O desenho mais atual e
refinado esconde bem a origem do Symbol, que é um Clio de roupa nova;
esta versão usa rodas de 14 pol com calotas |
Qualquer empresa quer buscar ampla participação de mercado no ramo em
que atua, e uma das maneiras para que isso aconteça é oferecer uma gama
de produtos o mais abrangente possível. Na indústria automobilística,
isso costuma significar a oferta de diferentes versões de acabamento e
motorização. Não é diferente com a Renault, empresa que tenta a todo
custo aumentar sua participação em nosso mercado. Muito desse caminho de
conquista e, por que não, reconquista de espaço já foi conseguido com o
Logan e com o Sandero, carros que apresentam bom resultado de vendas.
Mesmo com o lançamento desses modelos em segmento acima do ocupado pelo
Clio, permaneceu uma lacuna de preço na linha da marca francesa, o que
abriu espaço para o lançamento do Symbol em março passado. Essa
reformulação visual para o conhecido Clio Sedan tem como proposta,
justamente, ser o degrau àquele consumidor que sai do Logan e ainda não
alcança o Mégane. Como um meio-termo entre esses sedãs, o Symbol se
propõe a ser um carro mais luxuoso, equipado e requintado que o Logan,
sem chegar ao tamanho e ao preço do Mégane. No lançamento ele foi
apresentado com um bom pacote de equipamentos, um grande porta-malas de
506 litros e o motor de 1,6 litro e 16 válvulas, em versões de
acabamento Expression e Privilège, esta mais luxuosa. No entanto, a
Renault surpreendeu quando lançou no mês seguinte o mais simples deles
também com o motor 1,6 de oito válvulas, que compõe a versão de entrada
da gama. Será que vale a pena investir nele?
O Symbol, como se sabe, nada mais é do que o Clio Sedan com outra
roupagem — aliás, uma roupa bem melhor. Seu desenho ficou não apenas
mais moderno, mas sobretudo harmonioso, em particular na porção
traseira, em que as lanternas formam um belo conjunto e lembram carros
mais caros. A frente é a parte que mais divide opiniões. Como um todo, o
Symbol agrada. Não é nenhum ícone de beleza, mas um carro inserido
corretamente no contexto atual. O interior recebeu algumas melhorias em
relação ao Clio, embora — novamente — ele seja apenas correto. Mesmo
nessa versão mais simples, os bancos têm revestimento em tecido de boa
qualidade, embora não seja o veludo do Privilège.
Os plásticos do painel e das portas são os mesmos da versão superior, o
mesmo ocorrendo com o quadro de instrumentos, mas esta versão perde o
computador de bordo. Outra falta percebida é o ar-condicionado com
controle automático, mas aqui ele é operado por botões giratórios e
cumpre bem sua função. Externamente há diferenças de acabamento que
trazem um pouco mais de requinte à versão superior, caso das rodas de
alumínio de 15 pol, que no Expression dão espaço a rodas de aço de 14
pol com calotas. A medida dos pneus é mantida do Expression de 16
válvulas, 175/65 R 14.
Andando com o Symbol tem-se a nítida sensação de dirigir um
Clio. Todas as qualidades e defeitos do carro lançado em 1999 se mantêm
no novo sedã, até mesmo o incômodo movimento da alavanca do câmbio em
acelerações. É boa a disposição do motor de oito válvulas, que produz
potência de 92 cv com gasolina e 95 cv com álcool, ante 110/115 cv do
16-válvulas. Em torque a diferença também é expressiva, com 13,7/14,1
m.kgf no oito-válvulas e 15,2/16 m.kgf no 16-válvulas, mas há o
atenuante de que o motor menos potente atinge o ponto máximo a 2.850
rpm, bem antes das 3.750 rpm do mais forte. O oito-válvulas também pesa
50 kg a menos.
Continua |