

C4 Pallas: o mais antigo ainda é
o mais ousado por dentro, com volante de cubo fixo e painel digital,
agora com o conta-giros na tela principal


408: interior mais tradicional
com bom gosto, caso dos instrumentos de grafia clássica; a tela do
navegador é retrátil, mas os pedais destoam


Fluence: aspecto mais simples no
painel e plásticos inferiores; o áudio de boa qualidade aproveita mal a
tela do navegador para informações |
De
grande conveniência no Fluence é o cartão-chave inteligente, que permite
acesso ao interior e partida do motor (por botão) com ele no bolso ou na
bolsa, por exemplo. No antigo Mégane o sistema consistia mero charme sem
utilidade, pois era preciso destravar as portas por botão no cartão e,
para a partida, inseri-lo numa fenda do painel.
Agora tudo é realmente prático, sobretudo quando se está com as mãos
ocupadas: as portas se destrancam quando se tocam as maçanetas e voltam
a se travar quando o usuário se afasta do carro (também podem ser
trancadas por botão na porta). Além disso, a partida é assistida: o
motor de arranque funciona pelo tempo exato, mesmo que se aperte botão
por período excessivo ou insuficiente. Curioso é que restou uma
advertência no para-brisa para se dar partida por mais tempo quando o
carro está com álcool...
Sensores de estacionamento na traseira
equipam os três; dianteiros, só 408 e C4, que também trazem indicações
gráficas no painel em adição ao alerta sonoro. Assim, pode-se
identificar um obstáculo em um dos lados e distingui-lo, por exemplo, da
proximidade de uma parede atrás do carro. Renault e Peugeot oferecem
teto solar com comando elétrico, item conveniente que a Citroën deveria
incluir.
Fluence e 408 avaliados tinham navegador por satélite com tela integrada
ao painel, de 5 pol no primeiro e 7 pol no segundo, e ambos mostraram
operação correta. Só o Renault tem controle remoto, que facilita muito a
inserção de endereços (no Peugeot a busca, letra por letra, é feita num
botão no rádio), e aponta limites de velocidade e localização de radares
fixos. Uma curiosidade é poder selecionar voz brasileira ou lusitana e
escolher o ícone entre todos os carros atuais da marca na Europa — além
de um charmoso Alpine A 110 azul,
igual a nosso Willys Interlagos, sinal de que havia um entusiasta por
modelos antigos na equipe que desenvolveu o aparelho. A favor do 408
está a tela retrátil, mais discreta quando se estaciona ou não se usa o
navegador.
Bons detalhes presentes em todos são
controlador e limitador de velocidade, retrovisor interno
fotocrômico, indicação específica de
porta mal fechada, apoio de braço central à frente e atrás, faróis e
limpador de para-brisa com acionamento automático, indicação se o nível
de óleo está correto na partida do motor, maçanetas em tom que
favorece sua localização noturna (cor de alumínio no Fluence e cromadas
nos outros), controle elétrico dos vidros completo (com
função um-toque e
sensor antiesmagamento em todos,
temporizador e fechamento a distância
pela chave, que inclui o teto solar nos carros que o possuem), alerta
sonoro e visual para uso do cinto, luzes de leitura à frente e atrás e
recolhimento elétrico dos retrovisores externos (automático ao trancar o
carro).
Restam poucos destaques individuais além do que já foi citado. A favor
do Fluence há a fixação externa do cinto de segurança no banco, o que
mantém sua regulagem quando se ajusta o assento; bocal do tanque de
combustível com liberação interna, amplo porta-objetos no console
central e luzes nas portas dianteiras que iluminam o piso fora do carro
quando abertas. O Pallas é o único a ter emissão de perfume no ambiente.
Os dois modelos do grupo PSA usam limpador de para-brisa com braços em
sentidos opostos, o que aumenta a área de varredura sobretudo no lado do
passageiro, e comutador de faróis do tipo mais prático, apenas de puxar
e que não permite acendê-los já em facho alto — um arranjo típico dos
carros franceses. Curiosamente a Renault abandonou esse tipo pelo de
puxar e empurrar, talvez por influência sul-coreana no projeto.
Pontos que merecem correção: nos três, a falta de faixa degradê no
para-brisa; no Pallas, a escassez de espaço para objetos; nele e no 408,
a anacrônica necessidade de usar chave para abrir o bocal do tanque; e
no Fluence, os comandos de controlador e limitador de velocidade no
console, posição pouco prática e que soa improvisada. De resto, o
Peugeot deveria ter herdado do 307 sedã a fechadura no porta-luvas (que
o Pallas também tinha, mas perdeu) e as telas contra sol no vidro
traseiro.
O arranjo da cabine do 408 e do C4, com colunas dianteiras mais
avançadas, dá aos ocupantes a sensação de um carro maior, mas sem
vantagem prática em espaço sobre o Fluence. No banco traseiro, qualquer
um deles impressiona pela acomodação das pernas e oferece altura e
largura útil adequadas a dois adultos e uma criança — mesmo nesse
segmento é improvável que três adultos encontrem conforto, até porque os
bancos incomodam quando o passageiro tem de se deslocar mais para a
lateral. O quinto ocupante tem assento razoável e encosto muito
desconfortável em todos eles.
Não falta espaço nos porta-malas: 530 litros no Fluence, 526 no 408 e
513 no C4 Pallas, de acordo com os fabricantes (usamos o número que a
Citroën divulga em outros países, pois aqui fala em 580, capacidade
medida com líquido). Os três contam com banco traseiro bipartido, mas só
no Renault a divisão 60:40 abrange o assento — nos demais fica restrita
ao encosto. A tampa do Fluence deixou para trás as
articulações pantográficas (como as dos
dois concorrentes) que equipavam o Mégane, optando pelas mais baratas
dobradiças do tipo "pescoço de ganso", que tomam espaço da bagagem e
podem amassá-la ao fechar. Nessa faixa de preço, a economia não se
justifica.
Continua
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