

As alterações mais sutis são
no Linea, que mantém a potência do motor argentino de 1,85 litro, mas
ganhou torque por margem bem pequena


No Palio, o E-Torq de 1,6 litro
traz de volta o tempero esportivo do motor usado até 2003, embora tenha
havido perda expressiva em baixos giros |
Do Punto para o Doblò, dele para a
família Palio e a Idea e dali para o
Linea: em questão de algumas semanas, quase toda a linha Fiat aderiu aos
motores E-Torq, fabricados em Campo Largo, PR pela divisão FPT, e
substituiu a unidade fornecida desde 2003 pela General Motors — a
exceção é o Stilo, já em fim de carreira, que talvez continue com motor
GM até dar espaço ao Bravo nacional. Como são vários modelos, a Fiat
decidiu fazer um só evento, depois dos dedicados a Punto e Idea, para
que todos pudessem ser avaliados pela imprensa.
Disponível em 1,6 e 1,75 litro, o E-Torq já foi apresentado em detalhes em nossa avaliação
do Punto. A versão 1,6 equipa Palio e Siena em acabamento Essence,
enquanto a 1,75 vem em Palio Adventure, Strada Adventure (com cabine
estendida ou dupla); Doblò HLX, Adventure e Cargo; e Linea LX, HLX e
Absolute. O rendimento é o mesmo, não importa o modelo: no motor de
menor cilindrada, potência de 115 cv com gasolina e 117 com álcool e
torque de 16,2/16,8 m.kgf, na ordem; no maior, 130/132 cv e 18,4/18,9
m.kgf.
Comparados ao antigo 1,8 da GM, o 1,6 obtém potência semelhante,
mas com menor torque e em regime mais alto; o 1,75 desenvolve torque
similar, só que em rotação mais elevada, e oferece bem maior potência. A
situação é distinta no caso do Linea, em que o motor anterior era o de
1,85 litro e 16 válvulas fabricado pela Fiat argentina. Nele os índices de potência são os mesmos de antes, mas o torque
passou de 18,1/18,6 m.kgf para 18,4/18,9 m.kgf às mesmas 4.500 rpm.
O que isso representa para o desempenho e o consumo? Considerando o uso de álcool, o Palio teve queda mínima em velocidade máxima, de 191
para 190 km/h, e na aceleração de 0 a 100 km/h, de 9,2 para 9,3
segundos. Se o esperado era redução de consumo, ela não se confirmou: os
mesmos 8,4 km/l em cidade e perda de 11,3 para 10,9 km/l em estrada.
Já na Palio Adventure houve ganho importante em máxima, de 174 para 184 km/h,
e no 0-100, de 11,5 para 10,5 s, enquanto o consumo cresceu bem pouco na
cidade (de 8,4 para 8,3 km/l) e um pouco mais na estrada (de 11,5 para
11,0 km/l). Quanto ao Linea, registra algum progresso em máxima, de 188
para 192 km/h, e em aceleração, de 10,5 para 9,9 s; o consumo urbano
aumentou de 8,1 para 7,7 km/l e o rodoviário é quase o mesmo, de 10,8
para 10,7 km/l.
Nossa avaliação começou pelo Palio Essence 1,6, com câmbio manual e com
o automatizado Dualogic. De certo modo, o novo motor recupera o tempero
esportivo do antigo 1,6 16V usado entre 1996 e 2003 no modelo: em vez de
um torque elevado em baixa rotação como na unidade da GM, fornece
agilidade apenas mediana até a faixa de 3.000-3.500 rpm, quando então
ganha fôlego, fica mais presente e ganha giros com facilidade. Os níveis
de ruído e vibração são contidos.
Na Palio Adventure Dualogic, no Strada Adventure de
cabine estendida e no Linea Absolute, o motor de 1,75 litro mostra bom
desempenho, mas nada extraordinário levando-se em conta os 132 cv. Bem mais pesados e — no caso dos Adventures — com o
agravante da ampla área frontal, esses modelos fazem o mais potente
E-Torq parecer apenas justo, sem causar entusiasmo. Como no 1,6, é
preciso recorrer a rotações de média para alta para obter agilidade. No
caso do Linea, a sensação ao dirigir é muito semelhante à do antigo com
motor argentino.
E isso foi tudo, já que no restante — do visual às suspensões — os
carros são os mesmos de antes, salvo pelos logotipos alusivos ao motor
na traseira. Continua |