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Carros do Passado

Lenda britânica

Desenvolvido para usar o novo 3,45-litros da marca, o
Jaguar XK 120 fez sucesso e criou uma linhagem

Texto: Rodrigo Fonseca - Edição: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Durante a Segunda Guerra Mundial, a Jaguar estava impossibilitada de produzir automóveis, para colaborar com o esforço de guerra britânico. Ao fim do conflito a fábrica retomou suas atividades normais, contudo apenas com modelos desenvolvidos no pré-guerra, sem novidades.

Em 1948 a marca concluía o desenvolvimento de um novo chassi, cuja principal inovação era a suspensão independente na dianteira, e de um novo motor, batizado de XK. O nome vem da designação adotada pela Jaguar durante a guerra. Todos os motores desenvolvidos nesse período recebiam a letra X, de experimental, e a letra seguinte correspondia à seqüência dos motores, que no caso foi K.

Clique para ampliar a imagem A Jaguar desenvolveu o Super Sports para utilizar o moderno motor XK, o primeiro de série no mundo com duplo comando de válvulas. Ele logo daria origem ao XK 120 (no alto um modelo de 1953)
Esse motor possuía seis cilindros em linha, 3.442 cm3 e carburadores duplos SU. Tinha seu segredo no virabrequim de aço apoiado sobre sete mancais. Além disso, foi o primeiro motor em série a possuir câmaras de combustão hemisféricas e duplo comando de válvulas no cabeçote -- de alumínio, por sinal. Entre as virtudes do motor estavam a confiabilidade e a resistência. Entre as desvantagens, o XK se mostrava bastante complexo em manutenção -- algo talvez peculiar aos carros europeus, mais notadamente os britânicos.

Com tudo isso gerava 160 cv de potência a 5.100 rpm. Havia sido inicialmente concebido para equipar um sedã de grande porte, o Mark VII, que contudo não estava pronto e só sairia das linhas de montagem em 1950. A Jaguar tinha então um chassi excelente e um motor espetacular -- mas nenhum carro para utilizá-lo, muito menos um carro esporte.
Com cabeçote de alumínio, câmaras hemisféricas e dois carburadores SU, o motor XK de 3,45 litros chegava a 160 cv e levava o esportivo a 192 km/h -- ou 120 mph, origem de sua denominação Clique para ampliar a imagem

A solução veio rápido e partiu do chefão da Jaguar, Willian Lyons. Lyons queria construir um carro esporte de linhas inovadoras para ser o grande chamariz da empresa até que viesse o Mark VII. Seu projeto inicial era de que fosse um carro de pequena produção, praticamente artesanal, para enfeitar salões de automóveis ao redor do mundo e a garagem de poucos afortunados.

O carro foi finalmente apresentado em outubro de 1948 no Earl's Court Motor Show, em Londres, com o nome de Jaguar Super Sports. Utilizando uma versão reduzida do chassi destinado ao Mark VII e o novíssimo motor XK, o Super Sports possuía suspensão dianteira independente, com braços triangulares e barra de torção, e traseira de eixo rígido, com feixe de molas semi-elíticas e amortecedores da marca Girling.

A carroceria de alumínio do projeto original deu lugar à de aço, para simplificar a fabricação. Mas o estilo sinuoso e elegante do Super Sports foi mantido no belo XK 120, um grande sucesso da marca britânica

O câmbio de quatro marchas tinha sincronização nas três últimas e os freios eram a tambor de 300 mm de diâmetro, com acionamento hidráulico. Outra inovação do carro era a utilização do alumínio em larga escala na carroceria. Além disso, seu desenho ousado e de linhas fluidas chamava bastante a atenção. O capô enorme conferia-lhe imponência e classe. O grande volante trazia no centro um adorno em forma de ogiva -- bonito, mas bastante contundente em caso de colisão frontal, principalmente numa época em que nem se sonhava com cinto de segurança. Continua

No Brasil
por Bob Sharp
A marca Jaguar sempre esteve presente no Brasil a partir dos anos 50. Embora em pequena quantidade, chegaram a fazer parte da paisagem brasileira, principalmente no Rio e em São Paulo. Um teto-rígido chegou a participar da última corrida da Gávea (Rio), em 1954, trazido e pilotado pela francesa Madame Fonfonis.

Nas corridas daquela década sempre havia Jaguar XK 120 competindo (na foto uma versão preparada na Europa), principalmente em Interlagos e nos circuitos de rua do Rio, como Maracanã e Quinta da Boa Vista. Na primeira Mil Milhas Brasileira, em 1956, havia um Mk VII entre os concorrentes, mas capotou na curva do Laranja e teve de abandonar a prova.

Na segunda metade dos anos 80, uma réplica do XK 120 chegou a ser produzida em pequena quantidade pela empresa Bola, o Fera 4.1, com motor seis-cilindros 250S de Opala e carroceria em plástico reforçado com fibra-de-vidro. Era bastante fiel ao original, inclusive em disposição básica dos elementos mecânicos, mas a reabertura das importações liquidou este e outros modelos produzidos por pequenos fabricantes nacionais.

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