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Quando falam na primorosa obra de engenharia da época que o modelo inaugurou, os admiradores da marca se referem ao pioneirismo técnico desse belo Mercedes. Não bastasse toda essa tecnologia, o 380 foi o primeiro carro esporte da marca com suspensão independente nas quatro rodas, sendo a traseira com semi-eixos oscilantes. Na dianteira estreava o sistema de braços sobrepostos e ambas usavam molas helicoidais (saiba mais sobre os tipos de suspensão). Criava-se assim um novo patamar de conforto e estabilidade, que revolucionou a engenharia automobilística. Gerações de carros trariam o mesmo sistema, incluindo o famoso 300 SL Gull Wing da década de 1950.

Em vez do desempenho tímido do 380, o 500K oferecia velocidades que emocionavam: o motor de 5,0 litros desenvolvia 160 cv, na versão com compressor, e o levava a 160 km/h

Além de pesados, os 380 eram grandes: comprimento de 4,69 metros, largura de 1,73 m, altura de 1,62 m. A beleza das linhas clássicas era privilegiada pelo longo capô, em que o radiador ficava exatamente acima do eixo dianteiro. O 380 podia ser adquirido nas versões sedã quatro-portas, cabriolet para dois ou quatro ocupantes, Tourenwagen de duas portas e Sport-Roadster, todas por 19.500 marcos. Se o cliente preferisse o chassi para instalar uma carroceria customizada — hábito bastante comum na época entre carros mais requintados ou esportivos —, pagava apenas 13.000 marcos. Mas já no Salão de Berlim de 1934, último ano do motor de 3,8 litros, o projeto de Nibel mostrava uma evolução importante em seu estabelecimento como supercarro.

Rumo às autopistas   O número 500 do modelo identificado internamente como W29 já indicava a grande novidade sob o longo capô. Estrela da família, o 500K trazia um oito-cilindros de 5.018 cm³ (86 x 108 mm) com compressor Roots e carburação dupla, que já atingia 160 cv a 3.400 rpm — ou 100 cv na versão sem compressor. Era um caprichado conjunto mecânico, com tudo do mais avançado nos anos 30.

Desenhado com esmero, o 500K nem precisava ser tão exuberante no desempenho; além dos Cabriolets de dois e quatro lugares, o Spezial Roadster, ao lado, causou sensação em 1935

Essa nova e mais potente versão vinha nas configurações Cabriolet de dois ou quatro lugares e Roadster. O 500K tinha desempenho comparável aos modelos da série S dos anos 20, mas era propositalmente feito para esbanjar beleza, ser confortável e mais fácil de dirigir, o que também atraiu o público feminino. O alvo? Consumidores muito endinheirados, claro. E foram eles que pediram mais potência. Sinal dos tempos, a taxa de compressão variava de 5,5:1 a 6,5:1, dependendo da qualidade da gasolina disponível. Para aproveitar melhor a disposição do 500K, a Mercedes oferecia câmbio de quatro marchas e um opcional de cinco — todas sincronizadas, menos a primeira. Ele já pesava 2.300 kg e a suspensão traseira ganhava molas transversais. Continua

Hitler e o 540K
Embora as fotografias históricas costumem mostrar Adolf Hitler acenando de dentro de um imponente Mercedes 770K, há registros de que adquiriu um 540K para uso pessoal. Claro que o carro não poderia ser apenas “mais um 540K”: o do ditador media cerca de seis metros, um a mais que o padrão. O mais alto escalão nazista de fato usava o maior modelo da gama, o 770, do qual quatro foram encomendados durante a guerra. Entretanto, para os altos oficiais que estivessem nos territórios ocupados, o Partido Nazista comprou 17 limusines 540K totalmente blindadas.

Hitler nem gostava de dirigir, mas era um fiel admirador dos Mercedes, pelas vistosas proporções, a potência e, logicamente, a nacionalidade 100% alemã de seus carros. O primeiro Mercedes do ditador custou 20 mil marcos em 1925. Como referência, o Ford mais caro valia 4.800 marcos e, para facilitar, a empresa o deixou pagar em crédito. Pronto, começava ali o favoritismo do Führer pela marca da estrela. Após um acidente em que seu Mercedes teve avarias superficiais e o outro carro ficou totalmente destruído, Hitler decidiu só usar os carros da marca por toda vida. Ele teria nove outros Mercedes, que se tornou o maior fornecedor de carros do Terceiro Reich.
Nas telas

Eis um carro que ainda precisa ser mais valorizado pelo cinema: não existem registros marcantes de participações suas na telas. Mas sabe-se de quatro passagens do 540K por cenas de cinema. Entre elas está L'as des as (1982, fotos acima), uma aventura francesa com Jean-Paul Belmondo. Também francês, o drama Écoute voir... (1979) tem como protagonista a atriz Catherine Deneuve. Mais conhecido é o ganhador do Oscar A lista de Schindler (Schindler's list, 1993), estrelado por Liam Neeson. Há ainda a comédia A volta do fantasma (Topper returns), de 1941, estrelada por Joan Blondell — mais um título com figuração de um Spezial Roadster.

Se não serve de consolo para admiradores cinéfilos dessa série de Mercedes, ao menos é curioso saber que o todo-poderoso chefão dos estúdios Warner, Jack Warner, teve um 540K Spezial Roadster entre todas as exuberantes máquinas que circulavam por Hollywood em seus áureos anos.

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