O comando de câmbio do Polo é um primor de suavidade e precisão -- a marca não mente ao dizer que é o melhor que já produziu --, deixando para trás o do Corsa, que está longe de ser ruim. Mas a GM acertou totalmente na escolha de relações abertas e longas, do tipo 4+E, para esse motor cheio de torque. Já a VW optou por um câmbio curto em excesso, que realmente incomoda pelo nível de ruído em estrada e pela rapidez com que cada marcha precisa ser trocada -- a ponto de ser possível sair em segunda e passar à quarta sem problemas.

Já foi pior, é verdade: nos primeiros três ou quatro meses de produção, o Polo tinha a quarta e a quinta marcha ainda mais curtas do que no Sedan agora avaliado. Além disso, os pneus 195/55-15 deste representam ligeiro aumento de perímetro (2,7%) sobre os 185/60-14 do hatch que avaliamos em 2002, o que ajuda a alongar a relação final. Mesmo somando quase 8% de alongamento na quinta, o câmbio permanece errado e incômodo. Não é à toa que os primeiros proprietários do carro lamentam tanto essa decisão da marca (saiba mais).

A receita das suspensões é a mesma para ambos, mas com resultados algo diferentes: o rodar do Corsa é mais macio e silencioso, indicação de calibração perfeita para nossos pisos, enquanto o Polo é mais duro e áspero (para o que contribuem os pneus 195/55-15, contra 185/60-14), sem chegar ao desconforto. Mas em comportamento dinâmico o VW dá o troco, certo? Errado: são equivalentes em capacidade de fazer curvas e o GM chega a ser mais equilibrado, revelando tendência mais discreta de sair de frente (ligeiro subesterço é sadio em um carro familiar, mas em excesso prejudica).

Também neste campo o Polo Sedan avaliado indica evolução se comparado ao hatch do ano passado: a adoção de batente hidráulico nos amortecedores dianteiros, sugerida pelo BCWS no comparativo daquele modelo, deixou-o mais silencioso e com maior sensação de robustez ao passar mais rápido por lombadas. O novo Corsa já nasceu muito acertado nesse aspecto.

Ambos dotados de série de direção assistida (com sistema eletroidráulico no Polo e apenas hidráulico no Corsa), são carros de manejo confortável na cidade e seguro na estrada. Os freios também se equivalem e há opção de sistema antitravamento (ABS) nos dois, mas o GM requer revisão na calibração do servo-freio: a assistência da versão 1,8 está excessiva, gerando desconforto pela atuação brusca, mesmo que não chegue a travar as rodas. Com motor 1,0, curiosamente, não houve esse erro.

Os motores: mais força no Corsa (à esquerda), funcionamento menos áspero no Polo

O sistema de iluminação é semelhante: faróis de duplo refletor de superfície complexa, opção de faróis de neblina e luz traseira de mesmo fim, terceira luz de freio. Vantagens do Polo são os repetidores de luzes de direção nos pára-lamas, que a GM lamentavelmente dispensou no Corsa brasileiro (aqui não há mudanças repentinas de direção no trânsito, como na Europa?), e o retrovisor esquerdo biconvexo, de campo visual bem maior que o plano do oponente. Continua