


Só o logotipo na traseira
identifica a novidade: o estilo do Focus hatch e sedã, já não tão
moderno, permanece



Com quase 10 cv a mais com
álcool e bom aumento de torque, o motor Zetec Rocam está mais disposto;
os instrumentos ganham a mesma grafia das versões 2,0 |
"Por
que demorou tanto?", é a pergunta inevitável quando se fala no Focus
1,6-litro flexível em combustível. Foi
em outubro de 2004 que a Ford apresentou no Fiesta essa versão do motor
Zetec Rocam, estendida no ano seguinte ao EcoSport. Só agora o médio
feito na Argentina passa a funcionar com álcool e/ou gasolina — o último
hatch e o penúltimo sedã da categoria entre os feitos no Mercosul, à
frente apenas do Corolla por poucas semanas. Um atraso inexplicável para
um fabricante com amplo departamento de Engenharia no Brasil.
Apesar da demora, o resultado atende às expectativas. O motor Ford 1,6
havia sido o primeiro a usar taxa de
compressão adequada ao álcool (12,3:1), o que favorece o desempenho
e o consumo com esse combustível. Esperava-se, de qualquer modo, maior
ganho de potência em relação a Fiesta e EcoSport, assim como acontecia
entre as versões a gasolina — o Focus tinha 5 cv a mais. Mas o aumento
foi mínimo por questão de custos, admite Gilberto Geri, gerente de
desenvolvimento de veículos da empresa.
O Focus Flex desenvolve 105 cv com gasolina (o mesmo que os dois outros
modelos) e 113 cv com álcool (ante 111 cv dos demais), esta uma
vantagem expressiva sobre os 103 cv do antigo modelo a gasolina. O
torque máximo passou de 14,6 m.kgf a 2.750 rpm para 15,1 m.kgf com
gasolina e 16 m.kgf com álcool, a 4.250 rpm em ambos os casos. Embora o
aumento de 54% no regime de maior torque pareça indicar uma perda em
baixa, ela não aconteceu: a 2.500 rpm o novo motor já entrega 98% do
total, ou seja, mais que a versão anterior.
Além das modificações de praxe (como sistema de partida a frio com
gasolina e proteção contra a corrosão do álcool), o Focus teve pequena
mudança na relação da segunda marcha: passou de 1,93 para 2,04,
encurtamento de 5%. Os efeitos são maior agilidade em situações urbanas
e menor espaço entre primeira e segunda nas trocas, um pouco excessivo
no câmbio anterior, embora não incomodasse pela ótima resposta em baixa
do motor. Uma das melhores características do Focus 1,6 — o conceito
4+E, com a quinta destinada a baixa
rotação em viagem — ficou intocado, para alívio de seus apreciadores.
Houve também alterações na embreagem (disco maior), semi-árvores de
transmissão, tensionador da correia de acionamento do alternador,
admissão de ar (nova captação frontal) e sistema de escapamento. Como no
Fiesta e no EcoSport, a válvula termostática do circuito de
arrefecimento tem controle eletrônico, de modo a impor temperatura mais
baixa ao motor quando se usa gasolina, o que ajuda a afastar a
detonação. De qualquer modo, o controle
de "batida de pino" conta com um sensor
por cilindro. O Zetec Rocam é produzido em Taubaté, SP, assim como a
caixa de câmbio.
O peso aumentou 26 kg no caso do hatch. Mesmo assim, o Flex é só
vantagens na comparação de desempenho e consumo pelos dados do
fabricante. A velocidade máxima passou de 175 para 184/180 km/h; a
aceleração de 0 a 100 km/h, de 13 para 12,2/12,8 segundos; a retomada de
50 a 100 km/h em quarta marcha, de 17,2 para 15,1/16,8 s; o consumo
urbano, de 11,7 para 7,8/12,3 km/l, e o rodoviário, de 16,5 para
11,7/18,3 km/l (a ordem é sempre álcool/gasolina no caso do Flex). A
Ford não distingue sedã e hatch quanto aos índices, pois a diferença de
peso é de apenas 15 kg.
Continua |