


O E63 AMG adiciona espaço e
conforto, também pela suspensão com molas a ar, mas não tem a proposta
esportiva mais radical do C63


O interior do E63, mais sóbrio,
e o motor compartilhado entre os três modelos: de 457 a 525 cv e mais de
60 m.kgf de torque máximo |
Na volta seguinte, entre as cerca de 20 feitas em duas sessões, o câmbio
está em modo manual e o ESP na posição esporte. O C63 agora é outro. As
trocas de marcha dependem do motorista (a não ser a redução quando a
rotação cai à marcha-lenta) e são muito rápidas: processam-se em metade
do tempo do modo normal, que já é 30% mais rápido que o de conforto.
Acelerado até o limite de giros, acende-se no mostrador digital do
centro do painel uma ampla indicação em vermelho (2nd Up ou
segunda para cima, por exemplo), mas a caixa não faz a mudança por si
mesma, deixando o motor "ratear". É a forma que muitos preferem em
carros esportivos, pois evita uma troca ascendente indesejada antes de
uma curva rápida.
Da mesma forma, deixa de ocorrer redução automática ao acelerar fundo em
baixa rotação. Mais que uma forma de poupar combustível pelo
método carga, que não era o objetivo,
surge um meio de ouvir o V8 nessas condições, um delicioso
bloblobloblo... A força presente desde abaixo de 2.000 rpm
impressiona, a ponto de fazer pouca diferença que marcha escolher para
contornar as curvas mais abertas do circuito, mas o menor sedã da AMG
quer mesmo é girar. No fim da reta, duas "borboletadas" o trazem de
volta à segunda marcha, com a aceleração interina que cativa os ouvidos.
Quem ouvisse de fora teria certeza de que se fez um perfeito
punta-tacco.
Nas curvas mais velozes, com o ESP em modo esporte e o acelerador a
fundo, o C63 faz a traseira sair com vontade e deixa até o motorista
contra-esterçar para trazê-la de volta, dentro de um limite que talvez
pudesse ser repetido em uma ampla estrada aberta. O controle atua,
percebe-se com clareza, mas bem menos que no modo convencional. A nosso
ver, a calibração é perfeita para conciliar diversão e segurança — e faz
um motorista comum se sentir um Lewis Hamilton, para não sair da marca.
Somem-se a isso os freios superlativos, que não mostram perda de
eficiência nem sob a pior tortura e têm atuação discreta do ABS, e o
pacote interno com bom espaço para quatro adultos, um porta-malas
considerável (475 litros) e fartos itens de conveniência, e tem-se um
carro muito interessante. Defeitos? Só mesmo os esperados de um
esportivo sério, como o desconforto da suspensão, percebido nos trechos
de piso ondulado da pista, ou detalhes perdoáveis como o estepe fino de
uso temporário, já que um pneu integral consumiria espaço demais.
Não que seja tão relevante nessa categoria, mas o C63 ainda é mais
barato que os concorrentes. O preço sugerido de US$ 195 mil (a Mercedes
trabalha em dólar nessas versões especiais) corresponde na cotação de
hoje a cerca de R$ 318 mil, bem menos que os R$ 409 mil do M3 (que por
enquanto vem ao Brasil apenas com duas portas) e que os R$ 481.800 da
perua RS4 Avant, hoje a única versão oferecida pela Audi. E o C63
oferece 37 cv a mais que qualquer um deles.
Os
maiores
Aproveitamos a oportunidade para conhecer também os sedãs maiores E63 e
S63. Embora o motor seja o mesmo, tem calibração e rendimento
específicos: no primeiro são 514 cv e 64,2 m.kgf, e no outro, 525 cv com
o mesmo torque. Apesar da diferença de peso, o "E" vai a 100 km/h nos
mesmos 4,5 s do "C" e o "S" perde para ambos por apenas 0,1 s. A máxima
é limitada aos mesmos 250 km/h — e não há dúvida de que, com tanta
potência, ficaria ao redor de 300 km/h sem o limitador.
Começamos pelo E63 AMG. O grande sedã tem aspecto imponente, mas não
muito ostensivo. Não fosse pelas rodas de 18 pol com grandes freios a
disco bem visíveis (os dianteiros de material composto) e as quatro
saídas de escapamento, quase passaria por um Classe E comum, pois a
carroceria é mais discreta que no C63. No interior a esportividade não
deixa o conforto de lado, com bancos mais confortáveis e fartos itens de
conveniência.
Dotado de suspensão com molas a ar, o E63 roda relativamente macio
quando não exigido, mas se adapta bem ao dirigir com vigor. Parece bem
menor quando se toma curvas em velocidade, pois o amortecimento (com
três programas de funcionamento) varia conforme as exigências, deixando
a suspensão firme na medida certa. A caixa de sete marchas é como a do
C63. Falta mesmo é o modo esporte do ESP, pois com ele ativo não se
consegue "brincar" e desligá-lo é para pilotos experimentados. Um rápido
teste numa das curvas resultou em bela saída de traseira, segura apenas
numa pista como a da avaliação. Não tente fazer isso na rua...
Continua |