As grandes lanternas chamam a
atenção no desenho do Hoggar, criado aqui mesmo; no Escapade cativa a
disposição do motor de 110/113 cv |
Tente puxar da memória um picape Peugeot e o máximo de que vai se
lembrar é do 504 importado da
Argentina no começo dos anos 90 — um utilitário sem pretensões de ser
atraente, com motor a diesel de 2,3 litros e que chamava atenção pela
enorme inscrição "1,3 tonelada" na tampa da caçamba, de início grafada
erroneamente no plural, "toneladas". Os tempos eram outros para a marca
francesa, que nem produzia carros em Porto Real, RJ e ainda engatinhava
no mercado brasileiro. Quase 20 anos depois, bem incorporada à paisagem
do País, a Peugeot lança seu primeiro picape leve, projetado e fabricado
aqui mesmo: o Hoggar (pronuncia-se "ogar", com tônica no "a").
Denominado em referência a uma cadeia de montanhas no sul da Argélia, no
deserto do Saara, na África, o novo membro da linha 207 chega em três
versões: X-Line, XR e Escapade, em ordem ascendente. O X-Line, com preço
sugerido de R$ 31.400, tem o aspecto discreto de um carro de trabalho.
Vem de série com rodas de 14 pol e pneus 175/65, imobilizador de motor,
bancos revestidos em tecido, painel com conta-giros e indicador de
revisão, limpador do para-brisa com temporizador, regulagem de altura do
banco do motorista e do volante, para-sóis com espelho de cortesia,
temporizador de faróis, luz traseira de
neblina, ajuste interno dos retrovisores, vidros verdes, janela traseira
corrediça e tampa da caçamba com travamento por chave. Há um só
opcional, ar-condicionado — deveria existir opção separada de
aquecimento para regiões frias, como o sul do País. Direção assistida
não está disponível.
O XR sai por R$ 35.350 e acrescenta direção assistida, pneus de uso
misto 175/70 em rodas com calotas, faróis com máscara escura, barras
sobre a cabine que terminam na parte traseira das colunas, faróis de
neblina, tampa do porta-luvas e relógio digital. O único grupo de opções
abrange ar-condicionado, controle elétrico dos vidros e travas das
portas, seu travamento automático em movimento e controle remoto para
travá-las. Enfim, o Escapade (R$ 43.500) adiciona para-choques
diferenciados, molduras pretas nos para-lamas, rodas de alumínio de 15
pol com pneus 185/65, ar-condicionado, bancos esportivos, controle
elétrico dos vidros (com função um-toque
para o do motorista), travas (com controle remoto de travamento) e
retrovisores, detalhes internos em cor prata, instrumentos com fundo
claro (que escurece sob baixa iluminação ambiente), pedais esportivos de
alumínio, bolsa para objetos atrás do banco do passageiro, indicadores
de temperatura externa e porta mal fechada, alto-falantes (não há
sistema de áudio), terceira luz de freio e grade protetora do vidro
traseiro. Como opção, apenas bolsas infláveis — freios antitravamento
ABS não são oferecidos.
Há ainda acessórios nas concessionárias como protetor de caçamba,
cobertura marítima, grade para o vidro traseiro, terceira luz de freio,
barras de teto, estrutura de caçamba ("santantônio"), protetor do
para-choque dianteiro, estribos, soleira do tipo alumínio, rede para
objetos, rodas de alumínio, teto solar (rebatível e com comando
elétrico) e rede para transporte de objetos que ultrapassem os limites
da caçamba.
O Hoggar tem desenho quase todo nacional — a exceção fica para a parte
dianteira da cabine, a mesma dos 206 e 207. É um picape bonito. A
Peugeot optou pela ousadia no estilo da traseira, em que se destacam as
grandes lanternas triangulares com três elementos ovalados e luz de ré
só na direita, pois na esquerda vem a luz de neblina. A vista lateral
com as lanternas avançando pelos para-lamas pode causar alguma
estranheza, mas é coerente com o que os faróis fazem na outra
extremidade; além disso, elas são visíveis à noite mesmo quando o carro
está de lado. A frente é do 207, mas no Escapade foi colocado um aplique
em cor de alumínio a pretexto de “quebra-mato”, de gosto questionável —
lembra aquelas dentaduras de Drácula que as crianças usam no Dia das
Bruxas. Discrição nunca foi o forte desses veículos “aventureiros”. Por
ter usado as portas do 207 de cinco portas e não as do modelo de três
(mais longas), a fábrica recorreu a uma pequena janela nas colunas
traseiras que evita deixá-las muito espessas, mesma solução do Montana.
Não se trata de uma cabine estendida, possível opção para o futuro de
que a Peugeot ainda não fala.
Continua |