

"Nariz pontudo" e lanternas
traseiras como turbinas: o estilo original do modelo 1961, "único em
todo o mundo", segundo a Ford


O T-Bird 1963 era o mesmo, salvo
pelas novas versões: uma delas, a Sports Roadster (no anúncio), parecia
imitar os antigos roadsters |

Nariz-bala Por mais
que uma grande idéia estivesse perdida, os Thunderbirds de quatro
lugares ainda eram interessantes. Em 1961 surgia a terceira geração,
diferente de qualquer carro à venda na América. Sua controversa frente
pontuda ganhou um novo apelido, bullet nose (nariz-bala de
revólver), que tornou o modelo conhecido como Bullet Bird
(pássaro-bala). Marcando a estética da nova década, o pára-brisa não era
mais envolvente e a traseira parecia munida de duas turbinas, com
lanternas circulares grandes e simples.
O motor era apenas um: V8 de 390 pol³ (6,4 litros) e os mesmos 300 cv da
versão 352 anterior, só que apenas com caixa automática. Ninguém mais se
impressionava. Um item de série curioso era o volante com deslocamento
lateral, que facilitava muito o acesso. Outros recursos eram freios
auto-ajustáveis, limpadores de pára-brisa elétricos e o primeiro rádio
totalmente transistorizado. Como carro-madrinha da 500 Milhas de
Indianápolis, o T-Bird ganhou destaque, mas as vendas naquele ano
ficaram aquém de 1960, com 62.535 unidades.
Após pequenos retoques de estilo, o modelo 1962 incluía as novas versões
Sports Roadster e Landau Hardtop. Esta tinha acabamento mais requintado,
com teto em vinil. A primeira oferecia uma cobertura de plástico
reforçado com fibra-de-vidro para os bancos traseiros, rodas raiadas e
outros detalhes na carroceria, tentando deixar o grandalhão conversível
com jeito de Little Bird. Apenas 1.307 desses “pseudo-roadsters”
foram feitos, dos quais meros 120 traziam a opção de três carburadores
de corpo duplo, que rendia 340 cv.
Os dois tipos de propulsor continuaram em 1963, quando o carro recebeu
novos vincos nas laterais. Uma edição especial de 2.000 unidades surgiu
no meio do ano, chamada de Principality of Monaco (Principado de
Mônaco). O príncipe Rainier foi presenteado com o primeiro. E se o
Sports Roadster já vendera pouco no ano anterior, em 1963 só atraía 455
compradores, dos quais 37 com carburação tripla. Um item de
colecionador.
Mais um ciclo de três anos se encerrava com a chegada do modelo 1964.
Agora a frente parecia o nariz de um tubarão. Na traseira, lanternas
retangulares nada discretas também marcavam as linhas. O opulento
interior trazia painel maciço, indo de porta a porta, e recursos que
aprimoravam o conforto, como o freio de estacionamento com liberação
automática. Ar-condicionado, controle elétrico dos vidros e dos bancos e
revestimento em couro eram opcionais. O motor 390 era o único à
disposição.
Esses modelos são chamados de Flair Birds (flair é o talento para
fazer coisas com estilo). A receita agradou o suficiente para as vendas
saltarem 32%, totalizando 92.465. Mesmo sem a versão Sports Roadster,
embora ainda com a Landau, alguns consumidores pediam a cobertura
traseira e rodas raiadas. Talvez fosse por influência da deliciosa
Fun, Fun, Fun que os Beach Boys lançaram naquele ano (leia
boxe). Mas uma revolução estava em andamento na Ford, com outro nome
de impacto: Mustang.
Continua
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