Complicado mesmo é transpor as rampas de garagens com inclinações de fora-de-estrada que se vêem em alguns edifícios... Em contrapartida, lombadas são superadas sem problemas, tanto vazio como com carga. Mas uma preocupação que vem à mente quando se notam os pneus com banda de rodagem estreita, perfil alto e sílica na composição — portanto, com menor resistência ao rolamento — é como o carro se sai em curvas. Felizmente, as alterações pouco interferiram no comportamento dinâmico. O Blue Motion contorna curvas com segurança e precisão e escorrega pouco mais cedo que as outras versões, demonstrando que a suspensão possui excelente acerto e que a adoção de pneus largos com rodas de 15 pol tem mais efeito estético do que técnico. E é excelente a estabilidade direcional.

Não se pode esquecer que essa versão não tem pretensões esportivas, mas sim econômicas, e ter excelente desempenho em curvas não está em sua lista de prioridades. Os pneus cumprem essa função dentro de suas possibilidades e pouco se nota a tendência de dobrar sobre os ombros, para o que a alta pressão de enchimento colabora. A alta pressão, contudo, se faz notar com o rodar um pouco mais duro — não mais áspero, apenas mais firme, ou seja, as imperfeições são sentidas com um pouco maior intensidade. Mas nada que o desabone ou que torne o carro desagradável em nosso piso.

Mas a melhor de todas as alterações foi o câmbio. Com relações mais longas, ficou simplesmente perfeito para o motor VHT e seu bom torque desde baixas rotações. Ele permite que o motorista explore com suavidade toda a faixa de giros do motor, levando o carro a velocidades mais altas sem que os passageiros se apercebam disso. Além disso, pelo maior intervalo entre as marchas, troca-se menos no uso urbano. A condução esportiva fica de lado quando se usa a quinta, pois a 120 km/h o motor sussurra a 2.650 rpm — parece tudo, menos um Polo! A quem quiser melhor desempenho na estrada basta manter a quarta, que produz rotação semelhante à quinta das outras versões. E seu desempenho geral foi até superior ao do modelo comum, ao lado de importante vantagem em consumo (veja análise e resultados).

As novas relações do câmbio não prejudicam em nenhum instante a condução na cidade ou na estrada, seja com o carro vazio ou carregado. Em situações especificas, como aclives acentuados em rodovia ou algumas lombadas, pode ser necessário reduzir mais uma marcha em comparação a um Polo comum, mas no uso geral o câmbio é tão convincente que deveria ser estendido às demais versões, ao menos como opção.

O pacote de alterações tem um custo: a versão custa R$ 45.340 sem opcionais, 10% a mais que os R$ 41.045 do Polo básico com pintura metálica. É verdade que o Blue Motion traz mais equipamentos de série, mas a diferença é um pouco salgada pelo ar-condicionado automático, sensor de estacionamento, sistema de áudio e rodas de alumínio. Por outro lado, a economia no posto de combustível pode recuperar com o tempo a diferença restante (descontado o valor dos itens que só ele traz), o que o torna uma válida opção para quem roda muito. De fato, esse é um carro para quem tem prazer em obter as melhores marcas de consumo possíveis — o computador de bordo com duas medições não está ali à toa — e, ao mesmo tempo, satisfação em reduzir a emissão de gás carbônico em favor do meio ambiente.

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