


O modelo 1957: pára-choque
contornando a grade, janelas circulares nas colunas traseiras e motores
de até 285 cv


Para 1958, o primeiro Squarebird,
o "pássaro quadrado": linhas retas e quatro lugares, que a publicidade
considerava "o dobro da diversão de ter um" |
Um compressor
Paxton-McCulloch de 500 dólares podia levar os V8 mais fortes a 300 e
340 cv. Em menos de sete segundos o mais potente alcançava 96 km/h, o
máximo de esportividade que o modelo teria em sua existência. Apenas 208
unidades saíram de fábrica com esse equipamento, 13 das quais para
competir na Nascar (leia boxe). Com 21.380
carros produzidos, 1957 seria o ano de maior sucesso dessa geração. A
partir daí as diferenças entre ele e o Corvette ficariam cada vez mais
acentuadas. O Thunderbird 1957 deixaria saudades.
Por dois lugares a mais
Em que pese a idéia original do T-Bird ter
funcionado bem melhor que a do Vette, a Ford rapidamente aceitou
deturpá-la para se adequar às demandas do mercado. Essas, segundo o
fabricante, pediam mais comodidade, o que acarretaria em fazer dele um
conversível de quatro lugares. Em se tratando da predileção americana
por conforto ante à esportividade, o argumento da Ford era bastante
crível.
Talvez um modelo à parte pudesse ter sido criado, ou ainda versões de
dois e quatro lugares pudessem ter convivido na linha — opção
considerada pela Ford. Mas apenas este último chegou com o novo modelo
1958, fabricado ao lado de modelos Lincoln na nova fábrica de Wixom,
Michigan. A decisão coube a Robert S. McNamara, executivo-chefe da
empresa na época, o que mostrava sua nítida predileção por grandes
lucros em relação a grandes carros — no mesmo ano a Ford lançava o
fracassado Edsel. Com apenas três anos, o
Thunderbird já chegava à meia-idade.
Era o fim de um notável roadster. Desde então, passou-se a chamar
a primeira geração de Little Birds, ou passarinhos. Numa alusão à
marchinha sobre as famosas duas polegadas a mais no quadril que tiraram
o título mundial da segunda Miss Brasil, Martha Rocha, em 1954, pode-se
dizer que por dois lugares a mais passaram o Thunderbird para trás.
Agora eram os passageiros do banco posterior que se sentavam sobre o
eixo traseiro, o porta-malas tinha o mesmo tamanho dos de carros grandes
e havia até uma versão de teto rígido e fixo,
hardtop.
A Chevrolet podia respirar aliviada. O Corvette, quase aposentado pelas
baixas vendas, tornara-se o único carro esporte americano. Fãs desse
tipo de automóvel que não se animassem com ele tinham de procurar os
importados. O T-Bird havia sido promovido a “carro de prestígio”. O novo
estilo prenunciava a estética da primeira metade dos anos 1960: bastante
retilíneo, sobretudo nos ângulos do teto. Ganhou o apelido de Squarebird
(pássaro quadrado). Também faria sentido usar a palavra “quadrado” como
gíria para o descrever.
Bem longo (5,2 metros, ante 4,45 do original), vinha equipado com os
quase obrigatórios faróis duplos que tomaram Detroit de assalto em 1958.
O chassi separado da carroceria era substituído por uma estrutura
monobloco. Mesmo sendo mais
protocolar, era um belo carro: tinha um perfil um tanto mais baixo que o
conversível padrão da linha Ford e um ressalto lateral em forma de
projétil. Somente a traseira ficou estranha, com as lanternas duplas separadas por um profundo vinco para a placa, um visual pesado e de
gosto duvidoso. Continua
|