O desenho do Fiesta expressa
modernidade e até exagera na alta linha de cintura; ficaria mais
equilibrado com maior distância entre os eixos
Bem atual, o estilo do City
remete ao do Civic e esconde bem a origem no Fit; rodas de 15 pol
parecem pequenas para a carroceria volumosa
Harmonia de linhas é ponto de
destaque no Cerato, que teve aprovação unânime dos que opinaram; largura
e entre-eixos maiores o favorecem |
Concepção e
estilo
Estamos diante de
carros recentes mesmo no mercado internacional. Embora use o nome City
desde a década de 1980 (leia
história), a Honda lançou a atual geração entre 2008 e 2009 em
diversos países emergentes, como China, Índia, Tailândia e, claro,
Brasil. Sua plataforma é baseada na do Fit de segunda geração, que
estreou em 2007 em países desenvolvidos.
Na Kia, a linhagem Spectra começou em 2000, passou à segunda geração em
2004 (quando o nome Cerato foi adotado em alguns mercados) e cedeu
espaço em 2009 a um novo modelo, agora vendido como Cerato em parte dos
países e como Forte em outros, como os Estados Unidos. Conhecido por
aqui desde 1995, o Fiesta está na quarta geração para os brasileiros e
na sexta em termos internacionais. A última foi apresentada na Europa
como hatchback em 2008 e apareceu com três volumes na China pouco
depois.
Cada um a seu modo, todos expressam modernidade. O Cerato é talvez o
mais tradicional, com predomínio de linhas retas, sem que pareça menos
atual por isso. Mais largo e com maior distância entre eixos que os
outros, consegue proporções mais harmoniosas. Considerado muito atraente
por todos os que opinaram em nossas avaliações, seu único demérito
parece ser a falta de uma identidade de marca bem fixada: ao mesmo tempo
em que lembra o Honda Civic, ele não se parece tanto com outros modelos
da mesma Kia.
Desse mal o Fiesta não padece, pois é fácil se lembrar do Focus ao
vê-lo. Mas o novo Ford é bem mais ousado no desenho que seu irmão maior,
com destaque aos faróis bastante alongados, à linha de cintura em clara
ascendência rumo à traseira e às janelas laterais de perfil muito baixo.
Se é bonito? A maioria disse que sim, mas com ressalvas a um detalhe ou
outro. Faria bem a seu perfil se as rodas traseiras estivessem mais
recuadas, pois o carro cresceu apenas além das rodas em relação ao
anterior
— o entre-eixos é o mesmo.
O City usa algumas soluções de estilo comuns ao Fiesta, como na linha de
cintura, e guarda forte semelhança com outros Hondas como o Civic. A
exemplo do Ford, porém, não consegue esconder que é mais estreito e
curto entre os eixos que o Cerato, o que o afasta das proporções mais
refinadas que o comprador de um sedã médio costuma apreciar. Nesta
versão DX (e na LX) chama atenção a inadequação visual dos pneus
estreitos e das rodas de 15 pol ao conjunto, o que chega a ser curioso:
não faz muito tempo, a área visível de chapa nas carrocerias de sedãs
era tão menor que rodas 15 "enchiam" muito bem a vista lateral.
A Kia informa o melhor coeficiente
aerodinâmico (Cx), 0,29, enquanto a Ford divulga o índice apenas
regular de 0,33
—esperava-se
menos de um sedã de seu porte e com perfil tão fluido. No Honda, com
base no obtido pelo Civic e pelas formas suaves da carroceria, estima-se
Cx ao redor de 0,30. Com esses valores e a área frontal calculada, a
multiplicação resulta em 0,69 para o City e para o Cerato e, apesar de
sua menor área frontal, 0,75 para o
Fiesta.
Conforto
e conveniência
Não se engane pelo
preço de carros médios: esses sedãs têm interiores simples, com
plásticos rígidos, embora de bom aspecto. Há
pontos que os depreciam, como as maçanetas do Fiesta e os
apoios de braço das portas do City — que, pela falta de espuma sob o
tecido, são um tanto duros. Único do grupo com revestimento em
couro nessa faixa de preço, o Ford obtém aspecto mais luxuoso, embora
os frisos brancos nas bordas sejam discutíveis. Nos demais há tecidos algo ásperos, que no Cerato ganham detalhes
vermelhos como as costuras. Esta versão do Kia traz ainda pedais
esportivos e aplique central no painel em um tom grafite de muito bom
gosto.
O motorista acomoda-se bem nos três, embora estranhe no City o
para-brisa e o teto baixos — resultado da adaptação a partir do
Fit, limitada pelo tanque de combustível sob os
bancos. Assento ajustável em altura está
nos três modelos; os volantes têm regulagem em altura e, com exceção do
Cerato, em distância, falta que não chega a incomodar nesse modelo.
Gostamos mais dos bancos do Kia, pois os do Fiesta exageram um pouco nos
apoios laterais (inesperado em um Ford, marca que sempre usou apoios
discretos até demais) e os do City são duros e com apoio lombar
excessivo. Precisa ser revista no Fiesta a alavanca de ajuste de
reclinação do encosto, que fica apertada junto à coluna da porta.
Os painéis são equivalentes em instrumentos, com a curiosidade de todos
eliminarem o termômetro do motor, embora o
Cerato possa indicá-lo no mostrador digital. Nele e no City há uma
luz azul para indicar baixa temperatura, quando se recomenda moderação
no uso; no Fiesta, apenas a luz vermelha de superaquecimento, comum aos
outros. Contudo, o computador de bordo do Kia e do Ford tem mais
funções; o do Honda indica apenas consumo médio e autonomia. Uma
vantagem desse último é informar consumo no padrão brasileiro, km/l, em
vez de litros por 100 km.
Continua
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