Jeito de médio, preço de compacto

Clique para ampliar a imagem

A invasão chinesa ganha um bom representante: o Chery Cielo, com hatch
e sedã que trazem bom conteúdo, mas precisam passar por uma dieta

Texto: Fabrício Samahá e Geraldo Tite Simões - Fotos: divulgação

Clique para ampliar a imagem

Clique para ampliar a imagem

O desenho de Pininfarina deixou o Cielo com linhas arredondadas e agradáveis; note as maçanetas ocultas e duas saídas de escapamento

Clique para ampliar a imagem

Clique para ampliar a imagem

O sedã mede só 7 cm mais que o hatch e tem o mesmo preço, mas seu espaço de bagagem não convence: 395 litros, próximo ao do Classic

Clique para ampliar a imagem

Painel simples e algumas falhas de acabamento, compensados por um espaço superior ao dos nacionais de preço similar e pelo bom conteúdo

Depois de pequenos veículos comerciais, do compacto monovolume Effa M100 e do utilitário esporte Chery Tiggo, a expansão das marcas chinesas no mercado nacional continua com o modelo Cielo da mesma Chery. Chamado de A3 nos demais mercados, aqui ganhou outro nome — escolhido em um concurso de público e que significa céu em italiano — para evitar a coincidência com o médio da Audi. Como em tudo que vem da China, o primeiro atrativo é o preço: R$ 41.900 em pacote único de equipamentos, seja em carroceria sedã de quatro portas ou em hatch de cinco, com motor de 1,6 litro a gasolina e câmbio manual. A opção de caixa automática de quatro marchas está prevista para ainda este ano.

Pacote esse que surpreende pelo preço: ar-condicionado, direção assistida, controle elétrico dos vidros, travas e retrovisores, ajuste de altura do volante, controle remoto de travamento e sua operação automática em movimento, rádio/toca-CDs com MP3 e entrada USB, bolsas infláveis frontais, freios a disco nas quatro rodas com sistema antitravamento (ABS) e distribuição eletrônica de força entre os eixos (EBD), faróis de neblina e luz traseira para o mesmo fim, sensores de estacionamento traseiros e rodas de alumínio de 16 pol (estepe incluído), tudo de série. Inesperada é a falta de limpador do vidro traseiro no hatch (que aparece com ele numa foto de mercado externo). Pelo preço e pelo motor, os Cielos devem competir com os pequenos nacionais, mas seu porte está a meio caminho para os médios — a distância entre eixos de 2,55 metros, por exemplo, equivale à do Honda City, supera a do Golf e está pouco atrás das de Corolla, Astra, C4 e 307. Curioso é o sedã medir só 7 cm a mais em comprimento que o hatch, quando o usual é pelo menos o dobro.

Para quem ainda não conhece a Chery, trata-se do maior fabricante independente da China — ou seja, não associado a marcas estrangeiras —, fundado em 1997 e que produziu mais de 500 mil veículos no ano passado. Com o veloz crescimento da indústria daquele país, que já assumiu a liderança mundial em produção, a empresa estatal espera dobrar esse número já este ano. No Brasil, onde estreou em agosto do ano passado com o Tiggo, a marca tem 33 concessionárias e deve inaugurar mais 28 até o fim do ano. A previsão é de vender 2.000 Cielos em 2010, sendo 70% de hatches. Para combater o receio de alto custo e dificuldade de manutenção, tem sido feito o desenvolvimento por fornecedores brasileiros de alguns itens de alto giro como velas, pastilhas de freio, filtros e vidros. A garantia é de três anos. Mais tarde o motor será flexível em combustível, o que ainda não foi feito porque a empresa fornecedora, no Brasil, pediu maior prazo para terminar o desenvolvimento.

O Cielo não quer ser apenas barato: a Chery sabe que estilo ajuda muito a vender carro, sobretudo no Brasil, e recorreu ao renomado estúdio italiano Pininfarina para desenhar o modelo, que mostra linhas atuais e agradáveis, embora as formas arredondadas tenham certo jeito de década de 1990 e façam lembrar — sobretudo de lado — carros da época como o Renault Mégane de primeira geração. Detalhes interessantes são as lanternas traseiras com bom efeito visual em ambas as versões, repetidores laterais das luzes de direção integrados aos frisos das portas, duas saídas de escapamento funcionais (uma de cada lado, saindo do mesmo silenciador traseiro) e maçanetas discretas nas colunas de trás para dar sensação de haver só duas portas, solução já vista no Alfa Romeo 156 de 1998 e mais tarde na perua Peugeot 206/207 SW. Algo estranha é a terceira luz de freio do hatch, montada numa saliência no teto. Os pneus 205/55 R 16 são claramente uma opção estética, pois o motor usado não requer tanta borracha no solo.

É boa a posição de dirigir, que melhoraria com ajuste do banco em altura e do volante também em distância, e os bancos muito confortáveis trazem apoios laterais envolventes e um curioso encosto de cabeça de grandes dimensões. O espaço interno é ótimo se comparado ao dos pequenos nacionais, mérito também da carroceria larga, embora não muito alta (1,46 m), e há até luzes de cortesia nas portas, item quase extinto por aqui. A qualidade de construção e o acabamento — sempre alvos de dúvida nos produtos chineses — estão no padrão de um carro de entrada brasileiro: algumas peças se encaixam mal, notam-se certas ondulações na forração do painel e sente-se entrada de vento mesmo com tudo fechado. Os encaixes são bons nas peças mais visíveis, mas por baixo do painel percebem-se peças desalinhadas. Continua

Clique para ampliar a imagem Clique para ampliar a imagem
Faróis (com duplo refletor) e lanternas têm bom efeito visual e há unidades de neblina; estranha é a terceira luz de freio do hatch em uma saliência

Avaliações - Página principal - Escreva-nos - Envie por e-mail

Data de publicação: 29/5/10

© Copyright - Best Cars Web Site - Todos os direitos reservados