerca de 300 quilômetros a oeste de Londres.

O estranho 405 era um quatro-portas derivado do cupê 404; seu estepe ficava atrás da roda dianteira esquerda, acessível por uma tampa no pára-lama

Baseado neste cupê foi produzida uma bela versão de quatro portas, a 405 — o único Bristol nesta configuração. Era um sedã confortável para quatro pessoas e com um detalhe que chamava a atenção: o local de guarda do estepe. Havia uma tampa no pára-lama dianteiro esquerdo que dava acesso ao pneu. Do outro lado, a mesma tampa servia de acesso a bateria — exotismo com elegância. Em quatro anos de produção foram produzidos apenas 294 sedãs. Um conversível também foi feito pela empresa Abbott de Farnham em apenas 46 unidades.

Novos rumos   Em 1956 a Bristol Aeroplane Company se dividia em três unidades: Bristol Aircraft, Bristol Motors e Bristol Cars. Quatro anos depois era lançado o modelo 406, com poucas diferenças do anterior 404. Baseado nesse cupê foi produzido em pequena série o 406 Zagato GT. Disponível só por um ano, respeitava o estilo inglês da casa, mas tinha o belo toque de origem milanesa. Era mais leve em 250 kg, tinha maior potência (130 cv) e alcançava máxima de 210 km/h, mas custava muito caro. A parte dianteira — grade, faróis e capô — mostrava inspiração no italiano Lancia Flaminia Zagato Sport. Continua

Nas telas
A participação mais importante de um Bristol no cinema foi na série de televisão The Inspector Lynley Mysteries, da BBC inglesa, iniciada em 2001. O detetive Thomas "Tommy" Lynley, da Scotland Yard, usou um Peugeot 607 no primeiro episódio e um Jensen Interceptor em seguida, mas depois adotou o Bristol 410.

O carro, um belo cupê de cor vinho, está presente nos episódios In Pursuit of the Proper Sinner, A Cry for Justice, If Wishes Were Horses (2004), In the Guise of Death, In Divine Proportion, The Seed of Cunning, Word of God (2005), Natural Causes, One Guilty Dead, In the Blink of an Eye e Chinese Walls (2006).
O especial
Além das versões elaboradas por Zagato, que constam do texto principal, outro modelo especial foi o 406 produzido pela Beutler suíça (foto), lançado no Salão de Londres. O cupê muito elegante tinha grade maior com faróis auxiliares, pára-lamas traseiros abaulados e tomada de ar no capô. A empresa, fundada em 1945 pelos irmãos Fritz e Ernst Beutler, tinha experiência em fabricação de carrocerias especiais para MG, Porsche e Volkswagen. E já havia feito alterações para a Bristol no passado, em especial no modelo 401.

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