Dois carros similares em
mecânica e aerodinâmica, mas com diferença de peso de quase 120
kg, e um terceiro com menores potência, torque e peso e
aerodinâmica menos favorável: em que tudo isso se traduz em
termos de desempenho e consumo? Foi o que a simulação do consultor
Iran Cartaxo buscou responder.
Em velocidade máxima, o binômio potência/aerodinâmica deixou o
Pallas e o 408 à frente do Fluence, com vantagem ao redor de 6
km/h com uso de álcool. Com gasolina tudo fica mais parecido,
pois o Renault perde só 3 cv com a troca de combustível, e os
demais, 8 cv.
O Citroën anda um pouco mais que o Peugeot, com gasolina, por dois
motivos. Um, a área frontal pouco menor, razão para seu menor
consumo de potência a 120 km/h; outro, o melhor acerto de câmbio
para seu motor. Como o 408 requer mais 250 rpm para atingir a
potência máxima e as relações de marcha e de diferencial são
iguais (o Peugeot só tem pneus menores em diâmetro, mas
bem pouco), ele acaba mais distante da rotação ideal que o
Pallas.
Nesse aspecto, o
Fluence está praticamente exato: simulado com as seis marchas
"virtuais" do câmbio em modo manual, mostrou chegar perto da
rotação ideal com gasolina (6.000 rpm) e superá-la por pequena
margem com álcool (5.750 rpm) quando se usa a quinta — não
adianta colocar a sexta, que o deixa mais de 20% abaixo do ponto
de maior potência. Ele tem ainda a menor rotação em uso
rodoviário, e não seria diferente com a gama de relações
prevista pela caixa CVT, bem mais ampla que a dos câmbios de
meras quatro marchas dos adversários. |
A eficiência da caixa X-Tronic, com sua variação de relações
suave e quase sem interromper o fornecimento de potência, ajudou
o Fluence — ao lado do menor peso — também nas acelerações e retomadas, em que obteve
todas as melhores marcas. Mesmo com a menor potência e
precisando trocar de segunda para terceira marcha (o que os adversários
dispensam), ele conseguiu
vantagem de 0,8 segundo sobre o Pallas e de 1,4 s sobre o 408 na
prova de
0 a 100 km/h com álcool. A superioridade aumenta com gasolina,
pois, como já dito, os concorrentes perdem mais cavalos que o
Renault nessa condição.
Mesmo que não se tratasse de uma CVT, a caixa do Renault
tenderia a melhorar seus resultados por ter seis marchas, duas a
mais que as dos outros. O menor intervalo entre as relações faz
com que o motor se mantenha em uma faixa de rotação favorável
após as trocas, o que melhora o desempenho geral, e torna mais
suaves as reduções, em que se evita um brusco aumento de giros.
De fato, ao se dirigir o Fluence em modo manual, é difícil haver
queda de giros de mais de 1.000 rpm nas trocas, mesmo em alta
rotação. Como curiosidade, sua velocidade máxima em quarta (160
km/h) é pouco mais baixa que o limite da terceira dos
rivais.
Por todos esses fatores, e mesmo prejudicado em aerodinâmica, já
se poderia esperar a vitória do Renault também em consumo. Ele
obteve até 1,5 km/l a mais que o Peugeot (no caso de uso de
gasolina em ciclo de estrada) e foi o melhor em todas as
condições simuladas. Mesmo assim, nenhum deles pode ser chamado
de econômico. |