Saiba como anunciar

Clique para ampliar a imagem

Clique para ampliar a imagem

No interior, o bom gosto no acabamento de couro contrasta com a falta de itens básicos de conforto e com a precária posição do motorista

Simplicidade fiel ao original: portas sem vidros e exíguo espaço para objetos na frente, onde a tampa não tem vareta de sustentação

O motor boxer de 57 cv é suficiente para a proposta do carro, mas a ancoragem do cinto precisa ser revista: representa risco aos ocupantes

Esse compartimento, onde também fica o estepe, tem espaço ínfimo para objetos e não possui fechadura, sendo aberto por botão no interior, assim como a tampa do motor. Porta-objetos, só mesmo as bolsas das portas... ou atrás dos bancos. As maçanetas internas são as dos antigos Fuscas e o painel inclui conta-giros, termômetro de óleo e hodômetro parcial. Agradável é o volante de três raios metálicos com aro de madeira.

Os bancos de tipo concha são reguláveis somente em distância e não contam com encostos de cabeça, como se espera do Speedster. Os ocupantes sentam-se perto do assoalho e seu conforto é razoável, mas não a posição do motorista: o banco está mais à esquerda que o volante (também muito próximo do assento), e os pedais, bem mais à direita e muito próximos do banco. Esses pedais são articulados do assoalho, como no Fusca, e o do freio exige mais esforço que num carro atual por não haver assistência. Com capota fechada há espaço aceitável para ocupantes de 1,75 metro de estatura.

Em uma concessão aos tempos modernos, a Chamonix aplicou cintos de três pontos, mas o fez de maneira perigosa: a ancoragem interna, por um braço longo e mole, leva a faixa subabdominal a subir até o abdômen quando o cinto é colocado, expondo os ocupantes a sérios riscos em caso de colisão. A solução para o problema, que já teve bom tempo para ser tomada, é adotar uma ancoragem firme e mais curta. Outro ponto a ser revisto: ambos os retrovisores externos, circulares e pequenos, têm espelho plano. Se o esquerdo já mostra pouco, o direito não passa de enfeite. Adotar lente convexa os tornaria bem mais úteis.

Motor dá conta   O Speedster não lembra o Fusca apenas nos itens internos, mas também ao ser dirigido. O conhecido ruído do quatro-cilindros opostos "a ar" está bem presente, associado ao sons de aspiração e exaustão produzidos por filtro de ar e escapamento esportivos, na ordem, que passam a sensação de um motor mais potente. Não é verdade: são apenas 57 cv (65 cv brutos, como informado pela empresa) na unidade com injeção eletrônica multiponto que a Kombi usava antes de passar ao 1,4-litro refrigerado a água.

E quer saber? Não precisa de mais, pois a proposta é passear e não correr. Muito leve (680 kg), o 356 acelera com desenvoltura e sua velocidade máxima pode ser estimada em 160 km/h. Poderia acompanhar muito bem o trânsito rápido se ele mesmo, com seu estilo próprio, não fizesse o tráfego diminuir a velocidade para vê-lo passar. O câmbio de quatro marchas tem engates relativamente precisos, mas a posição baixa do motorista deixa a terceira um tanto longe. A estrutura, baseada em chassi tubular da própria Chamonix com tubos de 75 mm de diâmetro, mostra boa rigidez à torção e a suspensão firme não chega a incomodar.

É claro que a mecânica do Fusca impõe restrições, como a suspensão traseira por semi-eixos oscilantes, com sua conhecida variação de cambagem durante o curso de trabalho, que pode levar a escapadas repentinas em curvas mais rápidas — em contrapartida o 356 está bem servido de pneus, 185/60-15. Ou a direção não muito precisa, embora tenha peso razoável (não é assistida, naturalmente) e relação rápida. Ou mesmo os freios sem servo, algo pesados, mas que dão conta do recado.

Mas esses poréns desaparecem como por encanto quando se sai de capota aberta para uma estrada tranqüila, onde se possa passear na faixa de 60 a 80 km/h, a melhor para o Speedster — abaixo dela ouvem-se muito os ruídos mecânicos, acima disso o vento que passa sobre o pequeno pára-brisa chega à testa mais forte do que se gostaria. Nesse tipo de uso, a impressão ao andar dentro de um mínimo de carroceria, com pouco carro à frente e quase nada atrás, lembra mais a de uma moto que a de um automóvel atual. Nem mesmo os conversíveis de hoje, com amplo pára-brisa próximo da cabeça, chegam perto dessa sensação de liberdade.

Resgatar o espírito de outros tempos é mesmo o forte deste Chamonix, e não só pela fidelidade às linhas de um belo Porsche dos anos 50. É pena que custe tão caro, em parte pela produção em pequena escala: R$ 63.100 são demais por um carro tão simples na mecânica e nos itens de conforto. Mas, a quem se interessar mesmo por um, não faz diferença que esse preço compre um bom sedã médio com toda a comodidade. Quando chegar o fim de semana e o sol brilhar, é o Speedster que sairá da garagem para dar vazão a agradáveis sensações hoje um tanto esquecidas.

 
Ficha técnica
MOTOR - traseiro, longitudinal, 4 cilindros opostos; comando no bloco, 2 válvulas por cilindro. Diâmetro e curso: 85,5 x 69 mm. Cilindrada: 1.584 cm3. Taxa de compressão: ND. Injeção multiponto. Potência máxima: 57 cv a 4.200 rpm. Torque máximo: 11,4 m.kgf a 2.600 rpm.
CÂMBIO - manual, 4 marchas; tração traseira.
FREIOS - dianteiros a disco; traseiros a tambor.
DIREÇÃO - de setor e sem-fim, sem assistência.
SUSPENSÃO - dianteira, independente, braços arrastados; traseira, independente, semi-eixos oscilantes.
RODAS - 15 pol; pneus, 185/60 R 15 H.
DIMENSÕES - comprimento, 3,885 m; largura, 1,66 m; altura, ND; entreeixos, 2,10 m; capacidade do tanque, 40 l; porta-malas, ND; peso, 680 kg.
Dados do fabricante; ND = não disponível; desempenho e consumo não fornecidos

Página principal - Escreva-nos

© Copyright - Best Cars Web Site - Todos os direitos reservados - Política de privacidade