

Bom desempenho da versão de 1,6
litro não traz novidades; caixa ASG tem funcionamento adequado e
suspensão recalibrada ganhou conforto



O motor de 1,0 litro e 76 cv é
mal dimensionado para o Fox: pouca força em baixa rotação para um carro
algo pesado e de grande área frontal |
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MOTOR (1,0-litro) - transversal, 4 cilindros em linha;
comando no cabeçote, 2 válvulas por cilindro. Diâmetro e curso:
67,1 x 70,6 mm. Cilindrada: 999 cm3. Taxa de compressão: 13:1.
Injeção multiponto sequencial. Potência máxima: 72 cv (gas.) e
76 cv (álc.) a 5.250 rpm. Torque máximo: 9,7 m.kgf (gas.) e 10,6
m.kgf (álc.) a 3.850 rpm. |
MOTOR (1,6-litro)
- transversal, 4 cilindros em linha; comando no cabeçote, 2
válvulas por cilindro. Diâmetro e curso: 76,5 x 86,9 mm.
Cilindrada: 1.598 cm3. Taxa de compressão: 12,1:1. Injeção
multiponto sequencial. Potência máxima: 101 cv (gas.) e 104 cv (álc.)
a 5.250 rpm. Torque máximo: 15,4 m.kgf (gas.) e 15,6 m.kgf (álc.)
a 2.500 rpm. |
CÂMBIO
- manual, 5 marchas (manual automatizado, 5 marchas, opcional
para versão 1,6); tração dianteira. |
FREIOS
- dianteiros a disco ventilado; traseiros a tambor; antitravamento
(ABS) opcional. |
DIREÇÃO
- de pinhão e cremalheira; assistência hidráulica. |
SUSPENSÃO
- dianteira, independente McPherson; traseira, eixo de torção. |
RODAS
- 6 x 15 pol; pneus, 195/55 R 15. |
DIMENSÕES
- comprimento, 3,823 m; largura, 1,641 m; altura, 1,543 m;
entre-eixos, 2,465 m; capacidade do tanque, 50 l; porta-malas,
260 a 353 l (conforme ajuste do banco); peso, 1.009 kg (1,0),
1.046 kg (1,6 manual) e 1.054 kg (1,6 automatizado). |
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Beleza interior
Se o desenho externo começava a apresentar cansaço, o interior do Fox
sempre pediu uma reformulação. Projetado em tempos de mercado retraído,
que havia recebido o caro Polo sem muito entusiasmo, ele seguiu o
objetivo de obter o máximo de espaço com o mínimo de custos. Isso levou
ao uso de acabamento pobre, com muito plástico duro, e de um quadro de
instrumentos dos piores, em que o conta-giros era mera referência de tão
pequeno. Demorou, mas tudo isso agora é passado.
A primeira boa sensação se tem ao tocar os tecidos de bancos e portas.
Na versão Prime o tecido tem tom azulado, lembrando jeans, misturado com
uma malha de textura muito suave e costura (pesponto) na cor
vermelha. Também os revestimentos de plástico foram repensados, com
textura mais suave ao toque, mesmo em peças como maçanetas e alavanca de
câmbio. O quadro de instrumentos, que lembra o do novo Polo europeu, tem
mostradores grandes e bem legíveis. Um amplo mostrador digital no centro
serve ao computador de bordo e ao
configurador de funções, opcionais inéditos no Fox. Os difusores de
ar vêm em posição bem alta e há espaço para aparelho de áudio maior,
embora os dois modelos opcionais sejam de formato comum, com botões
pequenos e difíceis de usar de imediato. Outro destaque é o volante
opcional, que traz comandos de áudio e telefone (por
interface Bluetooth), além das
"borboletas" de seleção do câmbio automatizado. Tanto o revestimento
quanto a empunhadura do volante estão muito agradáveis.
Algumas qualidades que fizeram o Fox bem aceito foram mantidas, como o
bom espaço interno, o banco traseiro ajustável em distância e as
regulagens de altura e distância do volante, que somadas aos ajustes de
banco permitem encontrar boa posição de dirigir para motoristas de
diferentes biótipos. Agora há temporizador para os faróis, opção de
sensores de estacionamento na traseira e retrovisor direito com
regulagem automática quando é acionada a marcha à ré, para focalizar a
guia. O compartimento de bagagem tem boa capacidade, de 260 a 353 litros
conforme a posição do banco e até 1.016 litros com ele rebatido.
A não ser pelo câmbio opcional, o Fox mantém intocado o trem-de-força,
que havia passado por evolução no ano passado com os motores VHT. No
lançamento em Brasília, DF tivemos contato apenas com a versão Prime
I-Motion, com câmbio automatizado. É o mesmo acionamento de caixa e
embreagem usado no Polo, mesmo porque
os conjuntos mecânicos são iguais, e pode-se usar o câmbio em modos
automático e manual, com opção de programa esportivo (que altera a faixa
de rotação de troca, em uso automático, e torna as mudanças mais rápidas
em modo manual). A VW repetiu aqui a alteração de
escalonamento, em que segunda, terceira
e quarta marcha são mais curtas que na versão manual. O objetivo é
diminuir a variação de rotação do motor nas trocas entre as marchas mais
baixas, para ganho em suavidade. A exemplo de outros sistemas
automatizados, porém, durante as trocas percebe-se um pequeno “soluço”,
tanto nas trocas ascendentes quanto nas reduções. O Polo, pela posição
mais baixa dos ocupantes, tende a suavizar esse efeito em comparação ao
Fox. Faz falta ainda um apoio para o pé esquerdo.
O motor VHT 1,6-litro de duas válvulas por cilindro, flexível, não chega
a ser um primor de desempenho, desenvolvendo 101 cv com gasolina (104
com álcool) a 5.250 rpm, mas se torna esperto pelo bom torque desde
baixa rotação (15,4 ou 15,6 m.kgf a apenas 2.500 rpm) e o adequado peso
total de 1.054 kg. Houve maior cuidado com o isolamento de ruídos e
vibrações e isso se nota em alta rotação, onde a versão antiga
incomodava um pouco. Já o consumo é bom para a categoria, revelando uma
média de 14,3 km/litro de gasolina e 9,7 km/litro de álcool pelos dados
do fabricante. A versão de 1,0 litro, não avaliada agora, certamente
repete a falta de fôlego notada em contato no ano passado. Motor de tão
baixa cilindrada não serve mesmo para carros com mais de uma tonelada
como o Fox, agravado pela grande área frontal e os exagerados pneus
195/55 R 15. Fica nosso conselho de optar pelo 1,6 ou mudar de modelo.
A VW informa que recalibrou a suspensão. Em termos de estabilidade,
tivemos a chance de enfrentar curvas típicas de Brasília, algumas até
inclinadas como se fosse um autódromo. Para um carro alto (1,54 m), ele
se comportou bem, no padrão da categoria. É fácil de controlar e os
pneus mantêm bem o Fox na trajetória. O modelo anterior era um tanto
desconfortável em terrenos irregulares, mas o piso de Brasília não é
adequado para esse tipo de análise, que fica para a avaliação completa.
Ao passar rápido em algumas das milhares de lombadas da capital federal
a suspensão reagiu bem. Conseguimos quebrar o protocolo e fugir do
roteiro estabelecido para o teste dos jornalistas. Acabamos caindo em um
— acredite — congestionamento, em plena Esplanada dos Ministérios. Foi
bom para experimentar o câmbio automatizado no anda-para, mas sentimos
uma reação estranha dos freios em baixa velocidade. Quando o carro está
bem devagar, quase parando, parece que a embreagem é acionada e o freio
estanca de uma vez, mesmo mantendo uma pressão suave e constante no
pedal. Não sentimos reação semelhante em outros carros com câmbio
automatizado.
Em suma, se a intenção da VW foi manter o jeito do Fox, mas com aspecto
mais moderno e um ambiente interno bem mais agradável, o resultado foi
alcançado — até com um toque de sofisticação pelos itens oferecidos. O
câmbio automatizado é quase exclusivo na classe (apenas o Palio ELX 1,8
pode ter, além de Gol e Polo da própria VW) e os atributos conhecidos,
como espaço interno, permanecem atraentes. A lamentar, a falta de
equipamentos de série, em que praticamente todos os recursos de
conforto, conveniência e segurança são cobrados à parte. |