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Carros do Passado

O interior, bem-acabado e requintado, exibia cinco lugares, bancos dianteiros individuais reclináveis, console central com a alavanca de câmbio (manual de quatro marchas), assoalho acarpetado e rádio AM. O volante de três raios combinava com o painel sóbrio, revestido em madeira (jacarandá).

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O interior do Democrata: painel em jacarandá, volante esportivo, console volumoso
entre os bancos reclináveis. Na foto à esquerda aparece a placa original do carro

A carroceria de plástico, utilizada até então apenas no Willys Interlagos -- os fora-de-série, como o Puma e tantos outros, só surgiriam anos depois --, era mais adequada à produção em pequena escala, não nos grandes volumes que a IBAP anunciava. Mas havia a vantagem de permitir a produção imediata e benefícios menores, como ausência de calhas de chuva (que são na verdade emendas dos painéis metálicos), fácil fixação do revestimento do teto e, claro, imunidade à corrosão, mal de que padeciam os carros nacionais daquele tempo.

Naturalmente havia quem desconfiasse de sua resistência, sobretudo em uma época em que, para a maioria, o carro de qualidade era o que menos se danificava em uma colisão -- mesmo que isso implicasse um impacto mais severo aos ocupantes, como se sabe hoje. Para demonstrar sua robustez, a IBAP propunha que interessados "surrassem" uma carroceria de Democrata com canos de ferro durante suas apresentações pelo País afora.

O motor V6 italiano: 2,5 litros, comando nos cabeçotes e potência líquida de 120 cv, que faria dele o mais rápido e veloz carro nacional à metade dos anos 60

Disputa de presidentes   Carroceria e mecânica tinham projeto nacional, da própria IBAP, com exceção do motor: um V6 a 60° de 2,5 litros, com bloco e cabeçote de alumínio (um requinte para a época) e um comando de válvulas em cada cabeçote. Fabricado na Itália pela Procosautom (Proggetazione Costruzione Auto Motori, projeto e construção de automotores), de Milão, dona da famosa Retífica São Paulo na capital paulista, era algo semelhante a motores Alfa Romeo da época.

Algumas fontes afirmam que a IBAP pretendia produzi-lo no Brasil em pouco tempo. Representantes da empresa alegam, no entanto, que "a campanha desenvolvida pelos inimigos", como veremos adiante, "poderia resultar em sabotagem no desenvolvimento do projeto". Por isso o falecido Francisco Landi, ex-piloto de competição e então consultor técnico da IBAP, teria sugerido que os riscos seriam bem menores se todo o conjunto mecânico fosse fabricado fora do Brasil.

Na frente e na traseira, um nome que soaria irônico já em 1964: Presidente Democrata

Uma curiosidade desse V6 era a disposição da admissão e do escapamento, ensejando um fluxo transversal invertido. Enquanto nos motores em "V" tradicionais os dutos de entrada ficam voltados para o centro do "V" e os de saída para o lado externo do motor, no Democrata era ao contrário. A tubulação de escapamento saía do meio do "V" e havia um carburador Solex C40 em cada lado, "pendurado no lado de fora" do motor -- nenhuma vantagem, apenas era diferente.

Outra peculiaridade era o bloco do motor e a carcaça da transmissão formando um conjunto inseparável, como na quase totalidade das motocicletas. A potência de 120 cv (líquidos) a 4.500 rpm -- regime baixo demais, injustificável, considerando o comando nos cabeçotes -- permitia atingir 170 km/h e acelerar de 0 a 100 km/h em apenas 10 segundos, de acordo com a empresa, graças à boa relação peso-potência de 9,6 kg/cv.
Continua

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